
Fiocruz identifica nova espécie de morcego no Brasil
Pesquisadores do Campus Fiocruz Mata Atlântica identificaram uma nova espécie de morcego no Brasil, o Myotis guarani. A descoberta é relevante porque a espécie foi confundida com outros animais do mesmo gênero por mais de 120 anos.
Cientistas da Fiocruz, da Federal do Mato Grosso (UFMT) e da Universidade do Porto (Portugal), bem como do Instituto Smithsonian, dos EUA, publicaram um estudo classificando a nova espécie. Conforme o estudo da Fiocruz, o morcego se alimenta de insetos e pesa cerca de cinco gramas, habitando biomas do Brasil, como o Pantanal, o Cerrado e a Mata Atlântica.
Além disso, o Myotis guarani também é encontrado em países vizinhos do Brasil, como Bolívia, Argentina e Paraguai. Por isso, o nome do morcego homenageia o povo Guarani e seu idioma, falado não apenas no Brasil, mas também nos outros países.
Roberto Novaes, zoólogo da Fiocruz e principal autor do estudo, revela que os cientistas descobriram que o morcego era uma nova espécie pelas análises genéticas.
Segundo Novaes, o DNA do morcego sugeria uma nova espécie de Myotis. Desse modo, os pesquisadores da Fiocruz começaram a investigar a morfologia de morcegos “disponíveis em coleções biológicas centenárias”.
Com isso, os cientistas da Fiocruz Mata Atlântica iniciaram uma expedição no Pantanal, em março deste ano. Durante a expedição, os cientistas coletaram amostras que comprovaram a nova espécie de morcego no Brasil.
“Após estudos genéticos iniciais e coletas recentes em trabalhos de campo, foi possível comprovar a nova espécie de morcego que no Brasil ocorre principalmente no Pantanal, mas também nas bordas com o Cerrado e a Mata Atlântica”, diz Novaes.
Nova espécie de morcego pode ajudar no controle de pragas no Brasil, diz Fiocruz
Por se alimentar de insetos, como mariposas, mosquitos e besouros, o morcego é fundamental para o controle biológico de pragas agrícolas e vetores de doenças.
Ricardo Moratelli, coordenador da expedição que coletou os exemplares, ressalta esse papel de controle de pragas.
A expedição, financiada por um projeto da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) visa investigar morcegos como hospedeiros de patógenos zoonóticos e seu impacto na saúde pública.
“Morcegos são reservatórios naturais de muitos microrganismos, mas também prestam serviços ecológicos essenciais. Precisamos garantir sua conservação e manejar corretamente populações que convivem com humanos.”
A Fiocruz afirma que a nova espécie de morcego do Brasil é fundamental para entender a biodiversidade e os mecanismos de transmissão e prevenção de zoonoses.