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Como o novo chefe do Flickr (e ex-Google) dará vida nova ao serviço de fotos

Em sua jornada para trazer o Flickr aos antigos dias de glória, o Yahoo contratou Bernardo Hernández, ex-executivo do Google. Marissa Mayer, chefe do Yahoo, sabe conquistas talentos melhor do que ninguém – e ela fez isso de novo. Hernández será o novo chefe do Flickr, com uma equipe de 100 pessoas, e recebeu uma […]

Em sua jornada para trazer o Flickr aos antigos dias de glória, o Yahoo contratou Bernardo Hernández, ex-executivo do Google. Marissa Mayer, chefe do Yahoo, sabe conquistas talentos melhor do que ninguém – e ela fez isso de novo.

Hernández será o novo chefe do Flickr, com uma equipe de 100 pessoas, e recebeu uma enorme tarefa: disputar espaço contra Instagram, Facebook, Twitter, e toda uma série de outros serviços, e fazer o Flickr reinar sobre eles.

Até então, Hernández era responsável pelo guia Zagat de restaurantes, e antes disso era diretor global do Google para marketing de produto. Agora ele tem um desafio muito diferente: reviver o Flickr em um mundo dominado por Instagram, Facebook, celulares e milhares de apps.

“Agora mesmo estou indo para o escritório. É o meu primeiro dia. Estou bem contente”, disse ele em uma entrevista por telefone com o Gizmodo en Español. Perguntamos sobre seus planos para o Flickr e sobre o futuro do Yahoo, e ele revelou os detalhes no mesmo dia de sua nomeação.

Gizmodo: Por que mudar do Google para o Yahoo?

Bernardo Hernández: É uma evolução profissional. Há oito anos eu cheguei ao Google, e agora começa outra etapa. O Google é uma empresa ótima, mas eu queria um desafio diferente. O desafio de ajudar Marissa Mayer com algumas de suas marcas é de natureza diferente do que eu fiz no Google, porém tão emocionante quanto.

Gizmodo: Você estava negociando há muito tempo a mudança para o Yahoo?

Bernardo Hernández: Passei algum tempo conversando com Marissa, somos bons amigos, mas a oportunidade do Flickr surgiu bem rápido, nas últimas semanas. Eu estava à procura de uma oportunidade onde pudesse ter uma definição clara do desafio. Não queria um trabalho corporativo no Yahoo, e sim algo concreto. O Flickr é um produto que venho usando por muitos anos, e que precisa de ajuda e de uma grande dose de mudança, e me pareceu ótimo.

Gizmodo: Você estava procurando por um desafio fora do Google?

Bernardo Hernández: Não necessariamente fora do Google; eu buscava um novo desafio. Eu tentei fazer isso em várias ocasiões dentro do Google, e todas as oportunidades eram muito parecidas. Era o momento de procurar coisas fora da empresa. Acontece que estar dentro do Google impede você de ver as coisas objetivamente. É uma empresa que trata os funcionários tão bem, e que paga tão bem, que dá tantos recursos para fazer as coisas e abre tantas portas, que é difícil ter objetividade dentro do Google.

Gizmodo: O Google deixou de ser divertido como um local para trabalhar?

Bernardo Hernández: É uma empresa de 60 mil pessoas, juntamente com a Motorola. Ela não é a mesma de 2.800 pessoas na qual entrei. Com exceção de duas ou três pessoas, todos com quem trabalhei nos primeiros anos já foram embora. É diferente, o ambiente é diferente. Mas continua a ser uma empresa extraordinária, talvez uma das melhores empresas na história, se não a melhor.

Gizmodo: Como você recebeu de Marissa Mayer o desafio do Flickr, e a mudança para o Yahoo?

Bernardo Hernández: Quando ficou claro que eu não queria permanecer no Google, liguei para ela diretamente. E a verdade é que me ofereceram um monte de coisas. Eu disse que isso era uma lista muito extensa de opções, e que eu teria problemas para escolher. Agora há muitas oportunidades no Yahoo.

Gizmodo: O Flickr ficou para trás no mundo atual das fotos?

Bernardo Hernández: O ambiente mudou completamente. Há 6-7 anos, o Flickr era quase o único site de fotos, para armazená-las, compartilhá-las, buscar imagens… As pessoas costumavam ir ao Flickr – e não ao Google – para encontrar fotos. O problema é que, desde então, muita coisa aconteceu. Surgiram as redes sociais, a ubiquidade do acesso à web, a explosão do armazenamento… O Flickr antes fazia tudo isso, mas agora não é o líder de nada. O desafio mais importante é a identidade do Flickr. Qual é a sua vantagem competitiva no mundo das fotos? Este é o primeiro trabalho a ser feito. É uma marca extraordinária, uma comunidade maravilhosa. Mesmo fazendo pouco, pode-se revitalizá-lo sem maiores problemas.

Gizmodo: Quais mudanças concretas poderemos ver no Flickr?

Bernardo Hernández: A primeira coisa é saber o que temos. A segunda é definir o posicionamento da marca Flickr de uma forma muito clara. Assim como todos nós sabemos claramente para que servem as fotos no Instagram, no Facebook, no Google+ etc., quero fazer o mesmo com o Flickr. A partir daí, tudo será focado e daí derivaremos as mudanças no produto.

Gizmodo: Essa posição passa pelos dispositivos móveis?

Bernardo Hernández: Certamente. O celular já é uma peça fundamental. Nada que tenha a ver com as fotos pode evitar o tema móvel.

Gizmodo: Marissa Mayer está realizando uma grande transformação à frente do Yahoo, mas parece que ainda não há uma estratégia clara. Ex-funcionários do Yahoo ainda dizem que não veem coerência nas aquisições de empresas, nem nas últimas mudanças. O que você acha?

Bernardo Hernández: É uma tarefa difícil. Eu acho que Marissa está fazendo um trabalho extraordinário, está começando a reviver o Yahoo por onde acho que devemos começar, que é pelo talento. A ideia fundamental de Marissa com o Yahoo é ajudar as pessoas com seus hábitos diários através de ferramentas úteis, tanto para verificar as condições meteorológicas, notícias, esportes… Eu acho que o posicionamento se perdeu ao longo da últimos anos, e agora o temos de volta. O Yahoo também continua a ser um dos principais sites da internet. Eu estou otimista.

Gizmodo: Como você acha que será o Yahoo em 3 ou 5 anos?

Bernardo Hernández: A verdade é acabo de aterrissar. Não tenho uma ideia pronta, nem acho que deveria tê-la.

Gizmodo: E quanto ao Google?

Bernardo Hernández: Eu acho que o desafio para o Google, nas mãos de Larry Page – que além de ser o CEO, é o dono – são as apostas que a empresa está fazendo. Talvez no curto prazo isso possa não ser bem compreendido, mas a médio e longo prazo faz todo o sentido. O Google vai continuar a se concentrar em resolver os principais problemas das pessoas através da tecnologia. Apostas como carros autônomos, balões de conexão Wi-Fi, Google Glass… é muito arriscado, mas certamente deixa claro que o Google aposta alto.

Gizmodo: Você se imagina em pouco tempo tirando fotos com o Google Glass e fazendo upload para o Flickr…

Bernardo Hernández: (Risos) Rapaz, agora temos outras urgências no Flickr… Mas é claro que estou aberto a qualquer integração ou projeto desse tipo.

Fotos por Bernardo Hernández/Flickr (composição por Carlos Zahumeszky) e AP

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