Cientistas estão se preparando para eclipse total na América do Sul para estudar melhor o Sol

No mês que vem, um eclipse total do Sol irá passar sobre um pedaço do Pacífico Sul, Chile e Argentina. O mais interessante é que ele passará diretamente sobre um observatório na Cordilheira dos Andes, administrado pela Fundação Nacional de Ciência (NSF), agência governamental dos Estados Unidos independente. Astrônomos e físicos estão preparando os experimentos […]
Uma imagem da coroa do Sol
Uma imagem da coroa do Sol. Crédito: NSO/AURA/NSF

No mês que vem, um eclipse total do Sol irá passar sobre um pedaço do Pacífico Sul, Chile e Argentina. O mais interessante é que ele passará diretamente sobre um observatório na Cordilheira dos Andes, administrado pela Fundação Nacional de Ciência (NSF), agência governamental dos Estados Unidos independente.

Astrônomos e físicos estão preparando os experimentos que planejam fazer durante o eclipse. Assim como com os eclipses passados, esses experimentos focarão na observação do Sol, bem como nos efeitos dos eclipses na Terra.

“Estamos tentando entender como o Sol brilha”, disse Jay Pasachoff, professor de astronomia do Williams College, ao Gizmodo.

Os telescópios do Cerro Tololo não estão preparados para observar o Sol, mas os pesquisadores podem aproveitar a atmosfera dos Andes, assim como a infraestrutura da Fundação Nacional de Ciência, para instalar novos telescópios no topo da cordilheira.

O Observatório Nacional Solar da NSF selecionou cinco equipes que utilizarão o local durante o eclipse. Os pesquisadores estudarão predominantemente a região mais externa e quente da atmosfera do Sol, sua coroa, enquanto uma equipe estudará as mudanças na atmosfera da Terra.

Os eclipses são ferramentas úteis para os físicos solares. Normalmente, a fotosfera produtora de luz do Sol supera em muito a coroa e estudá-la exige experiências projetadas com coronógrafos que bloqueiam a fotosfera. Outra maneira de realizar essas pesquisas é esperar a Lua passar em em frente ao Sol.

Há muitas razões para a coroa ser interessante. Primeiro porque os cientistas ainda precisam entender muita coisa sobre ela. Sabemos que o Sol passa por ciclos de 11 anos de atividade, mas não há uma boa maneira de prever atividades como explosões solares.

Essas explosões de partículas podem prejudicar as redes de energia e até mesmo satélites GPS. A equipe de Pasachoff vai capturar imagens e medir os diferentes comprimentos de onda de luz emitidos pelo Sol, na esperança de validar as previsões sobre como a coroa deve ser.

Os pesquisadores também farão um sobrevoo com um avião através da sombra lançada pelo eclipse para fazer medições, observando como a coroa muda ao longo do tempo. Uma equipe japonesa liderada por Yoichiro Hanaoka no Observatório de Ciência Solar do Observatório Astronômico Nacional também medirá a mudança da coroa ao longo do tempo, com a ajuda de cientistas cidadãos que estarão observando o eclipse ao longo de sua trajetória na América do Sul.

Presumivelmente, outras estrelas também têm coroas com comportamento cíclico, e o Sol nos permite estudar o comportamento de uma estrela de perto, segundo Pasachoff.

Estudar o campo magnético poderia também nos ajudar a compreender melhor as explosões solares, conforme explicou o pesquisador Paul Bryans, da Corporação Universitária para Pesquisa Atmosférica.

Os pesquisadores podem ter mais informações do campo magnético medindo a polarização ou a orientação das ondas de luz em relação à direção em que estão viajando. Eles estão especificamente interessados em um comprimento de onda de luz emitido por certos íons de silício na coroa, e esperam que seja uma característica solar útil para se estudar com um experimento de física solar chamado Telescópio Solar Daniel K. Inouye, ou DKIST.

Eles também estão testando uma câmera portátil para medir a polarização da luz que pode eventualmente ser enviada para o espaço para que ela possa medir o Sol sem que a atmosfera da Terra bloqueie parte da luz, disse Bryans.

O eclipse é útil por outros motivos. Este ano, o Sol está perto do mínimo em atividade – o que significa que a coroa não terá a mesma aparência que teve durante o eclipse de 2017, conforme explicou em um comunicado Shadia Habbal, cientista da Universidade do Havaí, que lidera outro projeto de medição das mudanças da coroa ao longo do tempo.

Um último time, liderado por M. Serra-Ricart, do Instituto de Astrofísica das Ilhas Canárias, na Espanha, analisará os efeitos do eclipse na ionosfera, a camada exterior eletricamente carregada da atmosfera terrestre. Curiosamente, o eclipse de 2017 parecia deixar uma “esteira” de ondas na atmosfera superior, conforme mostrou um estudo, e por isso os cientistas querem saber mais sobre esse efeito e outras potenciais anomalias.

Como em 2017, o eclipse de 2019 na América do Sul terá oportunidades interessantes para a ciência solar. O fenômeno não será visível na América do Norte, Europa, Ásia ou África.

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