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Enigma: sons de arraia, peixe sem cordas vocais, são gravados pela 1ª vez

Registros feitos na Austrália e Indonésia mostram diferentes espécies do animal emitindo sons similares a um estalo; confira

Imagem em tons de azul foi tirada de um compilado de vídeos que mostra arraias emitindo sons no oceano.

Imagem: Fish Thinkers Research Group/YouTube/Reprodução

Pesquisadores da Universidade Sueca de Ciências Agrárias registraram um momento raro enquanto mergulhavam nos mares da Austrália e Indonésia. Em diferentes vídeos, os cientistas mostraram pela primeira vez ao público arraias produzindo sons. 

Evidências de arraias emitindo qualquer tipo de barulho são bastante limitadas. Até então, o comportamento havia sido observado apenas uma vez em 1970. Na época, pesquisadores conseguiram ouvir os sons de arraias em cativeiro após cutucá-las com força. 

Os vídeos recentes foram gravados pelos coautores do estudo entre 2017 e 2018. Nas gravações, é possível acompanhar o nado das espécies Urogymnus granulatus e Pastinachus ater. O artigo completo foi publicado na revista Ecology.

Peixes sem cordas vocais

As arraias não possuem cordas vocais, o que torna a emissão de som ainda mais curiosa. Nas gravações, é possível ver os espiráculos do animal (fendas que levam água às cavidades branquiais) se contraindo para gerar o clique. 

De acordo com os cientistas, o peixe pode estar criando atrito entre os espiráculos e o tecido em sua volta, fazendo algo parecido com um estalar de dedos. Uma segunda hipótese sugere que as raias estejam formando um vácuo, como ocorre quando os humanos estalam a língua. 

O que leva as arraias a emitirem sons também permanece um mistério. Os pesquisadores avaliaram que estes peixes são capazes de ouvir o ruído que emitem, o que pode indicar que os estalos são usados para comunicação. 

Por outro lado, espécies predadoras de tubarão também podem ouvir o clique. Isso leva os cientistas a acreditarem que o som é usado para espantar ameaças ou notificar outros animais sobre a aproximação do perigo.

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