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Empresas já podem comprar o cão-robô da Boston Dynamics, mas não podem usá-lo para o mal

O Spot está oficialmente à venda – embora não seja qualquer pessoa que possa comprá-lo ainda. O preço pode ser um pouco salgado: US$ 74.500.

Spot, o cão-robô da Boston Dynamics

Gif por Boston Dynamics

Em setembro do ano passado, anos depois de ser anunciado, o cão-robô da Boston Dynamics se tornou disponível para empresas selecionadas, como parte de um experimento para saber como ele se sairia fora dos laboratórios de pesquisa e desenvolvimento. Um ano depois, o Spot está oficialmente à venda – embora não seja qualquer pessoa que possa comprá-lo ainda.

Mais de 150 Spots fora disponibilizados para diversas companhias e locais de pesquisa no ano passado por meio do Programa de Early Adopters da Boston Dynamics, mas somente durante um tempo limitado para que a empresa conhecesse os tipos de uso as organizações adotariam e para obter feedback para melhorias.

Esse período fez com que o Spot ganhasse câmeras para capturar cerca de 5.000 fotos por semana, documentando um grande projeto de construção no Quebec, Canadá; substituísse humanos em inspeções perigosas dos locais de produção de petróleo da AkerBP na Noruega; e ajudando o time CoSTAR do JPL da NASA a ganhar o Desafio Subterrâneo da DARPA (Defense Advanced Research Projects Agency).

Até Adam Savage, co-apresentador do programa MythBusters, colocou as mãos em um Spot, utilizando-o como meio de transporte em um riquixá. Pode não ter sido a aplicação mais prática da tecnologia, mas demonstrou o quão adaptável o cão-robô é e como ele pode ser customizado, reprogramado e adaptado para usos mais domésticos.

https://gizmodo.uol.com.br/wp-content/blogs.dir/8/files/2020/06/spot-cao-robo.mp4

Apesar dessa fase bem-sucedida, a Boston Dynamics ainda não está pronta para disponibilizar o robô para todos. O Spot só estará disponível para compra para “uso comercial e industrial” nos Estados Unidos, embora o Programa Early Adopter continue funcionando nos mercados internacionais.

A empresa também enfatiza que os pedidos estarão “sujeitos aos Termos e Condições de Venda da Boston Dynamics, que exigem o uso benéfico de seus robôs.” Seth Davis, líder de Aplicações de Campo da Boston Dynamics, esclareceu que uma cláusula no acordo “proíbe o uso de robôs de prejudicar pessoas, ou simular prejudicar pessoas”.

Em outras palavras, embora tenhamos postulado os potenciais usos aterrorizantes de muitos dos robôs que a Boston Dynamic tem revelado ao longo dos anos, os termos e condições da empresa exige especificamente que seus clientes apliquem os robôs em tarefas que beneficiem a humanidade, ou demonstrem a capacidade e o potencial do robô para lidar com trabalhos e tarefas que tradicionalmente têm colocado os humanos em perigo.

Assim como muitas tecnologias que utilizamos atualmente (como a internet e o GPS), os militares foram uma das primeiras forças motrizes por trás das inovações robóticas. Ainda faltam muitos anos até que eles marchem em batalha brandindo armas, mas já faz décadas que os robôs são usados como forma mais segura de inspecionar e desarmar bombas, minas terrestres e outros dispositivos incendiários enquanto operadores humanos mantém uma distância segura.

Mesmo um dos antecessores de Spot, o LS3 (Legged Squad Support System), que foi projetado para transportar cargas em terrenos acidentados e difíceis de serem percorridos por veículos de rodas, foi reforçado com um investimento de US$ 10 milhões do Pentágono em 2013. Não há dúvida de que os robôs continuarão a desempenhar um papel ampliado no avanço militar, mas a Boston Dynamics não parece estar confortável em ser o equivalente da Cyberdyne Systems de Hollywood, que foi responsável pelo desenvolvimento dos ciborgues de O Exterminador do Futuro.

É um pouco decepcionante que o Spot ainda não esteja sendo disponibilizado para o público em geral, pois como simples companheiro, ele poderia ser outra opção a cães-robôs, como o Aibo da Sony. Mas a Boston Dynamics também ainda não está pronta para declarar o Spot “amigável ao consumidor”.

Ao classificá-lo como uma ferramenta industrial, há um entendimento de que o robô ainda representa algum risco potencial para os seres humanos, mesmo que seja capaz de evitar esses riscos de forma autônoma. Ainda serão necessários alguns anos de desenvolvimento e refinamento para que o Spot seja considerada um robô amigável para ajudar em casa, mas colocá-lo nas mãos de empresas reais deve ajudar a acelerar isso.

Há também a questão do preço. Se você achava que o Aibo era caro custando US$ 2.900… Bem, o kit de desenvolvimento do Spot Explorer custa US$ 74.500. Preços especiais para educação e empresas (se você estiver comprando mais de um) também estarão disponíveis. Para corporações, se isso significa tornar o trabalho de um funcionário mais seguro, parece uma pechincha.

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