Ciência

Estudo revela gargalos na atenção nutricional domiciliar para crianças e adolescentes no SUS

Sem recursos, atendimento nutricional ao público pode ser prejudicado
Foto: rawpixel.com

Texto: Agência Bori

Highlights

  • Programa Melhor em Casa está presente em mais de 900 municípios, em todas as regiões do país, com ampliação para essa faixa etária
  • Entre equipamentos necessários e faltantes estão balança pediátrica e antropômetro, aponta estudo da Fiocruz
  • Sem condições adequadas para o cuidado nutricional pediátrico, pode haver interpretação errônea do estado nutricional do paciente, e, por conseguinte, conduta inadequada

A atenção nutricional domiciliar no Sistema Único de Saúde (SUS) para crianças e adolescentes está presente em todas as regiões brasileiras, embora o cuidado não esteja ainda uniformizado e existam importantes diferenças regionais, relata um artigo de pesquisadores da Fiocruz e do Ministério da Saúde publicado neste sábado (15) na revista Saúde em Debate.

O estudo foi feito por meio de questionários eletrônicos respondidos por nutricionistas do Programa Melhor em Casa, do SUS, com dados do perfil dos profissionais, a população pediátrica atendida e as condições oferecidas para o acompanhamento nutricional. Foram analisados 70 questionários de todas as regiões do país.

“Os nutricionistas do programa ainda enfrentam desafios relacionados às condições necessárias para a avaliação, diagnóstico e tratamento nutricional pediátrico no domicílio”, explica Fernanda Simões, nutricionista e pesquisadora da Fiocruz. A pesquisa revelou que, além da ausência de protocolos específicos para a população pediátrica, o que orientaria a padronização do cuidado, os profissionais enfrentam condições adversas como o acesso a exames e disponibilidade limitada de instrumentos como balanças pediátricas e antropômetros (instrumento utilizado para medir dimensões e proporções do corpo humano, como altura e comprimento de membros).

Grande parte dos nutricionistas (77,2%) relata atuar nesta área há menos de cinco anos, o que demonstra uma atividade profissional recente. Eles também dizem ser os únicos nutricionistas do programa no seu município (78,6%). Por fim, acompanham, em média, 70,2 pacientes, de todas as idades, sendo que, desses, em média, 7,6 são pediátricos.

Segundo o estudo, a expansão da atuação deste profissional depende do reconhecimento, pelos gestores de saúde, de que o estado nutricional dos pacientes em atendimento domiciliar resulta em melhores desfechos clínicos e na redução de custos com reinternações hospitalares.

O estudo conclui que a sistematização do cuidado nutricional poderia ser mais bem organizada com a elaboração de protocolos específicos para a população infantil, orientando as condições mínimas para o acompanhamento nutricional efetivo. “Os resultados podem contribuir para a área dando visibilidade a um segmento ainda pouco estudado e fornecendo dados que podem ser usados para melhorar a qualidade da atenção nutricional domiciliar” afirma Fernanda.

DOI: http://10.1590/2358-289820251449520P

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