Estudo coordenado pela USP mostra mudanças genéticas em médiuns

A maioria dos genes que apresentaram mutações não são associados a transtornos físicos ou mentais, segundo a pesquisa
Imagem: YouTube/Reprodução

Pesquisadores da USP investigaram, pela primeira vez, as raízes genéticas da mediunidade espiritual, observando mudanças no material genético de médiuns em relação à expressão genética de seus familiares.

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A investigação foi tema de estudo, publicado recentemente no Brazilian Journal of Psychiatry, que analisou o material genético de 147 participantes. Desses, 66 eram médiuns e 53 eram familiares que não manifestam mediunidade.

Coordenado pelo professor Wagner Farid Gattaz, do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, o estudo selecionou médiuns com mais de 10 anos de experiência.

Gattaz e seus colegas optaram por médiuns que atuam sem fins lucrativos. Tanto os médiuns quanto seus familiares foram submetidos a sequenciamentos genéticos para avaliar as diferenças.

Médiuns têm mais de 16 mil mudanças genéticas, segundo estudo

A análise do estudo da USP focou no exoma – a parte do genoma que codifica proteínas –, revelando que os médiuns tinham cerca de 16 mil variantes genéticas exclusivas.

As variantes genéticas, segundo o estudo, têm impactos potenciais em mais de sete mil genes. O estudo mostra que pelo menos 22 médiuns apresentavam mudanças em 33 dos mais de sete mil genes.

No entanto, os familiares destes médiuns não tinham as mesmas mudanças genéticas, segundo o estudo da USP. Além disso, essas mudanças ocorreram em genes do sistema imunológico e do tecido epitelial.

O destaque foi para o gene mucina 19 (MUC19), sendo o mais prevalente nas mudanças genéticas dos médiuns avaliados pelo estudo da USP.

O MUC19 teve maior expressão genética na glândula pineal, estrutura cerebral historicamente associada a experiências espirituais.

Além disso, os médiuns apresentaram mudanças genéticas na via inflamatória, sobretudo na translocação da proteína ZAP-70 para a sinapse imunológica.

As mutações deste processo crucial para ativação do sistema imunológico indicam que o modo de perceber e interagir com o mundo é diferente.

Os resultados do estudo sugerem, portanto, uma possível predisposição de base genética para a mediunidade. Apesar de não provar que os médiuns tenham essa capacidade espiritual pelas mutações genéticas, o estudo revela influências biológicas significativas.

Contudo, os autores destacam a necessidade de mais estudos para confirmar essa possibilidade, explorando os mecanismos pelos quais as mudanças genéticas influenciam os médiuns.

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Pablo Nogueira

Pablo Nogueira

Jornalista e mineiro. Já escreveu sobre tecnologia, games e ciência no site Hardware.com.br e outros sites especializados, mas gosta mesmo de falar sobre os Beatles.

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