Agência Espacial Europeia lança foguete da missão BepiColombo, que vai estudar Mercúrio

Mercúrio é o melhor planeta, em minha humilde mas muito bem abalizada opinião. Claro, ele pode ser pequeno, rochoso, sem atmosfera, mas como ele acabou ficando desse jeito é uma questão que intriga cientistas. Ele pode ter até mesmo água e carbono, escondidos desde o começo do Sistema Solar. Ontem, cientistas da Agência Espacial Europeia […]

Mercúrio é o melhor planeta, em minha humilde mas muito bem abalizada opinião. Claro, ele pode ser pequeno, rochoso, sem atmosfera, mas como ele acabou ficando desse jeito é uma questão que intriga cientistas. Ele pode ter até mesmo água e carbono, escondidos desde o começo do Sistema Solar. Ontem, cientistas da Agência Espacial Europeia (ESA) e da Agência de Exploração Aeroespacial Japonesa (JAXA) lançaram uma missão que pode descobrir alguns dos segredos desse astro misterioso.

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BepiColombo é a primeira missão para Mercúrio da ESA, e talvez uma sequência para a muitíssimo bem-sucedida missão Messenger, que terminou em 2015. O BepiColombo compreende duas naves espaciais, o Orbitador Planetário de Mercúrio (MPO, na sigla em inglês) e o Orbitador Magnetosférico de Mercúrio (MMO, também na sigla em inglês), cada um carregado com instrumentos que medirão o campo magnético do planeta, sua composição química, como a gravidade do Sol é sentida e muito mais.

O foguete-lançador europeu Ariane 5 carregando as duas sondas foi lançado na noite de sexta-feira de uma base na Guiana Francesa. Ele deve levar sete anos para chegar a seu destino, percorrendo 9 bilhões de quilômetros.

“Ele tem um conjunto fantástico de instrumentos” diz Timothy Yeoman, professor da Universidade de Leicester, no Reino Unido, ao Gizmodo. “Não há nenhum comprometimento no projeto da missão.”

Mercúrio é realmente misterioso. O planeta é extremamente denso, com um enorme núcleo cheio de ferro, que corresponde a uma grande porcentagem do planeta como um todo, muito maior que a proporção do núcleo da Terra para a Terra inteira, por exemplo. Isso significa que Mercúrio se formou em algum outro lugar no Sistema Solar e migrou para dentro? Ou era um planeta muito maior até perder alguma parte da superfície por causa de impacto considerável? Isso ainda não está claro.

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Calma que tem mais coisa. Mercúrio gera seu próprio campo magnético, e ele é bastante confuso. Ele tem uma única e enorme placa tectônica. Ele também está, aparentemente, encolhendo. Por causa da falta de atmosfera e do interior cheio de cavidades, há lugares cheios gelados onde a superfície nunca viu o Sol, nos quais, aparentemente, há água em estado sólido. A Messenger encontrou evidências de que o planeta está coberto por carbono. E a órbita do planeta, que muda sua orientação mais rápido do que havia sido previsto, ofereceu as primeiras provas da teoria da relatividade geral de Einstein. Atualmente, os cientistas usam o planeta para testar os limites dessa teoria.

Os cientistas da BepiColombo querem se aprofundar em todos estes pontos com 16 instrumentos divididos nas duas espaçonaves. No caminho, ela vai até mesmo fazer algumas medições da atmosfera de Vênus, sua estrutura interna e sua interação com o Sol.

O foguete foi lançado na noite passada, e usará as gravidades da Terra, de Vênus e de Mercúrio como assistentes em sua jornada de sete anos ao planeta rochoso. A missão chegará em uma alta órbita de Mercúrio, onde o Orbitador Magnetosférico de Mercúrio, da JAXA, vai assumir sua posição. Então, o Orbitador Planetário de Mercúrio, da ESA, vai ficar em uma órbita mais baixa, de onde vai captar imagens da superfície do planeta.

A nova sonda melhora vários aspectos de sua antecessora, a Messenger, diz Sean Solomon ao Gizmodo. Solomon é diretor do Observatório Terrestre Lamont-Doherty, da Columbia, e o principal pesquisador da Messenger. “Com a BepiColombo, haverá duas espaçonaves em vez de uma só. Elas estarão em órbitas com cobertura aproximadamente comparável aos hemisférios norte e sul, e as duas, em conjunto, carregam muito mais instrumentos que a Messenger.”

Solomon também explica que a BepiColombo vai melhorar muito no mapeamento da composição da superfície do planeta, dos campos de gravidade, topografia e sedimentos polares, especialmente no hemisfério sul, que foi mais difícil de caracterizar com as órbitas excêntricas da Messenger. Ele também fará imagens melhores dos tipos de minerais na superfície de Mercúrio, e estudará certos aspectos do campo magnético do planeta com mais autoridade, já que contará com dois orbitadores em posições diferentes.

Assim como a sonda solar Parker, que está atualmente a caminho do Sol, a BepiColombo traz novos isolamentos desenvolvidos para se proteger da radiação solar. Isso terá um papel crucial no futuro Orbitador Solar da ESA.

Espero que você esteja convencido de que a BepiColombo é uma missão que vale a pena acompanhar. No fim das contas, ela não aumentará apenas nossa compreensão sobre Mercúrio. Ela pode também revelar segredos sobre a história do nosso Sistema Solar e dar um entendimento mais profundo sobre a gravidade.

Imagem do topo: Ilustração artística da chegada da BepiColombo a Mercúrio. Créditos: ESA/ATG medialab; NASA/JPL

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