Facebook bane 810 páginas e contas americanas que falavam de política, mas não revela detalhes

O Facebook vem desviando de acusações de censura e viés contra conservadores norte-americanos há cerca de um ano. Um pouco antes dos mid-terms, como são conhecidas as eleições do Legislativo nos EUA, a rede social tomou uma decisão arriscada. Na quinta-feira (11), a empresa anunciou a remoção de 559 páginas e 251 contas por causa […]

O Facebook vem desviando de acusações de censura e viés contra conservadores norte-americanos há cerca de um ano. Um pouco antes dos mid-terms, como são conhecidas as eleições do Legislativo nos EUA, a rede social tomou uma decisão arriscada. Na quinta-feira (11), a empresa anunciou a remoção de 559 páginas e 251 contas por causa de violações de regras. O Facebook diz que muitas dessas contas estavam envolvidas na divulgação de conteúdo político.

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Desde a eleição presidencial norte-americana de 2016, a rede social tem estado sobre pressão para dar uma resposta à questão das “fake news” em sua plataforma. Fake news é um termo que tem diferentes significados para cada pessoa — para alguns, são informações factuais das quais elas discorda, enquanto para outros são informações imprecisas que se passam por jornalismo.

O Facebook tem se concentrado em quebrar campanhas estrangeiras de influência que têm por objetivo balançar a opinião pública nos EUA a partir de fora de suas fronteiras. Nos últimos meses, vimos o Facebook derrubar redes de páginas sob a acusação de estarem conduzindo campanhas de desinformação a mando da Rússia e do Irã. O que torna as remoções de hoje diferentes é que o Facebook defende que as páginas e contas foram provavelmente feitas e comandadas por americanos.

Em um blog post, o chefe de políticas de cibersegurança do Facebook Nathaniel Gleicher e o gerente de produto Oscar Rodriguez explicaram que as 800 remoções foram motivadas por violações das regras contra spam e “comportamento não autêntico coordenado”.

O post passa bastante tempo explicando que a maioria do spam que o Facebook observa tem motivações financeiras, mas deixa claro que as páginas de que ele está tratando estavam, no mínimo, usando conteúdo político para direcionar tráfego para seus sites, que ganham dinheiro com propaganda. O texto também explica que estes atores mal-intencionados estavam usando múltiplas contas com o mesmo nome, ou contas fraudulentas com nomes falsos, e promoção cruzadas entre grupos para amplificar a repercussão. Este trecho é tudo que você precisa saber:

Muitos usavam contas falsas ou várias contas com os mesmos nomes e publicavam grandes quantidades de conteúdo em uma rede de grupos e páginas para direcionar o tráfego para seus websites. Muitos usaram as mesmas técnicas para tornar seu conteúdo mais popular no Facebook do que realmente era. Outros eram fazendas de propagandas usando o Facebook para induzir as pessoas a pensar que eram fóruns de debate político legítimo.

Nenhuma conta é identificada no post, e ele não dá nenhum exemplo do tipo de conteúdo que estava sendo publicado. Nós procuramos o Facebook para obter uma lista completa de remoções e um porta-voz nos disse que essa informação não será liberada. A rede social deu os seguintes exemplos: The Resistance, Reasonable People Unite, Reverb Press, Nation in Distress, Snowflakes. É provável que a empresa mantenha essa informação privada para evitar dar munição para qualquer facção política.

Aparentemente, o Facebook antecipou ao New York Times e ao Washington Post as informações sobre a remoção. Cada um dos veículos mencionou as mesmas páginas que foram informadas ao Gizmodo. A seleção pode ser caracterizada como variada entre visões de direita e esquerda.

Outra questão é quantos seguidores estas páginas tinham. O New York Times diz que a Right Wing News, um veículo conservador, tinha 3,1 milhões de seguidores. A Reverb Press, de esquerda, tinha 816 mil seguidores. O Facebook disse que não liberaria o número de seguidores. Um porta-voz da empresa afirmou que administradores das páginas e usuários foram notificados.

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A rede social não tem opções boas neste ambiente político. O que quer que ela faça, a reação será de indignação e suspeita de algum setor do público. Mas mesmo que o Facebook seja uma empresa privada com direito de definir suas próprias regras, tomar uma ação do tipo contra contas e páginas americanas vai inevitavelmente disparar uma nova onda de polêmica sobre liberdade de expressão.

Em um das exclusões massivas anteriores, movimentos políticos de Washington, DC acabaram tendo sua página — que estava organizando um protesto anti-racista — deletada por causa de uma ligação negligente com um grupo de estrangeiros que se passavam por americanos. Compreensivelmente, eles ficaram revoltados.

O fato de o Facebook manter todos os detalhes sobre essa ação sob sigilo pode evitar dores de cabeça no curto prazo, mas dá asas para a imaginação de muita gente. Em seu anúncio de quinta-feira, a rede social escreveu que estava tomando esta medida porque “as pessoas só compartilham no Facebook se se sentem seguras e confiam nas conexões feitas lá”. É um bom ponto, só que ele também se aplica à conexão do próprio Facebook com os usuários.

[FacebookNew York TimesWashington Post]

Imagem do topo: Getty

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