Facebook diz que não apagará post de Trump incitando violência contra manifestantes

O Facebook não irá remover uma publicação de Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, que incentivava a violência contra manifestantes que protestam contra a brutalidade policial em Mineápolis, disse o CEO da rede social, Mark Zuckerberg.
Mark Zuckerberg
Crédito: Chip Somodevilla/Getty

O Facebook não irá remover uma publicação de Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, que incentivava a violência contra manifestantes que protestam contra a brutalidade policial em Mineápolis, disse o CEO da rede social, Mark Zuckerberg, nesta sexta-feira (29). Na manhã de sexta, o Twitter marcou duas publicações idênticas feitas no perfil de Trump e na conta oficial da Casa Branca por ferir as regras sobre “enaltecimento de violência”.

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Nessas publicações, as afirmações de Trump ofereciam suporte militar ao governador de Minnesota e ameaçavam enviar a Guarda Nacional se o prefeito de Mineápolis, Jacob Frey, não “desse um jeito nas coisas e colocasse a cidade sob controle”.

Trump ainda disse que se os protestos de “bandidos”não fossem interrompidos, ele “assumiria o controle, mas, quando o saque começar, o tiroteio começa” – uma citação que faz alusão a um chefe da polícia de Miami que aterrorizou comunidades negras e provocou motins nos anos 1960.

A frase “quando o saque começa, o tiroteio começa” (“when the looting starts, the shooting starts”) foi cunhada em uma entrevista coletiva em dezembro de 1967 pelo chefe da polícia de Miami, Walter Headley, durante a revolta daquele ano por moradores negros.

Embora Zuckerberg descreva corretamente os comentários de Trump como uma “retórica divisória e inflamatória”, o Facebook acabou decidindo manter o post por causa do compromisso da plataforma com a “livre expressão” e argumentou que a alusão a uma iminente resposta militar é uma questão de interesse público.

“Embora o post tivesse uma referência histórica preocupante, decidimos mantê-lo no ar porque as referências à Guarda Nacional significavam que o lemos como um aviso sobre ações estatais, e achamos que as pessoas precisam saber se o governo está planejando fazer uso da força”, escreveu Zuckerberg em um post no Facebook.

“Sei que muitas pessoas estão chateadas por termos mantido os posts do presidente, mas nossa posição é que devemos permitir a máxima expressão possível, a menos que isso cause risco iminente de danos ou perigos específicos explicitados em políticas claras.”

A decisão do Facebook vem depois de um longo processo de deliberação, segundo Zuckerberg. A empresa foi duramente criticada por sua neutralidade e particularmente por seu contraste com a resposta do Twitter, que escondeu os posts de Trump sob um aviso em questão de horas. Internamente, as opiniões parecem ter sido profundamente divididas, e vários posts vazados mostram funcionários decretando falta de ação no Facebook, de acordo com o Verge.

Na resposta de Zuckerberg, ele destaca a tentativa de Trump de voltar atrás em seus comentários com tuítes subsequentes afirmando que a expressão não era uma ameaça – o que, evidentemente, era.

O CEO do Facebook também provocou o Twitter, explicando que se o post de Trump tivesse violado as política do Facebook contra incitação de violência, ele teria tomado ações mais fortes de que seu concorrente.

“Ao contrário do Twitter, não temos uma política de colocar um aviso sob posts que possam incitar à violência, porque acreditamos que se um post incita à violência, ele deve ser removido independentemente de ser ou não digno de notícia, mesmo que venha de um político”, disse Zuckerberg.

O que é papo furado vindo de uma plataforma que não fez literalmente nada nesta situação.

Por fim, Zuckerberg argumentou que o Facebook preservou os comentários do presidente porque “a responsabilidade por aqueles em posições de poder só pode acontecer quando o seu discurso é escrutinado a céu aberto.”

Essa linha de pensamento é muito parecida com o argumento que o Facebook defendeu no ano passado, quando possibilitou uma brecha para que mentiras fossem veiculadas em campanhas publicitárias políticas.

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