Facebook ameaça proibir que usuários na Austrália compartilhem notícias

Projeto de lei na Austrália quer que gigantes da tecnologia compartilhem lucros com empresas jornalísticas; Facebook planeja ação.
Logotipo do Facebook na Estação F em Paris. Crédito: Thibault Camus/AP
Crédito: Thibault Camus/AP

O Facebook ameaçou banir todo o conteúdo de notícias para usuários na Austrália se uma lei proposta pelo governo local avançar, de acordo com um comunicado de imprensa publicado pela empresa de mídia social na noite de segunda-feira (31). A proibição de notícias do Facebook se aplicaria a organizações de notícias e usuários individuais na Austrália, e tem o objetivo de ser uma ameaça às regulamentações que potencialmente forçariam o Facebook a compartilhar lucros com jornais e sites de notícias do país.

“Presumindo que esse projeto se torne lei, relutantemente pararemos de permitir que editores e pessoas na Austrália compartilhem notícias locais e internacionais no Facebook e Instagram”, escreveu Will Easton, diretor-geral do Facebook para Austrália e Nova Zelândia, em um comunicado que foi publicado online.

“Esta não é a nossa primeira escolha — é a nossa última”, continuou Easton. “Mas é a única maneira de se proteger contra um resultado que desafia a lógica e vai prejudicar, e não ajudar, a longo prazo o vibrante setor de notícias e mídia da Austrália”.

O executivo do Facebook afirmou que o conteúdo de notícias “representa uma fração do que as pessoas veem em seu feed de notícias” na plataforma e que as notícias “não são uma fonte significativa de receita para nós”.

O principal órgão de vigilância do consumidor da Austrália, a ACCC (Comissão Australiana de Concorrência e Consumidores), propôs que as empresas de notícias australianas se reunissem com gigantes da internet, como Facebook e Google, para negociar algum tipo de acordo de participação nos lucros. O governo australiano, chefiado pelo primeiro-ministro conservador Scott Morrison, argumenta que o Facebook e o Google estão lucrando com o conteúdo criado por empresas de mídia australianas, e não compartilhando adequadamente seus lucros.

De acordo com um estudo da Universidade de Canberra divulgado em junho, cerca de 39% dos australianos recebem “notícias gerais” do Facebook e metade da população do país consome notícias sobre COVID-19 na plataforma de mídia social. O Facebook não tem feito um bom trabalho em patrulhar desinformação em sua rede, e vários australianos acessaram o Twitter nesta terça-feira (1º) para dizer que talvez não seria uma ideia tão ruim se as pessoas não pudessem mais postar mais notícias no site.

A proposta de participação nos lucros ainda está em fase de planejamento e não foi aplicada, embora tenha recebido um apoio considerável da News Corp de Rupert Murdoch, que tem uma enorme presença na Austrália. O único jornal nacional do país, The Australian, é propriedade de Murdoch. O infame magnata de mídia também possui estações de TV, como a Sky News Australia.

A ACCC disparou contra o Facebook em uma declaração nesta terça-feira (1º), dizendo que é simplesmente uma questão de justiça para as gigantes da tecnologia negociar com empresas que produzem jornalismo.

“A ameaça do Facebook de prevenir o compartilhamento de notícias em seus serviços na Austrália é inoportuna e errada”, disse o presidente da ACCC, Rod Sims, em um comunicado.

“O rascunho de lei de negociação de mídia visa garantir que as empresas de notícias australianas, incluindo de mídia independente, comunitária e regional, possam obter um assento à mesa para negociações justas com o Facebook e o Google”.

“O Facebook já paga algumas empresas por conteúdo de notícias”, continuou Sims. “A lei visa simplesmente trazer justiça e transparências às relações do Facebook e do Google com as empresas de mídia e notícias australianas”.

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