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Segundo maior surto de ebola já registrado chega ao fim

As autoridades locais de saúde e a Organização Mundial da Saúde finalmente declararam o fim de um surto de ebola que atormentou a República Democrática do Congo por quase dois anos. Foi o segundo maior surto do vírus mortal registrado na história, infectando mais de 3.400 pessoas e matando 2.280. As boas notícias foram atrasadas […]

Um trabalhador da saúde da República Democrática do Congo preparando uma dose da vacina contra o Ebola. Ilustração: Junior D. Kannah/AFP (Getty Images)

As autoridades locais de saúde e a Organização Mundial da Saúde finalmente declararam o fim de um surto de ebola que atormentou a República Democrática do Congo por quase dois anos. Foi o segundo maior surto do vírus mortal registrado na história, infectando mais de 3.400 pessoas e matando 2.280. As boas notícias foram atrasadas em alguns meses. Em março e abril, a OMS quase declarou o fim do surto, mas novos casos prolongaram a situação.

A epidemia começou em agosto de 2018, no Kivu do Norte, que fica no nordeste da RDC. Em meados de 2019, os números superaram todas as ocorrências anteriores, com exceção do surto na África Ocidental de 2014 a 2016, que infectou quase 30 mil pessoas e matou mais de 11 mil. Embora não seja o surto mais mortal de ebola já visto em termos de taxa de mortalidade (algumas cepas chegaram a matar 90% das pessoas infectadas), o surto do Kivu do Norte ainda matou duas em cada três vítimas da doença.

Pela primeira vez desde que a doença foi descoberta na década de 1970, os profissionais de saúde puderam contar com uma vacina confiável, eficaz e disponível para uso. Cerca de 300 mil pessoas foram vacinadas, segundo a OMS, inclusive em regiões próximas e países onde os casos ameaçavam transbordar.

Infelizmente, o conflito armado na região e uma desconfiança de longa data da população em relação aos trabalhadores da saúde atrapalharam os esforços para controlar a propagação da doença, que é transmitida pelo sangue. Em várias ocasiões, os centros médicos e os funcionários de resposta ao Ebola foram alvo de agressores geralmente desconhecidos, às vezes com resultados fatais.

Durante grande parte de 2020, no entanto, o surto finalmente pareceu estar contido, e era amplamente esperado que a OMS declarasse seu término no início de abril, mais de 50 dias após a confirmação do último caso conhecido. Porém, dias antes do prazo final, representantes da OMS anunciaram que havia sido encontrado um novo caso relacionado ao surto existente. Vários outros casos apareceram, o último deles em 27 de abril.

No entanto, agora parece que o país finalmente está livre, uma vez que não houve mais relatos desde o último caso relatado, sendo que este intervalo já é o dobro do período de incubação da doença. O ministro da Saúde da República Democrática do Congo anunciou o fim do surto durante uma conferência de imprensa na quinta-feira (25), que também contou com o apoio do escritório africano da OMS.

Infelizmente, não é o fim do ebola na África. Já existe outro surto não relacionado em outras partes da RDC. Ele começou há alguns meses na região noroeste da província de Équateur. Até agora, pelo menos 17 pessoas pegaram o vírus e 11 morreram.

O ebola ainda é amplamente zoonótico, o que significa que os surtos começam com a transmissão de animais para humanos (presumivelmente de morcegos). A transmissão requer contato próximo com fluidos corporais, como o sangue, para que o vírus se espalhe de pessoa para pessoa. Mas novos surtos parecem estar ocorrendo muito mais rapidamente do que no passado, quando havia frequentemente anos ou décadas entre novos casos. Embora possamos estar mais bem equipados para lidar com o ebola agora, é provável que o vírus continue a ser um pesadelo no futuro próximo.

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