Exercitar-se em grupo é melhor para seu bem-estar mental, sugere estudo

A maneira como nos exercitamos e como escolhemos fazê-lo é algo muito pessoal, mas uma nova pesquisa sugere que se exercitar em grupo tem suas vantagens, resultando em melhorias significativas em termos físicos, mentais e emocionais. Aqueles que malham sozinhos, em comparação, não experimentam virtualmente nenhuma mudança em níveis de estresse ou níveis percebidos de […]

A maneira como nos exercitamos e como escolhemos fazê-lo é algo muito pessoal, mas uma nova pesquisa sugere que se exercitar em grupo tem suas vantagens, resultando em melhorias significativas em termos físicos, mentais e emocionais. Aqueles que malham sozinhos, em comparação, não experimentam virtualmente nenhuma mudança em níveis de estresse ou níveis percebidos de condição física. Pelo menos aqueles observados no estudo — embora eles tenham tendência a se esforçar mais.

Uma nova pesquisa publicada no The Journal of the American Osteopathic Association mostra que se exercitar em grupo diminui o estresse em 26% (em média) em relação àqueles que se exercitam sozinhos. Aqueles que malham sozinho tendem a fazê-lo por mais tempo, não experimentam mudanças significativas em níveis de estresse e têm melhorias limitadas de qualidade de vida. A nova pesquisa, liderada por Dayna Yorks, da Faculdade de Medicina Osteopática da Universidade da Nova Inglaterra, foi limitada a estudantes de medicina, mas as descobertas podem ter implicações na população geral também.

É importante apontar que esse estudo não revela se ficamos em melhor forma ou mais fortes quando malhamos individualmente ou em grupo, mas ele sugere, sim, que se exercitar em grupo é melhor quando se trata de aspectos psicológicos e emocionais da malhação (um benefício minimizado dos exercícios). Dito isso, exercitar-se em grupo faz as pessoas se sentirem melhor em relação a seu bem-estar físico, o que pode ser tremendamente motivador.

“Os benefícios comuns de se juntar com amigos e colegas e fazer algo difícil, ao mesmo tempo em que se encoraja um ao outro, traz recompensas além do exercício em si”, disse Yorks em um comunicado. “As descobertas reforçam o conceito de abordagem mental, física e emocional à saúde que é necessária para estudantes de medicina.”

Para o estudo, Yorks e seus colegas recrutaram 69 estudantes de medicina — um grupo conhecido por ter altos níveis de estresse e baixa qualidade de vida autorrelatada. Foi pedido que os estudantes se juntassem a um programa de exercícios de 12 semanas, que eles poderiam completar em grupo ou individualmente. Os que escolheram malhar em grupo se inscreveram em um programa CXWORX (treinamento de força e aptidão física funcional), em que deveriam se exercitar por 30 minutos pelo menos uma vez por semana. Os que escolheram sessões individuais puderam adotar o regime de exercício que quisessem, como corrida ou levantamento de peso, mas tinham que se exercitar sozinhos ou com, no máximo, dois parceiros.

Portanto, esse grupo de amostragem, além de ser bem pequeno, não era aleatório; eles eram todos estudantes de medicina e tiveram a escolha de malhar sozinhos ou em grupos (em vez de serem designados). E, aliás, isso resultou, sim, em alguns efeitos de seleção. Os estudantes que se registraram em grupos tiveram menores avaliações emocionais de linha de base em comparação com os outros dois grupos (os individuais e o grupo de controle que não se exercitava). “É possível que aqueles que escolheram eles mesmos estarem em um grupo estivessem procurando por uma maneira de melhorar sua qualidade de vida emocional”, escreveram os pesquisadores no estudo.

Os estudantes foram convidados a completar uma pesquisa a cada quatro semanas, na qual eles avaliavam seus níveis de estresse e qualidade de vida percebidos em três categorias: mental, física e emocional. Depois de 12 semanas, as notas médias das pesquisas mensais mostraram melhorias em todos os domínios para os estudantes que escolheram se exercitar em grupo. Especificamente falando, eles relataram uma melhoria de 12,6% em saúde mental, 24,8% em saúde física e 26% em saúde emocional. Eles também relataram uma redução de 26,2% em seu nível percebido de estresse. Quanto aos que se exercitaram individualmente, eles tenderam a malhar o dobro de tempo que o outro grupo, mas não viram mudanças significativas, exceto na qualidade de vida mental, com crescimento de 11%.

“Em relação ao estudo, não tenho problemas”, disse ao Gizmodo Andreas Bergdahl, professor associado de Fisiologia Cardiovascular na Universidade Concordia e que não esteve envolvido com o novo estudo. “Não é particularmente uma novidade, já que esses tipos de estudo já foram feitos repetidas vezes. Ele tem um tamanho de amostragem bem pequeno, mas eu gosto do fato de que eles observaram tanto homens quanto mulheres (frequentemente, essas informações estão ‘misturadas’, o que esconde potenciais diferenças de gênero). Então, no geral, é um belo pequeno estudo que não traz nada novo, mas confirma o que foi visto em outras publicações.”

Essa “confirmação”, disse Bergdahl, é que exercícios em grupo nos motivam, nos dão confiança, nos responsabilizam e nos fazem aproveitar o máximo possível do nosso tempo malhando. Além disso tudo, ainda nos dão a chance de se divertir e fazer novos amigos.

“Tal exercício em grupo é uma boa para pessoas que são extrovertidas ou que estejam procurando conhecer novas pessoas, que se beneficiam da estrutura, que acham o exercício individual chato ou que têm dificuldade de manter a motivação por si próprias”, disse. “De fato, o apoio de colegas pode ser um grande motivador, quase como uma terapia em grupo.”

Bergdahl diz que existem explicações fisiológicas por trás desse fenômeno. Por exemplo, exercícios em grupos liberam uma enxurrada de substâncias químicas no cérebro, desencadeando as mesmas respostas vistas em atividades coletivas como dançar, rir e praticar alguma religião.

“Essas substâncias químicas, chamadas de endorfinas, são produzidas por virtualmente qualquer atividade física vigorosa, mas as sessões de exercício em grupo parecem aumentar o efeito dramaticamente”, disse. “Ligado a isso está o aumento do limite da dor que foi medida em remadores se exercitando juntos x sozinhos. A falta de sensação de dor, naturalmente, significa que o atleta pode ‘se empurrar’ a intensidades maiores, consequentemente aumentando os benefícios do treinamento. A liberação de endorfinas, na verdade, significa que, para algumas (mas não todas) pessoas, achar um parceiro de malhação pode ajudar a transformar os exercícios em um vício agradável (já que você pode ‘viciar’ em endorfinas).”

Repetindo, esse estudo foi limitado a estudantes de medicina, e seu objetivo foi ver se exercícios em grupo ou individuais eram melhores para o bem-estar emocional desse grupo em particular. Mas como aponta Bergdahl, essas descobertas podem ser aplicáveis a qualquer pessoa com nível extra de estresse e ansiedade em suas vidas.

Como nota final, os pesquisadores não estão dizendo que as pessoas que se exercitam sozinhas estão perdendo seu tempo.

“Essas descobertas não deveriam ser interpretadas como uma condenação do exercício individual”, escreveram. “Acreditamos que muito benefício pode decorrer de exercícios físicos de qualquer tipo, mas o acréscimo de aulas em grupo em uma população de estudantes de medicina pode ter benefícios adicionais. Se engajar em atividades físicas sociais pode ser uma solução para melhorar o bem-estar de estudantes de medicina.”

[The Journal of the American Osteopathic Association]

Imagem do topo: Army Medicine/Flickr

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