
Filme perdido de Chaplin é restaurado após um século; veja trailer
Recentemente, a técnica de restauração oficial em 4K recuperou um dos filmes mais famosos de Charlie Chaplin, “Em Busca do Ouro”, de 1925. O projeto foi uma celebração do centenário do filme, que estreou no Festival de Cinema de Cannes em 13 de maio.
Além disso, agora também está nos cinemas em 70 países, incluindo o Brasil.
Ícone do cinema mudo, Chaplin nunca gostou de “Em Busca do Ouro”, motivo pelo qual, em 1942, ele gravou e introduziu comentários próprios à obra. Ele também cortou cerca de 16 minutos do original, reduzindo a duração para 72 minutos, além de reorganizar sequências.
As dublagens, assim como a nova trilha sonora, tornaram a obra mais otimista, a fim de dialogar com o público durante o período da Segunda Guerra. No entanto, as mudanças não agradaram a todos. E, após a reedição, a versão de 1925 praticamente sumiu, já que Chaplin ordenou a destruição de todas as cópias.
Então, na década de 1980, os historiadores de cinema Kevin Brownlow e David Gill começaram a procurar por rolos sobreviventes do original. E, em 1993, começaram a combiná-los com uma cópia do segundo filme. Grande parte do projeto deles se baseou em uma cópia japonesa, parte dos arquivos Chaplin.
Restauração em 4K do filme de Chaplin
De acordo com Arnold Lozano, diretor administrativo do Chaplin Office, que supervisiona os direitos de seus filmes, a edição de 1993 foi essencial para a recuperação do original, assim como a comunicação digital disponível hoje.
Há alguns anos, o escritório fez um chamado para localizar cópias remanescentes de “Em Busca do Ouro”. Seis arquivos responderam, incluindo o MoMA (Museu de Arte Moderna) de Nova York e o Museu George Eastman em Rochester, NY. Assim, os especialistas do laboratório L’Immagine Ritrovata, em Bolonha, Itália, começaram a trabalhar na restauração em 4K.
“Setenta por cento daquela duplicata negativa [de 1993] era a melhor que tínhamos em termos de qualidade de imagem e tamanho de quadro inteiro”, disse Elena Tammaccaro, gerente de projeto e preservadora da L’Immagine Ritrovata, à Popular Science.
Ela ainda atribuiu a conclusão do projeto à desobediência absoluta dos profissionais da indústria cinematográfica, que fizeram “cópias que deveriam eliminar”. A equipe também encontrou um rolo de nitrato original na proporção 4:3, padrão da Era Muda de Hollywood.
Após realizar uma análise quadro a quadro de todos os rolos disponíveis, eles definiram a melhor combinação de materiais para reconstruir a primeira versão. O grupo considerou níveis de granulação, degradação da imagem e coloração. A restauração exigiu, ocasionalmente, o uso de ferramentas digitais para aprimorar quadros com desfoque.
Por fim, a equipe escaneou e digitalizou a versão final, concluindo o trabalho em torno de 10 meses. Além de restaurar o filme, eles criaram uma cópia totalmente nova em 35 mm, exclusivamente para preservação nos arquivos do Chaplin Office.
“É bom ter uma impressão real dessa restauração e, se necessário, ela pode ser escaneada novamente por robôs ou algo assim no futuro”, completou Lozano.