Especialista em saúde acha que é melhor não ter Olimpíadas agora por causa do vírus zika

Jogos Olímpicos marcados para agosto podem piorar a situação do surto do vírus zika que já atinge mais de 50 países, defende o biólogo Amir Attaran.

O professor e biólogo canadense Amir Attaran escreveu um artigo para o Harvard Public Health Review nesta semana sugerindo que os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro sejam adiados, ou levados para outra parte do mundo. O motivo? A epidemia do vírus zika no Brasil.

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Em agosto, durante as Olimpíadas, o Brasil deve receber cerca de 500.000 turistas de todas as partes do mundo. Não é nem um pouco seguro que isso seja feito em meio a uma epidemia como a do zika, defende Attaran. Ele lista cinco motivos para que outro lugar receba o evento, ou que ele seja adiado até que a crise do zika seja solucionada por aqui.

Em primeiro lugar, o Rio de Janeiro é o estado brasileiro mais afetado pelo surto do zika. Só por lá são 26.000 suspeitas de zika, segundo dados oficiais do Ministério da Saúde divulgados em fevereiro citados pelo biólogo. Como o vírus está diretamente vinculado a casos de microcefalia em bebês, e também pode estar ligado à doença Guillain-Barré que pode causar até paralisia em adultos, colocar tanta gente em um lugar com surto do vírus pode ser bastante perigoso.

Segundo, ele diz que, por mais que o vírus zika seja conhecido há mais de 70 anos, a estirpe do vírus do atual surto é muito mais perigosa do que a de décadas atrás.

Outro motivo listado por Attaran: sugerir a mudança é o fato de que, por mais que seja inevitável que o vírus em algum momento se espalhe pelo resto do mundo, não é por isso que devemos apressar a sua disseminação. As centenas de milhares de turistas que visitarem o país durante as Olimpíadas podem acabar levando o vírus para seus países, piorando ainda mais a situação que já não é nem um pouco boa – atualmente, mais de 50 países já contam com casos de infecção causada pelo zika.

Assim chegamos ao quarto motivo: acelerar a disseminação da doença pode dificultar ainda mais a já difícil tarefa de pará-lo, seja com o desenvolvimento de drogas antivirais, vacinas, inseticidas ou o que for.

Por fim, Attaran diz que a realização dos Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro, mesmo com esse cenário de surto do zika, vai contra a responsabilidade social defendida pelo Comitê Olímpico Internacional (COI). Por mais que a maioria dos turistas que devem vir ao Brasil em agosto sejam endinheirados e provavelmente teriam como se tratar da doença, não se sabe o que pode acontecer quando eles voltarem para casa e o vírus infectar pessoas mais pobres e com menos acesso aos serviços de saúde.

Até agora, o COI não deu indício nenhum de que considera a possibilidade de não realizar as Olimpíadas por aqui em agosto. Em resposta ao artigo de Attaran, o COI disse que mantém tudo como está e não há a possibilidade de nenhuma mudança – Richard Budgett, diretor médico do COI, disse à BBC que está sendo “aconselhado por especialistas que nos dizem que a situação vai melhorar nos próximos meses.”

[Harvard Public Health Review via The Verge]

Foto por James Gathany/PHIL/CDC.

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