Cientistas descobrem como o estresse causa queda de cabelo

Futuramente, as descobertas podem levar a tratamentos mais eficazes para a queda de cabelo.
Foto: Peter Dazeley (Getty Images)

Cientistas da Universidade de Harvard dizem que podem ter descoberto como o estresse pode levar à perda de cabelo. Em experimentos feitos com camundongos, eles encontraram evidências de que um hormônio importante ligado ao estresse dificultava a regeneração dos folículos capilares. As descobertas podem muito bem levar a tratamentos mais eficazes para a queda de cabelo daqui a alguns anos, embora mais pesquisas ainda devam ser feitas.

Existem muitas evidências que associam o estresse a um risco maior de perder o cabelo. Às vezes, acredita-se que um evento traumático na vida pode desencadear episódios agudos de queda de cabelo, uma condição chamada eflúvio telógeno. Durante o ano passado, especialistas especularam que o estresse relacionado à pandemia estaria contribuindo para esse tipo de problema, mesmo entre pessoas que não contraíram o vírus.

Um dos principais culpados de como o estresse pode causar a queda do cabelo é o cortisol, comumente conhecido como hormônio do estresse. Este novo estudo, publicado na Nature nesta quarta-feira (31), tentou descobrir as possíveis causas da queda de cabelo relacionada a essa substância. Eles fizeram experimentos com camundongos, pois eles produzem um hormônio do estresse muito semelhante, chamado corticosterona (esse hormônio também é produzido por humanos em pequenas quantidades, mas não desempenha um papel importante em nossa resposta ao estresse).

Os folículos capilares, que dão origem aos fios de cabelo que crescem para fora do nosso couro cabeludo, normalmente passam por duas fases principais de atividade: crescimento e repouso. Durante a fase de crescimento, as células-tronco do folículo capilar amadurecem, o que regenera os folículos e permite que novos fios de cabelo cresçam. Na fase de repouso, as células-tronco permanecem dormentes e, no final, os fios de cabelo desses folículos são desprendidos. Normalmente, quando nosso cabelo está para cair, uma nova mecha aparece para substituí-lo. Contudo, quando a fase de repouso se prolonga mais do que o normal ou os folículos capilares simplesmente param de se regenerar, temos queda de cabelo.

Nestes camundongos, os pesquisadores mostraram que o estresse crônico parecia prolongar a fase de repouso das células-tronco do folículo piloso. Eles também foram capazes de replicar o mesmo efeito quando dosaram artificialmente os animais com altos níveis do hormônio do estresse. Quando impediram a produção do hormônio, os folículos pilosos dos camundongos tiveram fases de descanso muito curtas e continuaram trabalhando aparentemente sem desvantagens, tornando possível o crescimento de pelos mesmo na velhice.

“Este resultado sugere que níveis elevados dos hormônios do estresse realmente têm um efeito negativo nas células-tronco do folículo capilar”, disse Ya-Chieh Hsu, autora sênior do estudo e pesquisadora de células-tronco em Harvard em um comunicado divulgado pela universidade.

O trabalho anterior da equipe também sugeriu que o estresse pode contribuir para um envelhecimento precoce do cabelo, possivelmente afetando as células-tronco próximas. Mas os efeitos do estresse sobre a queda e o envelhecimento do cabelo não parecem ser causados ​​pela mesma coisa.

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Outros experimentos dos pesquisadores descobriram que o hormônio parece influenciar a papila dérmica, um grupo de células logo abaixo do folículo piloso que desempenha um papel importante na nutrição e regeneração do folículo. Nessas células, o hormônio as impedia de produzir Gas6, uma molécula que poderia ser fundamental para manter nosso cabelo intacto.

“Em condições normais e de estresse, a adição de Gas6 foi suficiente para ativar as células-tronco do folículo capilar que estavam em fase de repouso e promover o crescimento do cabelo”, disse Choi. “No futuro, a Gas6 pode ser explorada por seu potencial na ativação de células-tronco para promover o crescimento do cabelo. Também será muito interessante explorar se outras alterações teciduais relacionadas ao estresse estão relacionadas ao impacto do hormônio do estresse na regulação do Gas6.”

Obviamente, os camundongos não são pessoas. Por mais interessantes que sejam essas descobertas, levará mais tempo para descobrir se os mesmos mecanismos de queda de cabelo relacionados ao estresse definitivamente se aplicam a nós também, bem como se o Gas6 pode ser usado para prolongar com segurança o crescimento do cabelo em nossos anos posteriores. Entretanto, se você já se preocupa com a perda de cabelo, parece que manter o estresse sob controle pode ser uma maneira de manter a cabeleira.

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