Astrônomos descobriram Farout, o objeto mais distante conhecido do Sistema Solar

Uma equipe de astrônomos descobriu o objeto transnetuniano mais extremo nos limites externos do Sistema Solar. Chamado de “Farout”, o objeto tem uma distância 120 vezes maior que o percurso entre o Sol e a Terra. Dadas as estimativas preliminares sobre seu tamanho, este objeto pode ser, na verdade, um planeta anão — mas ele […]
Ilustração por Roberto Molar Candanosa/Carnegie Institution for Science

Uma equipe de astrônomos descobriu o objeto transnetuniano mais extremo nos limites externos do Sistema Solar. Chamado de “Farout”, o objeto tem uma distância 120 vezes maior que o percurso entre o Sol e a Terra. Dadas as estimativas preliminares sobre seu tamanho, este objeto pode ser, na verdade, um planeta anão — mas ele ainda é muito pequeno para ser qualificado como o misterioso Planeta X.

Quando vamos encontrar o Planeta X?

O recém-descoberto objeto foi anunciado nesta segunda-feira (17) pelo Centro de Pequenos Planetas do International Astronomical Union. Ainda serão necessários muitos anos de observação para poder caracterizar completamente o objeto e sua órbita, mas o IAU já o inseriu em sua base de dados com o nome provisório 2018 VG18, juntamente com suas coordenadas e notas observacionais. Farout, como foi apelidado, foi descoberto pelo astrônomo Scott S. Sheppard, do Instituto de Ciência de Carnegie, e seus colegas da Universidade do Havaí e da Universidade do Norte do Arizona.

O Farout foi observado por astrônomos pela primeira vez em 10 de novembro de 2018, usando o telescópio japonês Subaru, que conta com uma lente de 8 metros e fica localizado no topo do Mauna Kea, no Havaí. O objeto, então, foi novamente observado no início de dezembro com o telescópio Magellan, no observatório Las Campanas, no Chile. Estas múltiplas observações, além de confirmarem o objeto, foram usadas para estabelecer seu caminho através do céu noturno, bem como seu tamanho, brilho e cor.

Escala de distância de UA (Unidades Astronômicas); Farout tem 120 UA. Crédito: Roberto Molar Candanosa/Scott S. Sheppard/Carnegie Institution for Science

Este objeto extremo transnetuniano está a cerca de 120 UA (unidades astronômicas; ou AU, na sigla em inglês) da Terra, com 1 UA sendo a distância média entre a Terra e o Sol (cerca de 149 milhões de quilômetros). Farout é tão longe que a luz do Sol leva 16 horas e 40 minutos para viajar uma distância de 18 bilhões de quilômetros.

“2018 VG18 é o primeiro objeto encontrado além dos 100 UA em nosso Sistema Solar”, disse Sheppard ao Gizmodo. “Ele se mexe tão devagar, que levará anos para ver movimento o suficiente para podermos determinar a órbita deste objeto ao redor do Sol.”

Sheppard e seus colegas não se surpreenderiam se um ano de Farout dure mais de 1.000 anos na Terra.

Em comparação, Plutão tem uma distância de 34 UA do Sol, então Farout é 3,5 mais distante. Outros objetos extremos transnetunianos incluem Eris (com 96 UA) e Goblin, que foi descoberto no início deste ano, com 90 UA.

Os astrônomos ainda não sabem muito sobre as características físicas do Farout, pois seu sinal é muito fraco.

“Baseado no seu brilho e distância, é provável que ele tenha entre 500 e 600 km de diâmetro. Com este tamanho, a gravidade dominará qualquer força material que o objeto possa ter e, portanto, deve ter uma forma esférica”, afirmou Sheppard. “Isso o classificaria como um planeta anão. A cor do objeto é entre rosada e vermelha, o que sugere que ele tenha uma superfície gelada. O gelo geralmente adquire este tom avermelhado após ser irradiado por longos períodos de tempo radiação solar.”

Fotos mostrando o 2018 VG18 em 10 de novembro de 2018. As imagens foram tiradas com um intervalo de 1 hora. Crédito: Scott S. Sheppard/David Tholen

Farout foi descoberto como parte da busca pelo distante Planeta Nove, às vezes conhecido também como Planeta X. Acredita-se que este planeta hipotético exista fora dos domínios do Sistema Solar por causa da forma como outros objetos do Cinturão de Kuiper estão orientados. Mas, como Sheppard observou, Farout não deve ser o Planeta X, pois acredita-se que ele seja muito maior que o objeto recém-encontrado.

“O Planeta X precisa ser muitas vezes maior que a Terra para que ele possa empurrar gravitacionalmente outros objetos menores ao redor dele e conduzi-los a tipos similares de órbitas”, explicou Sheppard. “O Planeta X também parece estar ainda mais distante, com algumas centenas de UA.”

É razoável imaginar como este objeto foi parar tão longe do nosso sistema solar e os astrônomos não saberão a resposta desta questão até que a órbita de Farout possa ser determinada.

“Se a órbita dele o trouxer mais para perto [do Sistema Solar] em algum ponto, como Netuno ou um dos outros planetas gigantes, então é provável que ele tenha ido para fora de sua atual localização e orbita gravitacionalmente interagindo com um planeta como Netuno”, disse Sheppard. “Se sua órbita nunca se aproximar de um planeta gigante de nosso Sistema Solar, então se torna uma grande questão sobre como ele foi parar lá. Isso sugeriria que o Planeta X o puxou para esta grande distância.”

Qualquer um dos resultados será animador; o primeiro nos ajudará a entender melhor a história do Sistema Solar, enquanto a segunda hipótese nos ofereceria mais provas da existência do Planeta X.

Como um divertimento final, enviar uma sonda para Farout não seria uma ideia tão terrível. Atualmente, a sonda New Horizons está programada para visitar o Ultima Thule, um objeto distante do Cinturão de Kuiper, no dia da virada, e ela está viajando a uma velocidade de 58.500 km/h. Com essa velocidade, levaria de 35 a 40 anos para uma sonda sair da Terra e chegar ao Farout. Talvez seja algo para a NASA pensar ao planejar sua próxima geração de missões espaciais.

[Carnegie Science]

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