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Excesso de tecnologia está nocauteando nossos cérebros

  Usar o iPad durante uma conversa no jantar não é mais tão rude assim? É normal ficar nervoso com alguns minutos livres, sem nada para fazer? Eu olhei para meu celular enquanto escrevia isso. O New York Times explorou nossos cérebros apodrecidos pela tecnologia, e como isso está ferindo-os.

Usar o iPad durante uma conversa no jantar não é mais tão rude assim? É normal ficar nervoso com alguns minutos livres, sem nada para fazer? Eu olhei para meu celular enquanto escrevia isso. O New York Times explorou nossos cérebros apodrecidos pela tecnologia, e como isso está ferindo-os.

Eu percebi isso no momento em que levei meu iPhone para a faculdade. Durante as pausas das aulas, no momento do banheiro, ou segurando o cabelo de uma garota enquanto ela vomitava, meu celular estava sempre estava em minhas mãos, quase inconscientemente. Mesmo quando eu não estava esperando um e-mail importante – e, acredite, eu não estava mesmo – a sensação de estar perdendo algo, qualquer coisa, cria um pequeno fluxo de ansiedade em mim. Matt Richtel, do NYT, pensa que eu sou apenas parte de um problema muito maior – uma população tecnaholic moderna que não estão apenas se alienando do mundo real, mas ferindo seus cérebros no processo. A solução? Deixe de lado esse monte de telas e dê o descanso merecido ao seu cérebro.

Ritchel relata o crescente número de pesquisas neurológicas que mostram que o cérebro precisa de um descanso para poder processar experiências e guardar mais informações. Então, quando nós tentamos preencher aquele silêncio constrangedor em um primeiro encontro com um joguinho de celular debaixo da mesa, nós não estamos apenas acabando com a chance de um segundo encontro, mas também prevenindo nossas mentes de gerar novos meios de entendimento. “Certamente, tempos de descanso dão ao cérebro o tempo de passear pelas experiências passadas, solidificá-las e torná-las permanentes, como memórias de longo prazo”, diz Loren Frank, da Universidade da Califórnia.

Então por que nós estamos cercando nossos olhos de telas? Infelizmente, provavelmente porque nesse momento da sociedade atual nós tenhamos medos de ficarmos longes delas. Nós morremos de medo do tédio. Tempo foi feito para ser usado jogando jogos, abrindo todos e-mails da caixa de mensagens, ou trocando SMS íntimas, se você tiver sorte. Mas a tecnologia serve para preencher pequenos vácuos em nosso cotidiano – um serviço que nós pensamos que é feito para tornar a vida mais fácil, mas que está nos transformando em zumbis esgotados. “As pessoas pensam que estão se revigorando, mas elas estão ficando mais cansadas ainda”, explica Marc Berman, um neurocientista da Universidade da Michigan.

O jeito de sair desse pântano de telas de LCD, diz Richtel, é provavelmente o que você está imaginando – deixar essas tralhas de lado e sair por aí, passear. Um estudo recente da Universidade de Michigan mostra que ficar em locais abertos com natureza ajuda nosso cérebro a aprender muito mais rápido do que estando em uma cidade grande – apesar de que isso não é uma opção para todos. Se a ideia de invadir a selva não é uma opção, “qualquer coisa que nos ajude a nos mover é benéfico”, diz John Ratey, da Escola de Medicina de Harvard. Ele está certo, é claro. Mas não será fácil para a maioria de nós saber qual o momento certo de deixar o celular de lado e mergulha nas florestas. É difícil pensar como nós preenchíamos nosso tempo livre antes de ter esses belos aparelhos ao nosso lado, mas sem dúvida vale a pena pensar nisso. Sem consultar a Wikipédia. [NY Times]

Ilustração por Sam Spratt.

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