Posts promovidos dominam cada vez mais o Facebook – e eles não são feitos apenas por marcas

Em sua página de login, o Facebook declara que “é gratuito e sempre será”. Você não precisa pagar nada… a menos que queira ser ouvido por seus amigos. O Facebook oferece a opção de “promover” seus posts desde outubro: você paga um valor entre R$ 3,61 (cartão de crédito) e R$ 8,86 (boleto bancário) e […]

Em sua página de login, o Facebook declara que “é gratuito e sempre será”. Você não precisa pagar nada… a menos que queira ser ouvido por seus amigos.

O Facebook oferece a opção de “promover” seus posts desde outubro: você paga um valor entre R$ 3,61 (cartão de crédito) e R$ 8,86 (boleto bancário) e seu conteúdo salta para o topo do Feed de notícias de seus amigos. Se isso é algo comum para empresas, é estranho imaginar pessoas comuns usando isso com frequência, certo? Aparentemente, não é isso que o Facebook quer que você pense.

E os posts não-promovidos, pelos quais o Facebook não recebe dinheiro? Estes aparecem para cada vez menos pessoas. É o que notou Nick Bilton, do New York Times: apesar de sua base de seguidores (ou “assinantes”) no Facebook saltar de 25 mil para 400 mil pessoas em um ano, o número de likes e compartilhamentos despencou. Com outros repórteres do NYT e de outros sites, aconteceu a mesma coisa.

Então Nick resolveu fazer um pequeno experimento:

Paguei US$ 7 ao Facebook para promover minha coluna semanal aos meus amigos… Para minha surpresa, vi um aumento de 1.000% na interação em um link que postei, que teve 130 likes e 30 compartilhamentos em apenas algumas horas. Parece que o Facebook não está apenas promovendo meus links nos feeds de notícias quando eu pagar por eles – mas também, possivelmente, suprimindo aqueles pelos quais eu não pago.

Bastou pagar alguns dólares ao Facebook, e o número de likes e compartilhamentos voltou ao que era antes. Por ser patrocinado, o número de pessoas que viram o post saltou em 5,2 vezes. Mas é o próprio Facebook que controla a visibilidade – isso está certo?

Sabemos que o Facebook está sob pressão para encontrar fontes de dinheiro desde que entrou na bolsa de valores. E anúncios têm um limite: eles não podem irritar os usuários, senão eles largam a rede e ela perde valor. Pelo visto, estamos perigosamente próximos desse limite; enquanto isso, as investidas do Facebook além da propaganda não parecem ter surtido muito efeito.

Esta estratégia duvidosa pode ser prejudicial para o Facebook, e não apenas um erro deixado para trás. Há vários pontos questionáveis nessa tática, e James McQuivey, analista da Forrester Research, acerta em cheio ao explicar:

“Não só as pessoas vão se sentir um pouco enganadas por isso: o valor do Facebook acaba desaparecendo, à medida que o fluxo de informações na rede social, que antes era rápido e sem fricção, é consumido por publicidade”, disse McQuivey.

É mais um lembrete de que, se o serviço é gratuito, você não é um cliente: você é o produto. Afinal, a empresa precisa ganhar dinheiro em algum momento: isso será através de propagandas, ou de métodos questionáveis como este.

Qual a alternativa? Ou vamos todos para o Google+ – feito e gerido por uma empresa que vive de propaganda – ou entramos em uma rede social paga. A ideia pode parecer absurda para muitos, é claro, mas alguém precisa pagar a conta: é melhor uma enxurrada de anúncios, ou uma taxa mensal?

O maior exemplo atual de rede social paga é a plataforma App.net, semelhante ao Twitter porém livre de anúncios e anunciantes: são US$ 5 por mês, ou US$ 36 por ano. No entanto, os números do App.net ainda são bem modestos: 30 mil assinantes, sendo que 3 mil deles usam o serviço diariamente. Recentemente, a rede social criou um sistema freemium, onde você não precisa pagar, mas precisa de convites e tem algumas limitações no uso.

O Facebook nega que queira prejudicar o conteúdo não-patrocinado dos usuários. A rede social responde ao New York Times dizendo que ainda ajusta seus algoritmos para encontrar um equilíbrio entre posts e propagandas:

“Os dois não estão relacionados: não temos um incentivo para reduzir a distribuição que você envia para seus seguidores, a fim de mostrar mais anúncios a eles”, disse Will Cathcart, gerente de produto do feed de notícias do Facebook… “Ao longo do tempo, nós realizamos uma série de mudanças em nosso algoritmo que podem fazer certo conteúdo subir ou descer.”

Mas o Facebook é uma rede gigantesca: são mais de um bilhão de usuários ativos por mês. Cada vez mais estes erros – como promover Páginas usando perfis de pessoas mortas – serão questionados com mais veemência. “Esconder” posts não-promovidos é algo inconveniente, e dependendo da sua relação com o Facebook, pode ser mais um motivo para deixar a rede social. [New York Times]

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