_Privacidade

Documento: Os geeks que fazem vigilância no FBI temem e amam novos gadgets

Mal pode esperar para o 4G se tornar o padrão onipresente para as comunicações móveis? Está ansioso para o anuncio do projeto secreto Menlo e do Greenfield da Microsoft? Você não é o único a acompanhar o crescimento destas e de outras novas tecnologias com bastante empolgação. De acordo com um documento interno do FBI (.pdf), […]

Mal pode esperar para o 4G se tornar o padrão onipresente para as comunicações móveis? Está ansioso para o anuncio do projeto secreto Menlo e do Greenfield da Microsoft? Você não é o único a acompanhar o crescimento destas e de outras novas tecnologias com bastante empolgação. De acordo com um documento interno do FBI (.pdf), a agência de investigação dos EUA tem um enorme interesse em avaliar cada nova tecnologia pelas suas possibilidades de vigilância e desafios.

O FBI teme, por exemplo, que o 4G irá exigir às agências “lidar com uma quantidade de dados significativamente maior do que nas atuais interceptações de redes sem fio,” de acordo com o documento. “Supervisionar o fluxo de dados é complicado pela falta de buffer ou requisitos confiáveis para a entrega. … Essa quantidade maior de dados pode colocar bastante ênfase em filtrar os dados para identificar um conteúdo específico.”

Para interceptar VoIP ou tráfego de Voz sobre IP, nesse ambiente, “os pacotes de voz irão precisar ser extraídos do fluxo de pacotes quase em tempo real,” afirma o documento.

A informação aparece no Emerging Technologies Research Bulletin, um boletim informativo interno produzido pela Divisão de Tecnologia Operacional do FBI. A edição de 84 páginas com o titulo de Tecnologias Wireless está com a data de Março de 2011 e está marcada como o primeiro de oito volumes do que parece ser uma publicação trimestral.

O documento foi obtido pela Federação de Cientistas Americanos através de um pedido de Ato da Liberdade da Informação (FOIA). Os documentos não confidenciais são uma cartilha acessível de todas as mais recentes tecnologias wireless, presumivelmente para ajudar os engenheiros do FBI inventem estratégias para contornar todos os obstáculos para a vigilância que as tecnologias podem representar. Cada sessão sobre uma tecnologia inclui uma discussão dos potenciais desafios para a vigilância, mas a maioria dessas discussões foram apagadas antes do FBI liberar o documento. O documento fala sobre a neutralidade da internet, 4G, Wi-Fi pública, serviços de anonimato como o Tor, armazenamento na nuvem e serviços de compartilhamento de arquivos como o Dropbox, SpiderOak e SugarSync.

Um problema da comunicação VoIP em uma rede 4G, segundo o FBI, surge a partir dos túneis que são usados entre as redes durante a transferência do tráfego de IP conforme ele é transmitido. “Túneis dentro de uma rede aumentam a complexidade de soluções de interceptação legal (LI),” conforme o boletim. Os desafios apresentados por túneis incluem “dificuldade de identificar o tráfego de um usuário em particular (ex.: pode ser necessária uma inspeção mais profunda dos pacotes), acessar o conteúdo de um túnel no seu ponto final, e o uso de criptografia dentro dos túneis.”

Outras maneiras que o 4G poderia afetar a interceptação ainda não estão claras, o documento afirma, porque os padrões ainda estão em desenvolvimento e os planos do fornecedor para implantar a tecnologia “não são conhecidos em detalhes.”

Por outro lado, o FBI parece estar animado sobre as novas oportunidades para vigilância e coleta de evidências que o novo aplicativo Greenfield da Microsoft pode fornecer. Greenfield é, segundo relatos, um sistema de “navegação baseada em atividade” do Microsoft Research que irá ser capaz de rastrear os movimentos do usuário de um telefone através de um conjunto de sensores no telefone celular, permitindo que a trilha seja rastreada em ambientes fechados, onde o rastreio do GPS não alcança.

Os sensores incluem um acelerômetro, uma bússola e um sensor barométrico de pressão para medir altitude. Usando os dados coletados por estes, o Greenfield irá evidentemente ser capaz de rastrear os passos do usuário e até mesmo contar os andares que o usuário subiu ou desceu de escada ou elevador. O app irá guardar os dados para que o usuário possa refazer seus passos e achar um carro que não lembra onde deixou no estacionamento ou transmitir isso para alguém para ajudar um andarilho em um lugar ermo, por exemplo, e guiar o resgate para a sua localização precisa.

Entretanto, esse tipo de informação pode também ser usada pelos agentes da lei para rastrear os movimentos de um suspeito. “Esse tipo de dado é ótimo para condenar pessoas e ótimo para absolver pessoas,” de acordo com uma notícia que os documentos do FBI citam.

Existe também uma descrição fascinante de um dispositivo chamado Slurp (veja abaixo) que foi desenvolvido por um ex-aluno do Laboratório de Mídia do MIT. O dispositivo se assemelha a um conta-gotas grande e usa portas infravermelhas para permitir que um usuário facilmente extraia ou injete dados de um dispositivo para o outro. O usuário toca o conta-gotas em um arquivo na tela do computador para puxar o arquivo, e então aponta para um segundo dispositivo enquanto aperta o conta-gotas para passar o arquivo.

http://www.youtube.com/watch?v=ICAUOwpeecI

Já que o dispositivo é pequeno e o seu design é tão acima de suspeita, o documento nota, o “ato de captar ou transferir dados pode passar despercebido.”

O documento também discute “redes de área humana” (HAN) tecnologias que usam o corpo humano como um transmissor de rede, que pode se provar um útil substituto para o velho método de dar uma leve esbarrada em outro espião para passar algo sem ser notado.

“No futuro, ligações convencionais por voz e métodos de transferência de dados podem não ser mais necessários para passar informações para uma pessoa ou dispositivo,” afirma o documento do FBI. “Dispositivos que são baseados em tecnologia HAN permitem que pessoas se comuniquem e iniciem tarefas com um simples aceno, batida de leve no braço, ou colocando a mão sobre um sensor.”

Em um show de ironia, o documento tem uma visão meio dura sobre outra tecnologia de ponta: uma patente da Apple por um dispositivo de segurança que usa reconhecimento facial e de voz para desligar um iPhone ou seus dados se o dispositivo detectar que a pessoa usando não seja o seu dono legítimo. O FBI chama o conceito da Apple de “algo com jeito de Big Brother”

Foto do HTC 4G por Jon Snyder/Wired.com

Wired.com tem expandido a consciência coletiva com tecnologia, ciência e cultura geek desde 1995.

 

Sair da versão mobile