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Dormindo com o inimigo: A Microsoft precisa criar apps para iPhone

O produto mais impressionante da Microsoft foi cancelado antes mesmo de existir oficialmente. O seu incrível serviço de música causa mais indiferença que adoração. A Microsoft sequer está no mercado móvel nesse momento. Redmond, nós temos um problema.

O produto mais impressionante da Microsoft foi cancelado antes mesmo de existir oficialmente. O seu incrível serviço de música causa mais indiferença que adoração. A Microsoft sequer está no mercado móvel nesse momento. Redmond, nós temos um problema.

O tablet Courier foi descoberto e abortado de forma sanguinolenta. O Zune, um aparelho que, apesar de ser fantástico, sofre de bullying e indiferença dos seus coleguinhas que estão há mais tempo no mercado. A Microsoft, a companhia mais famosa de software do mundo, saiu efetivamente do mercado de smartphones no ano passado enquanto preparava o Windows Phone 7, permitindo que a Apple e o Google ganhassem muito terreno no novo mercado. É uma triste junção de eventos para a empresa.

Mas a situação pode ser corrigida. A Microsoft só precisa voltar a agir como uma empresa de software. Sabe todas as coisas impressionantes que a Microsoft criou – como o Courier e o Zune – e coisas-não-necessariamente-impressionantes (Office)? Ela deveria desenvolvê-los para outras plataformas. Em outras palavras, o Courier deveria ser um aplicativo para iPad e para o Windows Phone (ou tablet?). O Zune deveria ser um aplicativo para iPhone, Android, webOS e Windows Phone. Por que ainda não existem aplicativos oficiais do pacote Office para iPhone e BlackBerry?

Então por que a Microsoft deveria entregar suas melhores criações para as plataformas inimigas? Este é o modelo do Kindle, seus bestas. O iPad é o melhor amigo e inimigo do Kindle. Mesmo o iPad sendo um concorrente direto do Kindle, ele é também um ótimo veículo para ler os livros da Amazon. Em vez de encará-lo como o rival a ser batido, a livraria neutralizou a ameaça de forma simples, colaborando com a plataforma concorrente para o seu próprio bem.

O mesmo princípio poderia funcionar para a Microsoft: cooperar com o iOS e o Android para espalhar seus softwares e serviços enquanto constrói o mundo do Windows Phone praticamente do zero. Sendo realista, um usuário atual do iPhone não irá trocar o aparelho por um Windows Phone no mês que vem. Mas se ele encontrar no iPhone um app da Xbox Live que o mantenha sempre conectado à rede e ainda possa usar um app do ZunePass para fazer streaming ilimitado – bem, de repente fica mais fácil cogitar a possibilidade de mudar para a plataforma do Windows Phone. Enquanto isso, uma gama de mais de 100 milhões de aparelhos poderiam usar o Zune e ver quão fantástico ele é, ou 10 milhões de pessoas que poderiam usar o aplicativo do Courier (mesmo como um app de iPad) e começar a se viciar na plataforma. Ah, e veja bem, a Microsoft sabe sim fazer bons softwares.

O Xbox Live, por outro lado, é mais complicado. Ele representa a grande coroa da Microsoft nos dias de hoje. Não há muitos fanboys da Microsoft; mas há muitos fãs do Xbox. Eu adoraria ter a Live no iPhone, como muita gente também gostaria. Mas ele pode ser a grande cartada da empresa no Windows Phone. Por isso talvez seja melhor guardar essa possibilidade. E, novamente, gamers ainda são uma minoria se comparado a usuários de Office, por exemplo.

Ei! Lembra quando a Apple anunciou que o Microsoft Office e o Internet Explorer chegaria aos Macs?

Naquela época, a Apple precisava da Microsoft. Todas as plataformas precisavam, na realidade. A parte ruim foi que a Apple aceitou, como parte do acordo, colocar o Internet Explorer como browser padrão dos Macs. Os usuários se irritaram muito. Mas, nos dias de hoje, o jogo não é tão polarizado em apenas duas empresas.

A dificuldade da Microsoft é que todo mundo – Google, Apple, todos – está usando serviços melhores. Hoje em dia, voltar para as coisas da Microsoft é uma dor; a inércia fica contra você. A Microsoft tem que tornar isso o mesmo ruidoso possível, tão sutil que você possa voltar aos serviços da Microsoft como se nunca tivesse saído deles. Permitir que os usuários usem um ZunePass no iPhone, e o Courier no iPad – conectados de forma brilhante num serviço de nuvem como no KIN (descanse em paz) – é a solução; colocar a Microsoft, e os produtos que ela fez com maestria, nos aparelhos que usamos diariamente.

O iPhone e o iPod touch estão totalmente por cima. Eles têm o timing e o market share, enquanto a Microsoft não tem basicamente nada no momento. Ao mesmo tempo, a Apple manda muito mal com seu iTunes para Windows, criado de uma forma horrivelmente lenta. E, bem, eu não estou usando nenhum dos serviços da Microsoft no momento. Como um monte de gente por aí.

* O artigo faz uma exceção no caso do Internet Explorer

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