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Em caso de bomba nuclear, evite o condicionador de cabelo

Guam é um território americano não incorporado na Micronésia, perto das Ilhas Marianas e no oeste do Oceano Pacífico. A ilha, com 163 mil habitantes e cerca de 550 km², fica a aproximadamente 3.500 km de distância da Coréia do norte e abriga duas bases militares americanas com mais de seis mil homens alocados. Há […]

Guam é um território americano não incorporado na Micronésia, perto das Ilhas Marianas e no oeste do Oceano Pacífico. A ilha, com 163 mil habitantes e cerca de 550 km², fica a aproximadamente 3.500 km de distância da Coréia do norte e abriga duas bases militares americanas com mais de seis mil homens alocados. Há alguns dias Kim Jon-un ameaçou testar mísseis nucleares no território.

O líder da Coréia do Norte já recuou da ameaça e não pretende mais lançar seus mísseis (pelo menos por enquanto). Mas ela foi o suficiente para o governo de Guam emitir panfletos com medidas de segurança para a população, que, além de uma listagem de abrigos de concreto, instruíam aos moradores da ilha não olharem diretamente para a bola de fogo formada pela explosão, que poderia cegá-los, se atirar no chão e cobrir a cabeça com as mãos e… não usar condicionador?

Pois é, e por mais estranhas que essas instruções se pareçam, elas estão corretas e inclusive são as mesmas diretrizes de segurança recomendadas no site do Departamento de Segurança dos Estados Unidos.

É importante evitar condicionador pouca causa das características físicas do cabelo humano, a composição química do produto e as propriedades das partículas radioativas.

Quando uma ogiva explode, uma bola de fogo queima tudo o que ela toca e envia o material queimado para os céus. Tudo é transformado em uma poeira radioativa, chamada de nuclear fallout.  Além de perigosa, ela pode grudar na sua roupa e pele, caso você seja azarado a ponto de estar do lado de fora durante uma explosão.

E essas partículas radioativas podem ser pequenas o suficiente para se prenderem embaixo das escamas dos fios de cabelo.

Andrew Karam, um especialista em segurança de radioatividade, explica ao NPR que um banho com sabão e shampoo é o suficiente para eliminar essa poeira, mas condicionadores têm compostos específicos chamados de surfactantes catiônicos e polímeros. Caso a poeira radioativa entre embaixo das escamas do cabelo, o condicionador puxa essas escamas para deixa-lo liso. “Ele prende as partículas contaminadas dentro dos fios”, explica Karam.

Além disso, os condicionadores podem funcionar como cola para radiação. “Diferente do shampoo, condicionadores são feitos para ficar no seu cabelo”, explica Perry Romanowski, químico de cosméticos. Durante uma explosão nuclear, é melhor ficar longe de produtos de higiene pessoal pegajosos ou oleosos. “Loções ou hidrantes para a pele ou cosméticos coloridos, todos tem óleos e, quando na pele, podem atrair poeira e radiação do ar”.

Karam explica que não se sabe quão danoso pode ser usar condicionar de cabelo após uma explosão nuclear, mas é uma maneira simples de evitar ser contaminado. “Radiação é como trocar uma frauda suja. Ninguém quer vestir uma. Então é só tomar um banho e seguir em frente”, diz.

Na infeliz possibilidade de passarmos por uma guerra nuclear, banho e higiene pessoal podem deixar de serem necessidades básicas e diárias. Entretanto, caso você sobreviva e consiga tomar um bom banho durante este período, evite o condicionador de cabelo. Seu cabelo pode até ficar feio e desengonçado, mas a sua vida agradece.

[NPR]

Imagem de topo: Esther Max/Flickr

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