
Estudo coordenado pela USP mostra mudanças genéticas em médiuns
Pesquisadores da USP investigaram, pela primeira vez, as raízes genéticas da mediunidade espiritual, observando mudanças no material genético de médiuns em relação à expressão genética de seus familiares.
A investigação foi tema de estudo, publicado recentemente no Brazilian Journal of Psychiatry, que analisou o material genético de 147 participantes. Desses, 66 eram médiuns e 53 eram familiares que não manifestam mediunidade.
Coordenado pelo professor Wagner Farid Gattaz, do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, o estudo selecionou médiuns com mais de 10 anos de experiência.
Gattaz e seus colegas optaram por médiuns que atuam sem fins lucrativos. Tanto os médiuns quanto seus familiares foram submetidos a sequenciamentos genéticos para avaliar as diferenças.
Médiuns têm mais de 16 mil mudanças genéticas, segundo estudo
A análise do estudo da USP focou no exoma – a parte do genoma que codifica proteínas –, revelando que os médiuns tinham cerca de 16 mil variantes genéticas exclusivas.
As variantes genéticas, segundo o estudo, têm impactos potenciais em mais de sete mil genes. O estudo mostra que pelo menos 22 médiuns apresentavam mudanças em 33 dos mais de sete mil genes.
No entanto, os familiares destes médiuns não tinham as mesmas mudanças genéticas, segundo o estudo da USP. Além disso, essas mudanças ocorreram em genes do sistema imunológico e do tecido epitelial.
O destaque foi para o gene mucina 19 (MUC19), sendo o mais prevalente nas mudanças genéticas dos médiuns avaliados pelo estudo da USP.
O MUC19 teve maior expressão genética na glândula pineal, estrutura cerebral historicamente associada a experiências espirituais.
Além disso, os médiuns apresentaram mudanças genéticas na via inflamatória, sobretudo na translocação da proteína ZAP-70 para a sinapse imunológica.
As mutações deste processo crucial para ativação do sistema imunológico indicam que o modo de perceber e interagir com o mundo é diferente.
Os resultados do estudo sugerem, portanto, uma possível predisposição de base genética para a mediunidade. Apesar de não provar que os médiuns tenham essa capacidade espiritual pelas mutações genéticas, o estudo revela influências biológicas significativas.
Contudo, os autores destacam a necessidade de mais estudos para confirmar essa possibilidade, explorando os mecanismos pelos quais as mudanças genéticas influenciam os médiuns.