Facebook é cada vez menos usado como meio de informação, e quem agradece é o WhatsApp

O problema em torno das fake news, que têm impacto especialmente importante durante anos de eleições, tem no WhatsApp, pelo menos no caso do Brasil, um de seus principais vetores. E segundo um estudo recente, feito pelo Reuters Institute for the Study of Journalism, é bom outros países começarem a se debruçar sobre maneiras de […]

O problema em torno das fake news, que têm impacto especialmente importante durante anos de eleições, tem no WhatsApp, pelo menos no caso do Brasil, um de seus principais vetores. E segundo um estudo recente, feito pelo Reuters Institute for the Study of Journalism, é bom outros países começarem a se debruçar sobre maneiras de evitar que o mesmo aconteça em seus territórios, porque o app — além de outros serviços de mensagem — estão ganhando cada vez mais relevância no consumo de notícias por parte dos usuários.

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O estudo utiliza pesquisas feitas pelo YouGov com amostras de população representativas de diversos países. O uso de redes sociais como fonte de notícias, em geral, caiu nos últimos dois anos, com o número nos Estados Unidos caindo seis pontos percentuais do ano passado para cá (51% para 45%), enquanto o Brasil viu a mesma queda, mas entre 2016 e 2017 (72% a 66%). Essa queda, revela o estudo, tem muito a ver com as próprias políticas recentes do Facebook, de priorizar conteúdos de amigos em detrimento das páginas de notícias.

O levantamento revela que, em média, o nível de confiança nas notícias em geral permanece de certa forma estável, em 44%. Em comparação, a confiança com as notícias encontradas em redes sociais esteve em apenas 23%. Este número foi maior em relação a notícias encontradas por meio de busca, com 34%, e 51% disseram confiar nas notícias publicadas por veículos de imprensa que eles mesmo usam com frequência.

A baixa confiança em notícias vindas das redes sociais poderia ajudar a explicar a queda no uso desses espaços para se informar, mas o que derrubou mesmo o número foi o Facebook, com suas mudanças nos últimos tempos. No Brasil, por exemplo, a pesquisa revela que a queda no uso da rede de Mark Zuckerberg como fonte de notícias foi de 17 pontos percentuais, indo de 69% para 52% entre 2016 e 2017. Já de 2017 para 2018, a queda foi notável nos EUA, indo 48% para 39%. Diversos outros países, como Reino Unido, Alemanha, França e Irlanda apresentaram uma diminuição, mas ela não foi universal. A Espanha, por exemplo, viu um aumento de um ponto percentual.

Por outro lado, apps de mensagem têm visto um crescimento de seu uso como fonte de notícias, algo notadamente claro no Brasil, onde 48% dos consultados afirmaram usar o WhatsApp para se informar. Outros países que também usam bastante o app para se informar incluem Malásia (54%), Espanha (36%) e Turquia (30%). A ascensão tem sido constante no mundo, indo de 10% para 14% entre 2016 e 2018. Na contramão, o Facebook foi de 42% para 36% no mesmo período. E se formos considerar desde 2014, o número quase triplicou, segundo o estudo.

A teoria levantada pelo estudo é de que as pessoas estão buscando cada vez mais ambientes mais fechados para emitir suas opiniões, com as redes grandes de contatos no Facebook passando a tornar desconfortável a experiência de compartilhar algum determinado tipo de conteúdo abertamente. “Mesmo que você discorde de seu amigo no WhatsApp, amigos são capazes de manter um bom nível de respeito, todos compartilham sua opinião, e qualquer que discorde pode fazer piada com isso. É um ambiente mais leve para debater notícias com amigos no WhatsApp do que no Facebook”, explicou ao estudo um brasileiro, que não teve seu nome revelado.

Com uma eleição à frente neste ano, pelo menos um número pode dar a nós, brasileiros, um tantinho de esperança, ainda que ele não pareça se manifestar tanto na realidade: a veracidade das notícias no Brasil foi algo com que 85% dos entrevistados concordaram se preocupar, enquanto no mundo todo o número foi de 54%. Espanha (69%) e EUA (64%) também mostram números altos, com 69% e 64%, um sintoma comum de países com situações políticas polarizadas, na visão do estudo.

[Reuters Institute, Mashable]

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