EUA querem usar ISS até 2030; russos ficam na estação só até 2024

O presidente americano Joe Biden formalizou o interesse dos Estados Unidos em participar do programa da Estação Espacial Internacional (ISS) até setembro de 2030. Com isso, o contrato de uso do laboratório orbital será estendido por mais 6 anos. A extensão já tinha sido aprovada pelo Congresso americano no final do mês passado, e sancionada […]
EUA querem usar ISS até 2030; russos ficam na estação só até 2024
Imagem: NASA/Divulgação

O presidente americano Joe Biden formalizou o interesse dos Estados Unidos em participar do programa da Estação Espacial Internacional (ISS) até setembro de 2030. Com isso, o contrato de uso do laboratório orbital será estendido por mais 6 anos.

A extensão já tinha sido aprovada pelo Congresso americano no final do mês passado, e sancionada por Biden nesta terça-feira (9), junto com a nova Lei de Criação de Incentivos Úteis para Produzir Semicondutores (“CHIPS”, na sigla em inglês). Apesar de a nova legislação ter maior foco na indústria de chips, o texto também inclui autorização para que a NASA continue as operações a bordo da ISS.

Embora a Lei de CHIPS não autorize uma linha de financiamento específica para a NASA, o ato busca formalizar questões políticas de exploração, ciência e outros setores da agência espacial.

A assinatura de Biden, claro, não garante que a estação espacial ficará em órbita até 2030. Essa extensão nas operações da ISS ainda depende da aprovação de outros países parceiros, como Canadá, Japão, além do bloco de países da Europa – que provavelmente seguirão o mesmo caminho que os EUA.

A grande incógnita fica por conta da Rússia, que vem ameaçando deixar o programa muito antes de 2030. Com o desgaste na Guerra da Ucrânia e o fim de uma série de projetos de colaboração internacional, a presença dos russos está garantida apenas até 2024 – quando acaba o contrato atual.

Como a saída da Rússia ocorrerá na prática, bem como quando isso ocorrerá de fato, ainda é uma grande mistério. O que se sabe é que os russos prometem avisar os outros países parceiros com um ano de antecedência.

A saída da Rússia da ISS e o novo cenário político espacial

O fim da parceria dos russos na ISS é um acontecimento importante na história da política espacial. Desde 1975, quando a nave americana Apollo 18 e a soviética Soyuz 19 se encontraram no espaço, o momento foi considerado como um grande marco de que a exploração espacial deveria ser um esforço colaborativo entre vários países – algo que culminou na construção da ISS.

Entretanto, a invasão da Ucrânia mudou tudo, com a Rússia caminhando para projetos mais solos no espaço, como a Estação de Serviço Orbital Russa (ROSS) – que promete estar operacional até ano 2028. Isso significa que os russos podem deixar a ISS a qualquer momento, entre os anos de 2024 e 2028.

O mesmo ocorre com a China, que ficou de fora da ISS, e que vem travando nos últimos anos uma guerra comercial e tecnológica com os EUA. Esse isolamento fez os chineses desenvolverem um emergente e próspero programa espacial.

Dessa forma, a nova era espacial que se inicia agora refletirá o cenário de um planeta dividido: de um lado países ocidentais – principalmente EUA e Europa –, e do outro uma provável parceria entre Rússia e China. No meio, estará uma profusão de empresas privadas, disputando por negócios e recursos no espaço.

No caso do Brasil, o país assinou um acordo bilateral com os EUA e outros 20 países, para participar do programa Artemis — que prevê a exploração robótica e tripulada da Lua. Porém, como o país também faz parte do bloco dos BRICS, é possível que também haja alguma cooperação relacionada ao espaço com russos e chineses, além da Índia – que também tem feito avanços no campo espacial.

No ano passado, por exemplo, Brasil, Rússia, China, Índia e África do Sul assinaram um acordo para criar uma constelação de satélites de sensoriamento remoto do BRICS. Além disso, o Brasil tem interesse em integrar a indústria espacial local nas cadeias de fornecimento mundiais, bem como oferecer o espaçoporto de Alcântara, no Maranhão, como uma alternativa barata para o lançamento de foguetes.

Hemerson Brandão

Hemerson Brandão

Hemerson é editor e repórter, escrevendo sobre espaço, tecnologia e, às vezes, sobre outros temas da cultura nerd. Grande entusiasta da astronomia, também é interessado em exploração espacial e fã de Star Trek.

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