Um robô bonito é algo difícil de se encontrar. Robôs podem ser bonitos, alguns até bem bonitos, mas na medida em que começam a ficar realistas, eles começam a nos assustar. Um novo sistema que ajuda robôs a gerar expressões mais realistas pode aumentar essa sensação.
Muitos anos atrás, roboticistas notaram que na medida em que você transforma um robô abstrato em um humano você gera um pico de desconforto (o “princípio do vale da estranheza”) que faz as pessoas ficaram incomodadas quando um robô se parece realista mas não realista o bastante. Alguns dizem que é porque eles nos lembram cadáveres. Entretanto, pesquisas demonstram que se você manipular as imagens de robôs para deixá-los mais atraentes, é possível burlar esse incômodo.
Para criar um robô que seja mais aceito, expressões como as nossas são essenciais. É por isso que Nicole Lazzeri e suas colegas da Universidade de Pisa, Itália, desenvolveram um Motor Híbrido para Expressões Faciais Sintéticas (HEFES, na sigla em inglês) — um motor de animação facial que dá expressões realistas para uma robô humanoide chamada FACE.
A aparência de FACE é modelada com base na esposa de um dos membros do time. “É muito realista,” diz Lazzeri, que apresentou o trabalho na BioRob, em Roma, mês passado. Veja por si mesmo no vídeo abaixo.
Para imitar a miríade de expressões que os músculos faciais são capazes de conseguir, o time implantou 32 motores ao redor do crânio e na parte superior do tronco da FACE que manipulam sua pele de polímero da mesma forma que músculos reais fazem.
Para criar as expressões, eles usaram uma combinação de movimentos do motor baseados no Sistema de Codificação de Ações Faciais (FACS) — um sistema criado há 30 anos que codifica expressões faciais em termos de movimentos musculares anatômicos.
O HEFES é usado para controlar as expressões de FACE. É basicamente uma programação matemática que cria um “espaço emocional” no qual a pessoa pode usar para escolher uma expressão para FACE que existe em qualquer ponto entre uma ou mais emoções básicas, incluindo raiva, nojo, medo, alegria, tristeza e surpresa. O algoritmo então determina quais motores serão necessários serem movidos para criar aquela expressão ou transição entre duas ou mais.
O time avaliou a precisão das suas expressões ao pedir para que cinco crianças autistas e 15 não autistas identificassem um conjunto de expressões desempenhadas pela FACE e, então, por um psicológico. Ambos os grupos foram capazes de identificar felicidade, raiva e tristeza, mas menos capazes de identificar medo, nojo e surpresa.
Então, é mais atraente? Eu ainda não estou convencido. Mas a capacidade de FACE de alterar suavemente entre uma emoção e outra é notável. E não tão assustadora.