
Estudo sugere que pode haver vida no lado escuro da Lua
Em um novo estudo apresentado na 56ª Conferência de Ciência Lunar e Planetária, cientistas sugeriram que regiões com sombras permanentes da Lua, como cantos e fendas, têm condições de abrigar vida microbiana. Isso porque alguns desses espaços não veem luz solar há bilhões de anos devido à leve inclinação no eixo do satélite. Surpreendentemente, esses espaços vazios também podem ser santuários protegidos da radiação ultravioleta mortal.
De acordo com John Moores, cientista planetário e professor da York University, no Reino Unido, no espaço, o calor alto e a radiação ultravioleta mata os micróbios. Porém, os espaços lunares sem luz são muito frios e muito escuros. Portanto, podem funcionar como um freezer, preservando-os por anos.
Sendo assim, esses são um dos ambientes mais protetores do Sistema Solar para os micróbios tipicamente presentes em naves espaciais.
“Para ser claro, esses micróbios não podem metabolizar, replicar ou crescer aqui, mas provavelmente permanecem viáveis por décadas até que seus esporos sejam mortos pelos efeitos do vácuo”, explicou Moores ao Universe Today. “As moléculas orgânicas que compõem suas células provavelmente persistiriam por muito mais tempo.”
Cada vez mais interessantes para a ciência, as regiões sombreadas da Lua também são alvo de estudo pelo programa Artemis da NASA. A iniciativa está mirando em um pouso próximo ao Polo Sul lunar, possivelmente na Cratera Shackleton.
No entanto, além da exploração espacial, esses espaços também podem servir como congeladores para a vida na Lua. Ou seja, as contaminações microbianas levadas pelos humanos poderiam resistir por décadas ou mais. E isso, aliás, pode já estar ocorrendo.
“A chance de que já haja contaminação microbiana terrestre nas regiões permanentemente sombreadas da Lua é baixa, mas não zero”, disse. “Várias espaçonaves impactaram dentro ou perto deles. Embora todas tenham feito isso em alta velocidade, pesquisas anteriores de outros sugeriram que pequenos números de esporos podem sobreviver a impactos simulados em materiais semelhantes a regolitos. Se algum micróbio sobrevivesse a esses impactos, eles teriam sido amplamente dispersos.”