Anúncio de pré-candidata à presidência dos EUA questionando poder do Facebook é derrubado pela rede

Propaganda da senadora Elizabet Warren, também pré-candidata à presidência dos EUA, fazia objeção ao poder do Facebook sobre a democracia
Scott Eisen/Getty Images

O Facebook removeu propagandas da senadora Elizabeth Warren, pré-candidata à presidência dos EUA, que pediam o desmanche do Facebook e de outras grandes empresas americanas de tecnologia, uma nova questão importante para a campanha presidencial de Warren em 2020.

Esse é o tipo de ironia que só se pode imaginar, provocando o tipo de ultraje sorridente que rapidamente vai além da compreensão nas redes sociais.

A derrubada dos anúncios, noticiada inicialmente pelo Politico, ocorreu na segunda-feira (11) porque eles “violaram nossas políticas contra o uso de nosso logotipo corporativo”, disse um porta-voz do Facebook à repórter do New York Times Cecilia Kang. Depois que a retirada se tornou pública, a empresa rapidamente restaurou os anúncios na noite de segunda-feira, “no interesse de permitir um debate robusto”.

O ex-diretor de publicidade do Facebook Antonio Garcia Marquez explicou no Twitter que a política da empresa tem suas raízes há quase uma década, quando o Facebook foi assolado pelo tipo de anúncio que afirmava falsamente ter endosso do Facebook: “O jogo mais popular do Facebook” e o “aplicativo de busca social oficial do Facebook” eram frequentemente vistos na barra lateral do site.

“Como os usuários eram muitas vezes confundidos pelas unidades de anúncio, houve uma proibição global não só de usar o logotipo, mas também de usar a palavra ‘Facebook’ na cópia do anúncio”, tuitou Garcia Marquez. “Pense nisso: além deste estranho caso de uso do Warren, quem poderia estar usando legitimamente o nome da empresa?”

Dado o crescente debate global em torno da regulamentação e até mesmo do desmembramento de grandes empresas de tecnologia, agora é muito fácil imaginar uma série de casos de uso do nome do Facebook em anúncios do Facebook.

Será que a gigante das redes sociais ajustará suas políticas para refletir a nova realidade? O Facebook não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.

Aqui está um dos anúncios de Warren:

(“Facebook e Google correspondem a 70% de todo o tráfego na internet — se não colocássemos anúncios no Facebook, como esse, não conseguiríamos espalhar nossa palavra pelo país. Mas não é assim que a internet deveria funcionar. Precisamos desmanchar as três grandes empresas de tecnologia que dominam a internet, sufocam a concorrência e influenciam como a nossa democracia funciona. Mas será preciso um movimento de base para fazer isso. Então, se você está comigo, junte-se a nós hoje.”)

“Três empresas têm grande poder sobre a nossa economia e a nossa democracia”, diz outro anúncio de Warren. “Facebook, Amazon e Google. Todos nós as usamos. Mas, em sua ascensão ao poder, elas derrubaram a concorrência, usaram nossas informações privadas para obter lucro e inclinaram o campo de jogo a seu favor.”

Outro ex-funcionário do Facebook, o ex-executivo Alex Stamos, tuitou que o Facebook “precisa quantificar quantos anúncios eles rejeitam por dia por violação de marca registrada” porque “as pessoas supõem que essas decisões são tomadas conscientemente, mas é realmente o resultado inevitável de ter milhares de pessoas levando 12 segundos para clicar em ‘é, isso é um logotipo proibido'”.

Cada um dos anúncios custa menos de US$ 100, de acordo com os detalhes de divulgação da campanha. Esse minúsculo gasto levanta a questão: o anúncio foi retirado intencionalmente? Ser publicamente derrubado pelo Facebook — mesmo que a decisão tenha sido revertida — vai colocar os anúncios em muito maior evidência do que uma campanha de US$ 100 jamais poderia oferecer. Mais importante ainda, a derrubada ilustra o ponto de Warren sobre o poder do Facebook sobre nossa democracia.

Retiradas de anúncios geram uma tonelada de manchetes. No ano passado, a rejeição do Facebook à campanha da senadora republicana Marsha Blackburn gerou polêmica, tuítes, manchetes e citações da campanha sobre “as elites liberais do Vale do Silício censurando ideias conservadoras online”.

O Facebook desculpou-se por aquela retirada também, chamando a decisão de um “erro”.

Quanto à derrubada de seu anúncio, a pré-candidata à presidência dos Estados Unidos respondeu apontando o óbvio: “Curioso sobre por que eu acho que o FB tem poder demais?”, ela tuitou. “Comecemos com a capacidade deles de encerrar um debate sobre se o FB tem poder demais.”

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