Estudo traz novas evidências para o “cérebro pandêmico” entre estudantes
O estresse prolongado que acompanhou a pandemia de Covid-19 afetou nossa capacidade de memória, concentração e até o volume de algumas áreas do cérebro. Trata-se de um fenômeno conhecido como “cérebro pandêmico”, observado nos últimos anos por psicólogos e neurologistas.
Uma nova pesquisa trouxe mais evidências para o “cérebro pandêmico”, mostrando que o período traumático provavelmente afetou negativamente a capacidade de tomada de decisão entre estudantes universitários da Universidade Ohio State, nos Estados Unidos. O estudo foi publicado recentemente na revista científica Journal of American College Health.
A equipe de pesquisa comparou pontuações de estudantes no questionário Adult Decision Making Competence (ou “Competência de Tomada de Decisão para Adultos” em tradução livre). Ele avalia o quão bem uma pessoa toma decisões, considerando normais sociais e avaliando os riscos e probabilidades de cada opção apresentada no teste, por exemplo.
Os pesquisadores fizeram o teste com um grupo de 161 alunos de graduação no segundo semestre de 2020 e compararam os resultados com os de 722 alunos avaliados antes da pandemia.
Eles relatam que a tomada de decisão entre os estudantes da pandemia é menos consistente do que no outro grupo: eles eram mais propensos a alternar entre seguir seu instinto e refletir mais profundamente sobre suas respostas individuais, dependendo de como a situação para cada escolha foi descrita.
“Nossa teoria é que se sentir estressado por tudo o que estava acontecendo limitava os recursos dos alunos para realmente avaliar as informações que lhes eram apresentadas”, disse Melissa Buelow, a principal autora do estudo, em comunicado.
Apenas da “inconsistência” relatada pelos pesquisadores, eles também observaram que o grupo de alunos pandêmico estava tão confiante de suas decisões em algumas questões quanto os primeiros participantes
Na época do teste, os estudantes da Universidade Ohio State estavam assistindo a aulas oferecidas virtualmente e aulas presenciais com quantidade reduzida de pessoas em sala e distanciamento físico contínuo, usando máscaras e passando por testes de rotina para Covid-19.
As descobertas do estudo estão de acordo com resultados anteriores, segundo os pesquisadores. “Quando estressamos indivíduos [propositalmente, para testes desse tipo], vemos uma redução subsequente na consistência da tomada de decisões”, explica Buelow. “Podemos teorizar, na ausência de um estressor agudo de laboratório, que foi a Covid-19, um fator muito mais global que afeta todos os aspectos de nossas vidas, que afetou a cognição.”