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Surpresa: a maioria das pessoas compartilha links no Twitter sem ler o conteúdo deles

Quase 60% dos links compartilhados no Twitter são espalhados antes das pessoas clicarem para ler o conteúdo deles. Mas isso não é exatamente novidade, não é mesmo?

Talvez isso não surpreenda muito, mas a maioria das pessoas compartilha links nas redes sociais sem sequer clicar na matéria para ler, com base apenas no título do artigo.

É isso o que diz um novo estudo feito por cientistas da computação da Universidade de Columbia, nos EUA, e do Instituto Nacional da França, que estimam que cerca de 59% dos links compartilhados no Twitter não foram nem clicados, apesar de alguns deles serem compartilhados milhares de vezes.

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O noticiário do dia é o principal tópico de discussão em mídias sociais, de acordo com o estudo, e a forma como a notícia é apresentada tem grande influência em como ela é percebida e compartilhada. Isso faz sentido considerando que redes sociais são ótimas para espalhar informação (algumas vezes incorreta) de eventos e grandes acontecimentos em tempo real. Isso significa que o que compartilhamos e tuitamos molda nossa conversação coletiva, para o bem e para o mal.

Os pesquisadores monitoraram links de cinco veículos de mídia – CNN, The New York Times, Huffington Post, BBC e Fox News – ao longo de um mês no meio de 2015 e disseram que conseguiram rastrear cerca de 6% de todos os endereços URL e cerca de 33% dos cliques. De acordo com o Washington Post:

“As pessoas estão mais dispostas a compartilhar um artigo do que ler”, diz o co-autor do estudo Arnaud Legout. “Isso é típico do consumo moderno de informação. As pessoas formam opiniões com base em um resumo, ou um resumo de resumos, em vez de se esforçar para se aprofundar no tema.”

Apesar disso, a curadoria em mídias sociais produz a maioria dos cliques, segundo o estudo. Ela só não é tão eficiente como alguns de nós preferíamos que fosse.

Algumas notícias boas podem ser tiradas disso: o estudo também sugere que a atenção dos usuários de mídias sociais não é tão curta como se pensava. Enquanto links gerados por veículos de mídia com encurtadores de URL como o bit.ly tendem a desaparecer depois de apenas meia hora, o que eles chamam de “URLs incomuns” (ou links de leitores) tendem a durar mais tempo.

Então por mais que os links dos veículos de mídia em si gerem tráfego, a maior parte vem de outros links, reforçando a importância de retuitar e compartilhar as coisas pela web. São essas contas secundárias com menos seguidores que realmente ajudam a disseminar informação.

“Nossa análise de cliques sociais mostrou a capacidade das mídias sociais de atender ao gosto variado de um grande público,” escreveram os pesquisadores.

Isso também ajuda a explicar certas tendências na internet, como os caça-cliques, que são títulos de matéria feitos para as pessoas compartilharem e hoaxes. Informação incorreta costuma se espalhar pelas mídias sociais com facilidade, e sites de notícias falsas são bastante populares. Se as pessoas só leem as informações superficialmente, é fácil deixar passar alguma coisa importante de um artigo.

Novos estudos podem ser feitos para medir o poder do compartilhamento em outros sites de mídias sociais além do Twitter – especialmente considerando a diferença como plataformas como o Facebook e Pinterest compartilham e fazem curadoria de links -, mas esse o estudo pode ajudar ajudar a indústria de mídia a definir estratégias em redes sociais, e também mostra coisas que pessoas que analisam o desempenho de links nesses sites podem não ter percebido até agora.

Você estando ou não nessa indústria, é importante pensar sobre isso da próxima vez que quiser compartilhar um artigo sem sequer clicar nele antes. Você pode não saber exatamente o que está compartilhando. E pode ajudar a espalhar diferentes tipos de histórias – coisas que não tem a ver com aquilo que você realmente quer passar para as pessoas, por exemplo.

[Washington Post]

Foto por Pixabay

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