A sala de guerra do Facebook está vazia, mas rede social diz que ainda vai usar suas táticas
A chamada “sala de guerra” do Facebook, onde uma equipe checava vários monitores supostamente combatendo propaganda e desinformação durante as eleições dos EUA e do Brasil, será fechada.
A informação apareceu em uma reportagem da Bloomberg, publicada nesta segunda-feira (26), sobre os escândalos em torno da chefe de operações da empresa, Sheryl Sandberg. Segundo o Facebook, haveria uma mudança: eles deixaram de operar a sala de guerra para operar em “táticas da sala de guerra”.
O que isso significa ainda não está claro. Além disso, a empresa “ainda não decidiu quais eleições são significativas o suficiente” para justificar colocar algumas pessoas nessa sala:
Há dois meses, o Facebook mostrou a “sala de guerra” que reunia funcionários de diferentes times para encontrar e consertar rapidamente problemas envolvendo a desinformação durante as eleições de meio de mandato dos EUA. Naquela época, a companhia disse que a sala de guerra poderia ser usada em futuras eleições. Mas ela foi dissolvida. O Facebook diz que nunca teve a intenção de mantê-la permanentemente e que ainda está avaliando a sua necessidade para futuras eleições.
Após a publicação da matéria, a companhia mudou seu posicionamento: o Facebook ainda irá utilizar as táticas da sala de guerra, como a localização de tendências preocupantes na atividade de usuários, para futuras eleições, mas ainda não decidiu quais eleições são significativas o suficiente para criar uma área física para a reunião [dos funcionários].
Em um comunicado mais longo enviado ao TechCrunch, o Facebook disse que “nossa sala de guerra é focada especificamente nos problemas relacionados às eleições e é projetada para responder rapidamente a ameaças tais como esforços de supressão de eleitores e desinformação cívica. Foi um esforço efetivo durante as recentes eleições que aconteceram nos Estados Unidos e no Brasil, e estamos planejando expandir os esforços para eleições ao redor do mundo.” Além disso, o vice-presidente de produto do Facebook, Guy Rosen, tuitou que a empresa planeja, na verdade, expandir seus esforços anti-propaganda, mesmo que a sala física esteja vazia atualmente.
The war room will be operational ahead of major events, and it still stands. It was effective for our work in both the Brazil and US elections which is why it’s going to be expanded, not disbanded.
— Guy Rosen (@guyro) 26 de novembro de 2018
A sala de guerra vai funcionar diante de grandes eventos, e isso continua. Ela foi efetiva em nosso trabalho, tanto nas eleições do Brasil quanto na dos EUA, e por isso iremos expandi-la e não dissolvê-la.
O Facebook tem enfrentado diversas controvérsias. Há questionamentos a respeito do uso de suas plataformas (incluindo subsidiárias como o WhatsApp) para a distribuição de notícias falsas e propaganda; ceticismo sobre como a empresa lida com dados de usuários; e descrédito após o financiamento de campanhas difamatórias a críticos, como o bilionário filantropo George Soros.
Embora a iniciativa da sala de guerra tenha ganhado uma cobertura favorável, os esforços parecem não ter sido o suficiente durante as eleições brasileiras. Uma reportagem recente na Rolling Stone destacou uma percepção crescente de que os esforços do Facebook respondem arbitrariamente à pressão política externa.
Em outras palavras, a ampla expansão do Facebook pode tê-lo deixado muito grande, caótico e com muitos problemas difíceis de serem resolvidos. As possíveis soluções também podem causar reações de diferentes setores.
Aparentemente, o CEO Mark Zuckerberg disse aos seus funcionários que a companhia está “em guerra”. Segundo a Bloomberg, um porta-voz do Facebook propôs “um time estratégico de resposta” que levaria crises à atenção de Sandberg antes que saíssem do controle.