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O filme imersivo em 360 graus do Google é tão realista que é difícil acreditar nele

O Google lançou um novo vídeo imersivo em 360 graus em seu app Spotlight Stories, o primeiro contando com atores humanos em vez de animação.

O Google lançou um novo vídeo imersivo em 360 graus em seu app Spotlight Stories, o primeiro contando com atores humanos em vez de animação. É um curta cheio de ação dirigido por Justin Lin (Velozes e Furiosos). Eu baixei o vídeo de 1 GB e dei literalmente uma volta com ele (estava sentado em uma cadeira giratória). É tão realista que chega a ser problemático.

O curta é extremamente impressionante, e nos dá uma boa ideia de quais filmes podemos ter quando a realidade virtual ganhar força. Mas ele também nos mostra quais são os obstáculos a serem superados. Ao inserir o espectador no filme, no meio da ação, ele quebra a quarta parede e torna tudo mais real.

O vídeo, chamado Help, começa com uma chuva de meteoros. Você está no centro de Los Angeles, olhando para o céu, assistindo a tudo aquilo. Tem uma coisa que esse vídeo faz melhor do que outros experimentos da série Spotlight: ele faz você olhar com mais frequência para cima e para baixo, enquanto os outros tendem a se expandir para os lados. Isso realmente ajuda a dar uma ideia de que você está em um ambiente real e completo.

Não vou falar muito sobre o que acontece, mas basta dizer que tem um meteorito, uma bela garota e um alienígena. Também tem uma perseguição de cinco minutos, que é sensacional, e completamente diferente de tudo o que foi oferecido pelo Spotlight Stories até agora. O mundo parece mais real, há um sentimento de urgência. É um filme em ritmo frenético que faz seu coração disparar.

Mas ele tem alguns problemas.

Nos primeiros três curtas do Spotlight Stories, você está em um mundo animado e fantástico. É belíssimo e você pode olhar ao seu redor conforme a história se desenvolve. Eles são meditativos, e, no caso do mais recente, Duet, são belos e emotivos. Alguma coisa muda, no entanto, quando o mundo se torna realista. Você não se sente mais como um observador, e sim como se estivesse lá. Como se você fosse parte da ação – e é aí que as coisas não funcionam tão bem.

Apesar das explosões, perseguições e violência que acontecem ao seu redor, a câmera permanece estável. Se ela começa a andar – através do sistema de metrô, por exemplo – seu movimento é suave e estável. Entendo que isso foi feito para permitir que os espectadores acompanhem o que está acontecendo, mas isso acaba prejudicando o realismo da situação. Se você está sendo perseguido por um monstro alienígena e coisas estão explodindo, você vai correr muito e as coisas vão balançar. Essa ausência de movimento acaba fazendo com que você sinta que as coisas não são reais, o que prejudica um pouco a experiência.

Isso levanta outra questão que segue sem resposta. É legal ser um observador nas outras histórias do Spotlight Stories, mas o contexto de Help nos coloca como parte da história. Isso acontece em partes devido ao cenário mais realista (que é bastante detalhado, olhe para cima e você verá alguns helicópteros no céu), e em partes devido ao cenário perigoso no qual você está inserido.

Ficar no meio da ação como um observador passivo não engana o seu cérebro. O problema é que você está no meio da história, mas não é um personagem, e isso tende a quebrar a ilusão.

Percebi isso logo na primeira vez que assisti Help, quando estava olhando para o monstro que me perseguia, o que acho que seria um instinto natural para uma pessoa naquela situação. Mantenha seus olhos voltados para o perigo. A câmera não se prende em você, e não há tremedeira quando você está correndo, e então você não se sente como um humano na história, e isso faz você lembrar que tudo isso não se passa de uma história.

Também há um problema com resolução. Isso não chegava a incomodar em curtas animados, mas quando você usa atores e locais reais, os pixels ausentes passam a se destacar. Tudo parece meio distorcido, e não deveria ser assim. Eles desenvolveram um sistema que usa quatro câmeras RED gravando a uma resolução 6K. O Nexus 6 que usei para assistir ao curta tem uma tela AMOLED QHD 2560×1440 (493ppi), então não era esse o problema. Talvez eles tenham diminuído a qualidade para a apresentação; tudo parecia borrado e isso prejudicou a mágica.

Mas isso não significa que Help não seja impressionante. É sim, e muito. Mesmo que o Google insista em dizer que a plataforma Spotlight Stories foi pensada como uma janela para outro mundo e não para a realidade virtual, esse episódio implora por um tratamento especial no Google Cardboard. Se eles fizeram isso com Windy Day, deveriam fazer com Help. Especialmente considerando que ele usa o 3D e truques avançados de luz para ficar mais imersivo (e garantir que o espectador esteja olhando para o lugar certo).

Foi necessário o Google ATAP, Lin e a produtora de Lin passassem cerca de dois anos desenvolvendo esse curta de cinco minutos, e as dificuldades logísticas que eles precisaram superar foram enormes – a Variety falou um pouco mais sobre como ele foi desenvolvido. Mas o resultado é algo que parece uma prévia do que teremos no futuro.

Se eu assistiria um filme como esse inteiro em realidade virtual? Claro que sim. Seria mais empolgante, e seria excelente.

Assista a Help – gratuito por tempo limitado – no app Spotlight Stories.

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