O FBI operou ao menos 23 sites de pornografia infantil, sugerem documentos
De acordo com documentos obtidos pelo Ars Technica a partir da ONG União Americana pelas Liberdades Civis, o FBI pode ter operado até 23 sites de pornografia infantil na dark web.
• O FBI assumiu controle de um site de pornografia infantil e o tráfego quintuplicou
Sabemos que o FBI operou um dos maiores sites de pornografia infantil da web, o Playpen, por 13 dias. O FBI levou tão a sério o projeto que fez até o site melhorar em desempenho e rodar mais rapidamente.
Isso fez parte de uma tática que a FBI usou o que os agentes chamam de Técnica de Investigação de Rede (NIT, um termo novo para malware) para descobrir a identidade das pessoas que acessavam sites de pornografia infantil.
Para acessar esses sites, você precisa usar a rede do Tor, que faz sua identidade ficar anônima. O NIT do FBI conseguiu acabar com o anonimato de quem acessava esses sites, permitindo assim a descoberta do endereço de IP e outros dados, o que levou algumas pessoas à prisão.
Eis o parágrafo-chave dos documentos que parece mostrar o FBI dizendo que operou 23 sites diferentes de pornografia infantil:
Em uma operação normal de um website, um usuário envia “solicitação de dados” para o site para conseguir acessá-lo. Enquanto os Websites 1-23 operarem em instalações governamentais, tais solicitações de dados associadas às ações nos Websites 1-23 vão ser coletadas. Essa coleta de dados não é uma função do NIT. Tais solicitações de dados podem ser pareadas com dados coletados pelo NIT, no entanto, para conseguir identificar um usuário em particular e determinar as ações do usuário nos Websites 1-23.
Um porta-voz do FBI parece ter negado isso em um comunicado ao Ars, mas ele não explicou os documentos que discutem “Websites 1-23”.
“Gostaria de me referir aos documentos públicos sobre a investigação Playpen, quando apreendemos e operamos um site de pornografia infantil na dark web por um período de menos de duas semanas,” explicou o porta-voz do FBI Christopher Allen ao Ars Technica. “Aquela foi uma investigação extraordinária, e a única vez que isso ocorreu, até onde tenho conhecimento. Então sugerir que isso seja algo comum evidentemente não é verdade.
A investigação de pornografia infantil é parte de uma esforço amplo dos agentes de lei dos EUA para ganhar mais poderes para hackear pessoas.
No caso do Playpen, alguns casos foram descartados imediatamente porque o FBI foi a um juiz solicitar autorização para hackear computadores que estavam fora da jurisdição daquele juiz.
No começo do ano, a Suprema Corte dos EUA aprovou mudanças no Artigo 41 do Procedimento Penal Federal que permite a um juiz autorizar a invasão de milhões de computadores ao redor do mundo. Parlamentares tentam barrar essas mudanças no Artigo 41 antes que elas comecem a valer em dezembro.
Foto por Oleksiy & Tetyana Kovyrin/Flickr