Fãs de quadrinhos adoram discutir o “futuro” dos quadrinhos. Mas, como sempre, o “futuro” sempre parece uma versão levemente alterada do que já temos. Isso é pouco!
Agora, a Marvel se prepara para criar HQs especialmente para o meio digital. Nada de escanear e vender o mesmo conteúdo, com o mesmo layout e filosofia das versões impressas. O resultado foi anunciado no SXSW e é chamado “Infinite Comics” (e ainda há de quebra um app de realidade aumentada) que nos faz pensar como soluções desse tipo não existem há tempos.
Infinite Comics
Basicamente, o Infinite Comics é um novo formato digital que permite que os artistas controlem e alterem o visual dos quadrinhos. Na parte criativa, ele oferece aos roteiras e principalmente aos artistas formas completamente novas de contarem as histórias. Onde e quando balões, caixas de legenda ou camadas irão na página, tudo isso é controlado pelo artista, e não pela editora — e eles podem pular em momentos específicos, ou serem realçados em cenas certas. Outros troques, como mudar a profundidade de campo de um quadro, ou um zoom mais lento, ou adicionar um flashback no início de uma cena, adicionam “um senso de movimento sem movimento”, diz Axel Alonso, editor-chefe da Marvel.
O mesmo se aplica à tecnologias como a Guided View, do Comixology, que mostra ao leitor um recorte por vez de uma página tradicional para o leitor. É bem útil em telas pequenas, mas os fãs reclamam que isso diminui a beleza e a complexidade de uma página completa transformada em um slideshow. O Infinite Comics deixa isso de lado ao manter o clássico formato e o layout intactos.
O primeiro Infinite Comic será o Avengers vs. X-Men #1, a grande mistura épica da Marvel para este ano, que será lançado no dia 4 de abril. Ele virá gratuitamente se você comprar o quadrinho impresso ou sua versão digital, mas também estará disponível para venda separada caso você só queira ver qual é a desse treco. A história é escrita por Mark Waid e ilustrada por Stuart Immonen — ou seja, pelo menos o Infinite Comics começa com dois dos grandes talentos do mundo atual dos quadrinhos.
Eu pude ver boa parte da primeira edição há poucos dias, e ele é muito bom — tanto para ver quanto para navegar. Lê-lo requer o mesmo número de músculos usados para ler um quadrinho tradicional, mas de forma mais ativa. A forma como sua atenção é roubada por uma cena específica na página lembra muito os truques usados pelos melhores ilustradores e roteiristas em páginas físicas, mas agora de forma mais eficiente. Levará um tempo para que os artistas e criadores aprendam formas de maximizar o novo formato, mas o início já é empolgante.