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Como um fenômeno que tornou o Sol vermelho pode ajudar na previsão do tempo

No dia 16 de outubro do ano passado, o Sol ficou vermelho no sul do Reino Unido. Pessoas em todo o país documentaram o estranho fenômeno nas mídias sociais. Meteorologistas descobriram a razão bem rápido – plumas de areia do deserto do Saara e da Península Ibérica foram pegas por um ciclone do Furacão Ophelia e […]

No dia 16 de outubro do ano passado, o Sol ficou vermelho no sul do Reino Unido. Pessoas em todo o país documentaram o estranho fenômeno nas mídias sociais.

Meteorologistas descobriram a razão bem rápido – plumas de areia do deserto do Saara e da Península Ibérica foram pegas por um ciclone do Furacão Ophelia e carregadas pelo ar. A poeira se tornou eletricamente carregada a caminho do Reino Unido, onde parcialmente ofuscou o Sol, deixando-o com esse tom vermelho-alaranjado.

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Uma nova pesquisa apresenta os resultados de uma análise dessa pluma de areia, e curiosamente os resultados podem ajudar a melhorar nossas previsões climáticas.

O time da Universidade de Reading e da Universidade de Bath, ambas do Reino Unido, analisaram a nuvem de poeira a partir de diversos observatórios climáticos britânicos, que foram capazes de testar a poeira e medir como a luz de laser foi refletida por ela. Um detector de raios de um dos observatórios também foi capaz de medir o aumento da carga elétrica da nuvem.

O céu ficou sinistro com o Sol vermelho. Foto: Joybot (Flickr)

Primeiro, precisamos entender como a poeira deixou o Sol vermelho: “O avermelhamento do sol surgiu da dispersão preferencial da luz azul, à medida que ela foi atenuada dentro da pluma opticamente espessa”, segundo o artigo publicado na Environmental Research Letters. A poeira prefere dispersar algumas cores da luz em vez de outras (e a enfraquece), resultando nesse tom que vimos nas fotos.

A combinação desses elementos pode ser importante para prever o clima (algo que, como já dissemos, não é fácil). Essas partículas podem ter influenciado as nuvens que se formaram naquele dia, de acordo com o artigo.

Partículas em queda, bem como sua carga elétrica observada, podem acumular mais moléculas de água. E as moléculas de água são moldadas de uma forma que a carga se concentra em apenas um lado, criando uma tendência de se juntar às coisas.

Um dos locais de observação chegou a medir uma nuvem descendente durante o período de chegada das nuvens de poeira, embora a correlação não seja causa.

Plumas de poeira comumente contêm carga elétrica devido a colisões e fricção entre as partículas, de acordo com o estudo. Mas considerando a importância de partículas de aerossol como essas para o clima (elas podem se tornar as “sementes” das nuvens), vale a pena estudar mais sobre suas cargas elétricas.

Até mesmo o Grande Colisor de Hádrons tem um experimento que mede como diferentes propriedades das partículas de poeira, como seu tamanho e composição, podem afetar as nuvens. De acordo com o novo artigo, “embora as propriedades elétricas da poeira sejam observadas há muito tempo, seus efeitos elétricos não são considerados em modelos numéricos atmosféricos”.

Por fim, o trabalho do meteorologista é prever o clima. Mas se há uma coisa que você tira de qualquer história relacionada ao clima, é que, bem, o clima geralmente é um problema de física muito difícil. Então, seja gentil com o meteorologista local se eles estiverem com problemas para fazer uma boa previsão. A gente não sabe muito bem o que tem atrapalhado os caras.

[Environmental Research Letters via Physics World]

Imagem do topo: O Sol no Reino Unido no dia 16 de outubro de 2017. Crédito: K Bahr (Flickr)

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