Facebook negou reembolso a pais mesmo sabendo que crianças estavam comprando itens sem querer em jogos

O ano de pesadelos do Facebook em 2018 pode ter acabado, mas o de 2019 está só começando. Um juiz federal dos EUA decidiu na segunda-feira (14) tornar pública uma nova leva de documentos judiciais detalhando como o Facebook ganhava dinheiro em cima de crianças. • Maioria dos usuários de Facebook ainda não sabe como anúncios […]
Alex Wong/Getty

O ano de pesadelos do Facebook em 2018 pode ter acabado, mas o de 2019 está só começando. Um juiz federal dos EUA decidiu na segunda-feira (14) tornar pública uma nova leva de documentos judiciais detalhando como o Facebook ganhava dinheiro em cima de crianças.

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Os documentos vêm de uma ação judicial coletiva de 2012 e serão tornados públicos graças a pedidos da organização de jornalismo investigativo Reveal, do Center for Investigative Reporting. Uma olhada nos registros entregues à organização em outubro teria mostrado que os próprios funcionários estavam preocupados com a possibilidade de que estivessem, de fato, enganando crianças e levando-as a gastar milhares de dólares em jogos. Os documentos também indicam que o Facebook não ofereceu reembolso aos pais, segundo o Reveal.

A queixa principal no caso envolve uma criança que, sem saber, gastou milhares de dólares em cobranças enquanto jogava um game no Facebook. Nesse exemplo, a criança não estava ciente de que o Facebook tinha as informações de cartão de crédito de sua mãe e então gastou, inadvertidamente, várias centenas de dólares em cobranças ao longo de semanas. A empresa, então, não atendeu ao pedido de reembolso da mãe da criança, e a família decidiu entrar com uma ação.

De acordo com o Reveal, os registros também destacam como alguns funcionários do Facebook demonstraram preocupação com os pais sendo cobrados sem seu consentimento. Um exemplo indica que a gigante das redes sociais sabia que a idade média do jogador de Angry Birds era de cinco anos. O site também supostamente sabia que, em quase todos os casos, os pais não achavam que seus filhos seriam capazes de fazer compras adicionais sem autorização ou senhas e que as crianças eram propensas a se confundir, já que a moeda dentro do jogo não pareceria “dinheiro de verdade” para os menores.

Uma conversa particularmente perturbadora envolve dois funcionários do Facebook que debatiam emitir ou não um pedido de reembolso envolvendo uma criança que, inadvertidamente, foi cobrada em US$ 6 mil em apenas duas semanas. A criança é descrita como uma “baleia”, termo de cassino usado para descrever gastadores imprudentes.

Gillian: Você reembolsaria esse tíquete de baleia? O usuário está contestando TODAS as cobranças…

Michael: Qual é o gasto total do usuário?

Gillian: É de US$ 6.545 – mas o cartão foi adicionado em 2 de setembro. Eles estão contestando todas as cobranças, acredito. Esse usuário também parece menor de idade. Bom, talvez não menos de 13 anos de idade.

Michael: O usuário escrevendo (o pedido) é um pai ou esse usuário de mais ou menos 13 anos?

Gillian: É o de mais ou menos 13 anos, ele diz que tem 15 anos. Parece um pouco mais jovem. Ela*, não ele. Lol.

Michael: … Eu não reembolsaria.

Gillian: Ah, tudo bem. Legal. Só estava checando.

Credo. Dá para esperar que mais detalhes zoados surjam nos próximos dias. O Facebook tem cerca de dez dias para tornar pública a maioria dos documentos, que passam de 100 páginas.

[Reveal]

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