Agência de espionagem britânica está guardando emails e chamadas telefônicas de todo mundo
Graças a mais documentos secretos vazados por Edward Snowden, o The Guardian agora diz que a agência de espionagem britânica tem se aproveitado de cabos de fibra ótica transatlânticos para ter acesso a tudo, desde emails e mensagens do Facebook a histórico de busca na internet e até telefonemas, que são reunidos de forma indiscriminada. E eles também estão compartilhando isso com a NSA.
A agência britânica em questão, o Escritório de Comunicações Governamental (GCHQ, na sigla em inglês), é o equivalente à NSA para o Reino Unido, mas, devido à extensão dos dados que estão coletando, eles não possuem “recursos” para analisá-los por conta própria. Eis o que diz o Guardian:
A escala ambiciosa da agência é refletida nos títulos dos seus dois principais componentes: Dominando a Internet e Exploração Global de Telecomunicação, com objetivos de coletar o maior tráfego online e de telefone possível. Tudo isso está sendo feito sem nenhuma forma de reconhecimento público ou debate.
Mas mesmo que eles não consigam analisar as informações imediatamente, a capacidade de coletar todos esses dados globais fez com que ela se tornasse uma “inteligência superpoderosa”, explica o Guardian:
Em 2010, dois anos após o início do projeto, ele se vangloriava de ter “o maior acesso à internet” entre os membros de uma aliança de espionagem eletrônica que envolvia EUA, Reino Unido, Canadá, Austrália e Nova Zelândia.
E se os metadados coletados pela NSA pareciam preocupantes, você provavelmente não vai ficar feliz em saber que a GCHQ “produz quantidades maiores de metadados do que a NSA”, de acordo com funcionários do governo britânico. Então como alguém começa a tentar separar esse tipo de dados? Bem, felizmente para a GCHQ, além dos seus próprios 300 analistas, eles contam com o apoio de 250 amigos emprestados pela NSA.
Para pegar os dados que passam pelos cabos, a GCHQ anexou sondas de interceptação em alguns pontos de cabos de fibra-óptica (em solo britânico) para que eles consigam pegar todos os dados de telefones e servidores nos EUA. E tudo isso foi feito em acordo com “parceiros interceptados” – em outras palavras, corporações comerciais. Mas só porque eles têm acesso a tudo isso não significa que eles estejam lendo os dados. Como uma fonte anônima de inteligência explicou ao The Guardian:
Na essência, nós temos um processo que nos permite selecionar um pequeno número de agulhas em um palheiro. Não estamos olhando para tudo. Existem alguns gatilhos que permitem descartar ou não examinar um monte de dados, então você está olhando apenas para agulhas. Se a sua a impressão é de que estamos lendo milhões de emails, não estamos. Também não temos a intenção neste programa para observar o tráfego doméstico do Reino Unido – britânicos conversando entre si.
Durante o verão de 2011, mais de 200 “pontos de interceptação” foram criados e carregavam dados a 10 gigabits por segundo. Para colocar isso em perspectiva, mesmo se uma lista de alvos individuais fosse requisitada, como os advogados do GCHQ dizem, seria impossível conseguir separar os dados de “uma lista infinita que não dava para gerenciar”.
Além disso, a GCHQ tem a capacidade de armazenar grandes quantidades de conteúdo por três dias e metadados por até 30 dias, e eles poderiam observar os dados de civis inocentes durante esse tempo. O projeto, com nome interno de Tempora, já dura cerca de 18 meses.
No entanto, “uma fonte com conhecimento de inteligência” alega que os dados foram coletados em termos legais. Mesmo que isso se prove verdade, o fato de que nãso apenas os Estados Unidos e o Reino Unido estão coletando juntos os dados, mas eles também estão fazendo isso arbitrariamente e em quantidade massiva bastante perturbador. E a GCHQ está trabalhando agora para construir cabos com mais capacidade que carreguem até 100 gigabits por segundo – então se isso realmente for legal, eles mostram que ainda não estão nem perto de acabar a coleta de dados. [The Guardian]