Durante esta semana, surgiu uma campanha entre grandes empresas nos EUA para deixarem de anunciar no Facebook por considerarem fracas as políticas da rede social contra desinformação e discurso de ódio. Unilever, Verizon e Ben & Jerry’s são algumas das que se pronunciaram publicamente — a Unilever, um conglomerado com dezenas de marcas, também disse que deixará de anunciar no Twitter.
Por coincidência ou não, durante a tarde desta sexta-feira (26), Mark Zuckerberg, CEO do Facebook, disse que a plataforma marcaria postagens de políticos que violem as regras da rede social.
O curioso é que há algumas semanas Mark Zuckerberg criticou a postura do Twitter, que adicionou checagem de fatos em um tuíte do presidente dos EUA, Donald Trump, que incitava violência contra manifestantes. De forma resumida, o argumento de Zuckerberg era de que as plataformas não deveriam arbitrar a verdade, ainda mais por se tratar de um discurso político.
Com a mudança anunciada por Zuckerberg, o Facebook continuará a permitir que políticos e figuras públicas disseminem discurso de ódio, porém haverá uma sinalização de que ele só continuará na plataforma por ter interesse público.
Como descreveu o TechCrunch, a medida do Facebook parece ser uma versão mais leve do que o Twitter fez com Trump.
No caso do microblog, eles marcaram o conteúdo dizendo que ele “violava as regras do Twitter”, limitaram sua disseminação (não é possível retuitar a publicação), adicionaram um link de checagem de fatos, mas não apagaram, pois é de interesse público.
Em um vídeo, Zuckerberg justificou a medida da seguinte forma:
“Algumas vezes neste ano, nós deixamos conteúdos que violavam nossas políticas se o interesse público fosse maior que o risco de causar danos. Frequentemente, ver o discurso de políticos é de interesse público e, da mesma forma que os veículos de comunicação relatam o que um político diz, achamos que as pessoas geralmente deveriam vê-lo por si mesmas em nossas plataformas.
Em breve, começaremos a rotular parte do conteúdo que deixamos de lado por ser considerado de interesse público, de modo que que as pessoas saibam quando for o caso. Permitiremos que as pessoas compartilhem esse conteúdo para condená-lo, assim como fazemos com outros conteúdos problemáticos, porque é uma parte importante de como discutimos o que é aceitável em nossa sociedade — mas adicionaremos um aviso para informar às pessoas que o conteúdo que elas estão compartilhando pode violar nossas políticas.”
Apesar dessa defesa do “interesse público”, o cofundador do Facebook fez questão de afirmar que mensagens com ameaças de violência ou que incentivem a supressão de votos, tendo ou não interesse público, não serão exibidas na rede, independente de o autor ser político ou não.
Além disso, Mark Zuckerberg afirmou que a rede passará a banir propagandas com a mensagem de que certos grupos raciais ou etnias são uma ameaça à segurança das pessoas, além de proibir anúncios que expressam desprezo ou repulsa a imigrantes e refugiados.
Não dá para dizer com certeza que Zuckerberg agiu apenas por saber que perderia receita de publicidade. No entanto, o tempo da manifestação das empresas e o pronunciamento do CEO do Facebook indicam que a rede está, no mínimo, preocupada com o que pode acontecer caso não lidem de forma apropriada com os problemas de discurso de ódio e disseminação de notícias falsas na rede.
[Cnet e TechCrunch]