Estudo reforça como a cafeína prejudica a qualidade do sono

Cafeína altera atividade cerebral e prejudica o sono; efeito é maior em adultos mais jovens, segundo novo estudo

Encontrada também em chás, chocolates, bebidas energéticas e refrigerantes, a cafeína é uma das substâncias psicoativas mais consumidas no mundo. Agora, um novo estudo mostrou que ela aumenta a complexidade da atividade cerebral durante o sono, de formas que tornam o sono menos reparador. O resultado foi publicado em abril na Nature Communications Biology.

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Pesquisadores da Universidade de Montreal, no Canadá, estudaram 40 adultos que consumiram 200 miligramas de cafeína ou placebo antes de dormir. Em um laboratório, eles monitoraram a atividade cerebral durante toda a noite em dois dias usando um eletroencefalograma, bem como estatísticas inferenciais e aprendizado de máquina.

Como resultado, a cafeína reduziu os ritmos do sono de ondas lentas e aumentou a atividade das ondas beta, mantendo o cérebro mais alerta.

“A cafeína estimula o cérebro e o leva a um estado de criticidade, onde ele fica mais desperto, alerta e reativo”, explicou a professora de psicologia do sono e envelhecimento Julie Carrier. “Embora isso seja útil durante o dia para a concentração, esse estado pode interferir no descanso noturno: o cérebro não relaxa e nem se recupera adequadamente.”

Os efeitos foram sentidos, principalmente, em adultos jovens, entre 20 e 27 anos, cujos cérebros apresentaram aumentos maiores em complexidade e fluxo de informações. Isso porque eles têm mais receptores de adenosina, molécula que se acumula no cérebro ao longo do dia, causando sensação de fadiga.

“Os receptores de adenosina diminuem naturalmente com a idade, reduzindo a capacidade da cafeína de bloqueá-los e melhorar a complexidade cerebral, o que pode explicar em parte o efeito reduzido da cafeína observado em participantes de meia-idade”, acrescentou Carrier.

Além disso, o estudo revelou que a atividade neural foi ainda mais dinâmica durante o sono não REM, o estágio mais profundo, no qual o cérebro continuou processando como se estivesse acordado. Por outro lado, os jovens foram mais vulneráveis aos estímulos da cafeína durante o sono REM, a fase dos sonhos.

Ou seja, a cafeína não apenas atrasa a hora de dormir ou causa um sono leve, mas remodela o comportamento do cérebro à noite. Com isso, pode prejudicar a consolidação da memória e o reparo celular.

As novas pesquisas indicam que cérebros mais jovens podem ser mais suscetíveis aos estímulos da cafeína. No entanto, mais pesquisas são necessárias para esclarecer o impacto dessas alterações neurais na saúde cognitiva e no funcionamento diário.

Isabela Oliveira

Isabela Oliveira

Jornalista formada pela Unesp. Com passagem pelo site de turismo Mundo Viajar, já escreveu sobre cultura, celebridades, meio ambiente e de tudo um pouco. É entusiasta de moda, música e temas relacionados à mulher.

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