Efeito Mounjaro faz baixar preço de Ozempic e Wegovy no Brasil

A Novo Nordisk nega que a redução tenha a ver com a chegada do Mounjaro no Brasil, mas as ações recentes da empresa provam o contrário.
Imagem: X/Reprodução

O Mounjaro chegou há um mês e já fez a Novo Nordisk baixar o preço do Ozempic e do Wegovy — os emagrecedores à base de semaglutida, em farmácias físicas e online no Brasil. Agora, Ozempic e Wegovy, estão entre 10% e 20% mais baratos, de acordo com a concentração da semaglutida no medicamento.

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Além disso, o Rybelsus, a versão oral do Ozempic — ou seja: sem o uso de canetas injetáveis — também ficou mais barato.

A caixa de 0,25 mg de Wegovy e Ozempic, que custava R$ 1.026, agora sai por  R$ 825 no e-commerce e R$ 925 em lojas físicas. Ambos os remédios com dosagem de 0,5 mg custam R$ 963 no e-commerce.

A Novo Nordisk afirma que a decisão de baixar o preço de Ozempic e Wegovy no Brasil visa ampliar o acesso ao tratamento de diabetes e obesidade, além de combater os medicamentos piratas.

Já o Wegovy é o medicamento exclusivo da Novo para tratamento de peso, com administração semanal pelas canetas injetáveis.

O remédio foi a solução para conter a demanda do Ozempic, originalmente para diabetes tipo 2. Mas o potencial de emagrecimento gerou uma enorme demanda, resultando na escassez do remédio nas farmácias.

Aliás, a grande demanda pelo Ozempic foi crucial para a falsificação dos emagrecedores e gerou um uso desenfreado, além da compra sem receitas.

Desse modo, em abril, a Anvisa obrigou a emissão de receita médica em duas vias para os emagrecedores com os princípios ativos das canetas.

A partir do próximo dia 23, as farmácias vão exigir a retenção das receitas dos emagrecedores que ficaram mais baratos. Além disso, as receitas possuem prazo de validade: 90 dias após a data de emissão.

Reajuste dos preços de Ozempic e Wegovy conforme a dosagem. Imagem: Giz Brasil

Mounjaro por trás de Wegovy e Ozempic mais baratos? Novo Nordisk diz que não

A Novo Nordisk ressalta que a decisão da Anvisa “não tem relação com a segurança e eficácia dos medicamentos à base de GLP-1 registrados no Brasil”.

O Mounjaro, da Eli Lilly, principal rival da Novo, chegaria ao Brasil custando mais de R$ 3.000, que seria um alívio para a dinamarquesa.

No entanto, o “Ozempic dos Ricos”, disponível desde maio no Brasil, é mais barato. Conforme publicamos aqui no Giz em abril, o rival dos emagrecedores da Novo chegou às farmácias custando R$ 1.700 na dosagem de 2,5 mg.

A Novo Nordisk, no entanto, não cita o rival como motivo pela decisão de tornar os emagrecedores mais baratos.

“Esse ajuste na nossa política de preços é um passo fundamental para garantir que mais pessoas tenham acesso aos tratamentos necessários para o controle de doenças crônicas”, afirma Isabella Wanderley, gerente geral da Novo Nordisk no Brasil.

Caso você ainda não tenha visto os valores mais baratos nas farmácias, tanto físicas quanto online, é porque o reajuste dos emagrecedores é parte do programa Novo Dia.

O programa facilita o acesso dos pacientes aos medicamentos e estabelece um vínculo maior entre a Novo e as farmácias.

Apesar de não citar o Mounjaro, a Novo Nordisk implementa medidas para recuperar a liderança no mercado de emagrecedores. No Brasil, a empresa gastou US$ 6,4 bilhões na expansão da sua fábrica em Montes Claros (MG) para aumentar a produção de semaglutida.

Em março, a Novo Nordisk comprou a United Biotechnology para adquirir a pesquisa do “Ozempic da nova geração”: um triplo agonista que a Eli Lilly já desenvolve.

Leia mais: Ozempic é coisa do passado? Vem aí novo emagrecedor mais potente

Por fim, os emagrecedores mais baratos ocorrem em meio a uma polêmica transição de liderança na empresa, cujo conselho deliberativo demitiu o CEO Lars Jorgensen após a queda de ações da empresa. Jorgensen, ironicamente, foi o responsável por alavancar a posição da Novo Nordisk como empresa mais valiosa da Europa após o boom do Ozempic.

Após demitir o CEO, a Novo Nordisk anunciou reajustes nas farmácias dos EUA, com os remédios ficando mais baratos também por lá.

De acordo com o Financial Times, a empresa busca por um novo CEO com know-how sobre o mercado dos EUA para liderar a batalha contra a Eli Lilly.

Pablo Nogueira

Pablo Nogueira

Jornalista e mineiro. Já escreveu sobre tecnologia, games e ciência no site Hardware.com.br e outros sites especializados, mas gosta mesmo de falar sobre os Beatles.

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