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Fairphone 3: hardware atualizado e proposta de meia década de longevidade

Fale o que quiser sobre os smartphones modulares – e certamente há muita coisa a se dizer –, mas eles podem ter um benefício claro em relação aos celulares que a maioria de nós carrega no bolso: reduzir o lixo eletrônico. Jogar nossos aparelhos fora simplesmente porque não podemos ou sabemos como consertá-los contribui muito […]

Fairphone 3

Fale o que quiser sobre os smartphones modulares – e certamente há muita coisa a se dizer –, mas eles podem ter um benefício claro em relação aos celulares que a maioria de nós carrega no bolso: reduzir o lixo eletrônico.

Jogar nossos aparelhos fora simplesmente porque não podemos ou sabemos como consertá-los contribui muito na crise global que envolve o descarte de materiais eletrônicos, com resultados potencialmente desastrosos. Não ajuda o fato de as fabricantes que fazem a maioria desses produtos não contribuírem para diminuir o impacto.

O Fairphone, no entanto, parece ser uma exceção à regra. A empresa alemã anunciou nesta semana o lançamento da terceira geração de seu celular modular, o Fairphone 3. Entre suas características estão a priorização de transparência, acessibilidade e maior usabilidade em relação a aparelhos caríssimos.

Com o lançamento desse modelo, a companhia mostra que está comprometida a desafiar um padrão de empresas que usam seus monopólios para restringir reparos e deixar o consumidor refém de seus próprios programas.

Há dois principais motivos pelo qual nós, como consumidores, trocamos tão rápido os nossos dispositivos: falta de escolhas (ou incapacidade) para o reparo e preços exorbitantes e muitas vezes arbitrários. Pense neste cenário: você quebra o seu celular e o custo de conserto é um pouco menor do que comprar um smartphone novinho. O que você faz? Provavelmente é melhor gastar um pouquinho mais e pegar um novo, né?

Mas se você pudesse comprar os equipamentos originais da fabricante de peças por preços baixos e você mesmo fazer o reparo ou conseguir uma assistência barata seria mais vantajoso, não? Esse é o argumento feito pelas pessoas que lutam pelos direitos do consumidor e brigam para que os próprios clientes possam consertar suas coisas. Sem mencionar que existem sérios impactos ambientais e humanitários para apoiar essa causa.

Nathan Proctor, que lidera a campanha para o Direito ao Reparo do Public Interest Research Group dos EUA, elogiou o Fairphone 3, dizendo ao Gizmodo, por e-mail, que “é excelente ver uma fabricante tentando abordar a mais importante desvantagem de nossos smartphones. Eles são parte de um pequeno mercado, mas um lembrete de que fabricantes maiores poderiam fazer melhor se quisessem”.

Um reconhecimento desses fatos – algo que é incomum na indústria de smartphone – parece ser o modelo em torno do qual a Fairphone posiciona seus produtos no mercado. No anúncio do Fairphone 3 feito nesta semana, a companhia apontou especificamente para os diversos problemas que estão no centro do mercado, incluindo as emissões de dióxido de carbono, lixo eletrônico, más práticas de fornecimento e condições de trabalho miseráveis.

A Fairphone diz que o seu próprio produto é “um celular que foi feito para durar”. Para assegurar isso, o aparelho é feito de sete módulos – incluindo uma câmera frontal de 8 megapixels e um sensor dupla de 12 megapixels na traseira – que podem ser trocados facilmente com peças de reparo. O aparelho vem ainda com Gorilla Glass 5, bem como 64 GB de armazenamento que pode ser expandido para mais de 256 GB via cartão microSD. Por fim, ele roda o Android 9, mas o TechCrunch diz que uma atualização futura vai permitir que os usuários optem pelo Android Open Source Project.

A melhoria em relação às gerações anteriores está no projeto: a arquitetura modular foi aprimorada e ele tem um visual mais compacto, fino e refinado. A ideia dos módulos não é customizar ou fazer upgrades de peças, mas ter uma maneira fácil de consertar as peças que eventualmente quebrarem. É curioso, inclusive, que a segunda geração do aparelho vinha com um processador Qualcomm Snapdragon 801 e o Fairphone 3 vem com um chipset de uma linha abaixo: Qualcomm 632.

Em entrevista ao TechCrunch, a empresa diz que remodelou parte de seu plano de negócios uma vez que a indústria como um todo não está preparada para projetos sustentáveis, citando a falta de suporte para os componentes e software dentro de uma janela de aproximadamente dois anos. A grande promessa é que a terceira geração do Fairphone consiga durar entre cinco e sete anos – para isso, planejaram um estoque de componentes e parcerias.

A Fairphone não apenas se preocupa em adquirir seus materiais de forma responsável – como ao usar cobre e plásticos reciclados e materiais livres de conflitos – como afirma que recompensará os consumidores que devolverem seus telefones por meio de seu programa de reciclagem.

O porta-voz da empresa não respondeu imediatamente aos pedidos do Gizmodo para comentários. No entanto, a CEO da Fairphone, Eva Gouwens, disse em um comunicado que a companhia “desenvolveu o Fairphone 3 para ser uma alternativa realmente sustentável no mercado, o que é um grande passo em direção a uma mudança que irá perdurar. Ao estabelecer um mercado para produtos éticos, queremos motivar toda a indústria a agir com mais responsabilidade uma vez que não conseguiríamos alcançar essa mudança sozinhos”.

O produto é vendido somente na Europa com preço sugerido de 450 euros, aproximadamente R$ 2.100. Os envios começam no dia 3 de setembro.

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