Tecnologia

Estágio em tecnologia: startup aposta em 50% de vagas para mulheres

Mercado de tecnologia tem grande demanda, mas tem déficit de mulheres; como reverter essa tendência masculina nos estágios?

Como está a situação de estágio para mulheres na tecnologia? Em 2021, dados da Brasscom (Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação) mostraram que o mercado de TI, um dos mais promissores do momento, precisará de 797 mil profissionais até 2025.

Porém, os 53 mil profissionais formados por ano não devem suprir a demanda, resultando em um déficit de cerca de 106 mil talentos anuais. Além disso, o levantamento apontou ainda um déficit de mulheres e pessoas negras na área. Para se ter uma ideia, a proporção de homens para mulheres nos cursos de TI, por exemplo, é de cerca de 85% e 15%, respectivamente.

O mesmo ocorre até no setor da indústria de ficção, onde um estudo de pesquisadores da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, mostrou que, dos 116 profissionais que atuam com inteligência artificial nos longa-metragens mais influentes sobre o tema, apenas nove são mulheres.

O estágio para mulheres

Uma das formas de combater esses problemas é através do compromisso por parte das empresas. A Select Soluções, startup líder no mercado de tecnologia em nuvem, por exemplo, criou o Programa de Estágio Tech Selekers, uma iniciativa que visa preparar os estagiários, aprimorando suas habilidades técnicas e comportamentais.

De acordo com Michele Cliber, gerente de People da Select, a taxa de retenção do programa é de apenas um desligamento em nove meses. “Temos nos esforçado para aprimorar o programa continuamente, criando mecanismos que minimizam desligamentos voluntários e promovem uma cultura de trabalho em equipe e resolução de conflitos”, disse.

Um dos principais diferenciais do programa é a tentativa de tornar o meio mais atrativo para mulheres, com 50% de suas vagas destinadas a elas.

Como é ser uma mulher profissional de tecnologia?

Hoje efetivada, a ex-estagiária Julia Werlang, da Select, contou sobre sua experiência como uma mulher na área de tecnologia. Segundo ela, sua principal dificuldade no processo de estágio foi relacionada à autoconfiança, tanto para ela quanto para outras colegas.

“A gente sente que a cobrança é muito maior”, disse. “Uma cobrança não da empresa em si, mas da sociedade no geral, porque a gente precisa fazer dez vezes mais em toda a posição que a gente vai estar. E isso eu sinto que não é só para a mulher em tecnologia, é para a mulher em geral. Mas como a tecnologia é uma área que é muito ocupada por homens, a gente sente que a gente tem que fazer dez vezes mais para a gente conseguir ser notada.”

Werlang também acredita que o baixo número de mulheres no meio, em relação a homens, se deve, em partes, à falta de incentivo.

“Nós, mulheres, não somos incentivadas desde pequenas a mexer com tecnologia. Eu, por exemplo, não sou uma pessoa que cresceu brincando com computadores. Eu comecei na área de tecnologia porque fiz um técnico em informática […] porque era o único curso que tinha de ensino médio e depois acabei gostando”, contou.

Por essa razão, ela ressalta a importância de vagas afirmativas, como as da Select. “Nesse processo de conseguir vaga, recebi muitos nãos, fiz muita entrevista… Você começa também a duvidar do seu potencial, por mais que você, lá no fundo, saiba que […] eu sei que eu faço um bom trabalho, eu sei que sou boa, mas você começa a duvidar por conta desses nãos que você vai recebendo”, concluiu.

Isabela Oliveira

Isabela Oliveira

Jornalista formada pela Unesp. Com passagem pelo site de turismo Mundo Viajar, já escreveu sobre cultura, celebridades, meio ambiente e de tudo um pouco. É entusiasta de moda, música e temas relacionados à mulher.

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