Relatório diz que ExxonMobil, gigante do petróleo, previu mudanças climáticas em 1977

Dados produzidos pela empresa no século passado concordam com pesquisas atuais e refletem mudanças climáticas vistas evidenciadas no presente
Relatório diz que a ExxonMobil, gigante do petróleo, previu mudanças climáticas em 1977
Imagem: WClarke/Wikimedia Commons/Reprodução

Pense no seguinte cenário: a empresa sabe que seus serviços podem destruir o mundo, mas nega esse fato e continua operando como se nada estivesse acontecendo. Anos depois, o colapso chega, mas já é tarde demais para mudar o cenário. 

Parece até filme de ficção científica, mas é realidade. Um estudo publicado na revista Science sugere que a ExxonMobil, uma das principais empresas de petróleo e gás do mundo, tinha dados que apontavam para as mudanças climáticas desde 1977, mas negaram essa informação. 

Essa não é uma novidade total. Em 2015, repórteres investigativos dos jornais Los Angeles Times e The Guardian encontraram documentos internos de cientistas da empresa que detalhavam os efeitos dramáticos que os combustíveis fósseis poderiam gerar até 2050. 

A empresa, claro, seguiu negando o risco. Eles diziam que a crise climática era coisa de alarmistas e que os modelos usados para prever o aquecimento global eram incertos. 

No estudo atual, pesquisadores da Universidade de Harvard, nos EUA, voltaram-se para estes documentos e compararam com outros produzidos por cientistas independentes e autoridades governamentais. Dessa forma, descobriram que entre 63 e 93% das projeções secretas da empresa produzidas entre 1977 e 2003 estavam corretas.

Segundo a equipe, a taxa de aquecimento projetada pela ExxonMobil foi de cerca de 0,20°C por década, uma estimativa próxima àquela alcançada por outros pesquisadores. Além disso, os cientistas da empresa também previram que os efeitos da crise climática só se tornariam aparentes na virada do século.

Os dados sobre as mudanças climáticas estavam escancarados para a empresa, mas eles optaram por negar a ciência. Mais uma vez, o mundo sai perdendo.

Carolina Fioratti

Carolina Fioratti

Repórter responsável pela cobertura de saúde e ciência, com passagem pela Revista Superinteressante. Entusiasta de temas e pautas sociais, está sempre pronta para novas discussões.

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