EUA querem independência na fabricação de chips e analisam investimentos no setor

A pandemia do novo coronavírus fez com que a administração Trump passasse a se preocupar em relação à dependência dos Estados Unidos das fábricas asiáticas que fornecem componentes críticos de tecnologia.
Chip
Crédito: Nicolas Fouri/Getty

A pandemia do novo coronavírus fez com que a administração Trump passasse a se preocupar em relação à dependência das fábricas asiáticas que fornecem componentes críticos de tecnologia.

De acordo com uma nova reportagem do Wall Street Journal, as autoridades estão conversando com várias empresas de semicondutores sobre a possível construção de fábricas de chips dentro dos EUA, numa tentativa de aumentar a capacidade de fabricação do país.

A Intel e Taiwan Semiconductor Manufacturing Co. (TSMC) foram contatadas por funcionários do governo para esta iniciativa, conforme disseram pessoas familiarizadas com o assunto. Representantes das duas fabricantes de chips confirmaram a notícia em declarações à Reuters.

“A Intel está bem posicionada para trabalhar com o governo dos EUA para operar uma unidade de fabricação de propriedade dos EUA e fornecer uma ampla gama de microeletrônicos seguros”, disse o porta-voz da Intel, William Moss, à agência de notícias.

Greg Slater, vice-presidente de políticas e assuntos técnicos da Intel, disse ao WSJ que a empresa está levando “muito a sério” o aumento da produção nos Estados Unidos. “Nós achamos que é uma boa oportunidade. O momento é melhor e a demanda por isso é maior do que no passado, mesmo do ponto de vista comercial”, comentou.

E parece que a Intel já começou a trabalhar nisso. No mês passado, o chefe executivo da empresa, Bob Swan, escreveu às autoridades do Departamento de Defesa dos EUA para expressar que a Intel está empenhada em construir uma fábrica de chips em parceria com o Pentágono.

“Achamos que é do melhor interesse dos Estados Unidos e da Intel explorar como a companhia poderia operar uma fábrica americana para fornecer uma ampla gama de microeletrônicos”, diz a carta, segundo o WSJ.

Quanto à TSMC, a empresa afirmou ter conversas com o Departamento de Comércio dos EUA e com a Apple, um de seus maiores clientes, sobre a construção de uma fábrica de chips dentro dos Estados Unidos. No entanto, “ainda não há um plano concreto”, disse a companhia em um comunicado, além de estarem avaliando várias localidades em todo o mundo para futura expansão.

Além da Intel e da TSMC, as autoridades americanas supostamente também estão procurando reforçar a presença da sul-coreana Samsung Electronics Co. no país. A empresa já tem uma fábrica de chips em Austin, Texas, e uma pessoa familiarizada com o assunto disse ao WSJ que o governo está interessado em auxiliar qualquer expansão de suas operações de fabricação terceirizada nos Estados Unidos.

“A administração está empenhada em garantir a continuidade da liderança tecnológica dos EUA”, disse um funcionário do alto escalão em declaração à reportagem. “O governo dos EUA continua a coordenar com parceiros estaduais, locais e do setor privado, bem como com nossos aliados e parceiros no exterior, para colaborar em pesquisa e desenvolvimento, manufatura, gestão da cadeia de suprimentos e oportunidades de desenvolvimento da força de trabalho.”

Dezenas de fábricas de semicondutores já operam dentro dos EUA, mas a Intel é a única capaz de chegar na velocidade e eficiência energética que são encontrados nos chips da TSMC. Muitas dessas empresas também contam com produção em Taiwan para ajudar a fabricar seus produtos mais avançados.

As autoridades americanas ainda estão estudando como incentivar os fabricantes de semicondutores a produzir seus produtos dentro do país, onde os custos de fabricação podem ser mais altos do que no exterior.

“Há muita discussão em curso sobre o que o governo precisa fazer para ter um fornecimento seguro de microeletrônicos, e seria uma coisa de parceria público-privada, um crédito fiscal, dinheiro ou uma combinação dessas coisas?”, disse ao WSJ outra pessoa familiarizada com as discussões.

Para determinar como alocar qualquer ajuda federal, a administração tem recorrido ao grupo comercial da Associação da Indústria de Semicondutores para realizar um estudo sobre a produção nacional de chips e obter recomendações sobre como investir — o valor pode chegar a dezenas de bilhões de dólares, de acordo com a reportagem.

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