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Estes cientistas formaram um esquadrão no Fortnite para ensinar os jogadores sobre mudanças climáticas

Entre os 125 milhões de jogadores de Fortnite, você vai achar gente famosa como o rapper Drake, o jogador francês Antoine Griezmann, entre outras personalidades. Mas tem um novo esquadrão na área que está interessado em muito mais que apenas vender álbum. O fato é que agora cientistas estão desbravando o mundo dos games para […]

Entre os 125 milhões de jogadores de Fortnite, você vai achar gente famosa como o rapper Drake, o jogador francês Antoine Griezmann, entre outras personalidades. Mas tem um novo esquadrão na área que está interessado em muito mais que apenas vender álbum. O fato é que agora cientistas estão desbravando o mundo dos games para falar sobre as mudanças climáticas.

Claramente, esse talvez seja um dos meios mais esquisitos para se falar sobre o assunto, mas, ao tirar a ciência das salas de aula e levar a um dos games mais populares do mundo e à plataforma de streaming Twitch, os pesquisadores esperam tornar o assunto da mudança climática mais acessível.

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A semente dessa ideia foi plantada no Twitter em julho, quando a cientista Katharine Hayhoe disse que o tráfego de vídeos do Fortnite do seu filho já tinham superado as visualizações de vídeos dela falando sobre questões climáticas. Isso é impressionante, Hayhoe é uma porta-voz conhecida no meio por militar pela questão climática.

“O webminar que eu subi no YouTube na última semana tem 1.000 visualizações. O vídeo do Fortnite que meu filho de 11 anos subiu ontem tem mais de 10 mil visualizações”

A situação fez o estudante de graduação Henri Drake pensar: por que não juntar um grupo de cientistas especializados no assunto para jogar Fortnite? Ele falou sobre a ideia no Twitter e disse ao Earther que conseguiu reunir 20 cientistas e comunicadores dessa área. E então foi formado o esquadrão.

Se você vive escondido e não sabe direito o que é o Fortnite, trata-se de um jogo multiplayer em que 100 jogadores são colocados em uma ilha virtual para batalhar. O objetivo é simples: ser o esquadrão de quatro pessoas que sobrevive. Durante o game, você junta armas e materiais para construir fortes, rampas e outras estruturas que pode ajudar seus companheiros de jogatina. Para aumentar a velocidade do jogo, há uma tempestade tóxica que pode matar o personagem se você estiver nela, reduzindo o campo de batalha e forçando os esquadrões a um combate mais feroz. Em média, uma partida dura menos de 20 minutos.

Drake e uma série de especialistas em clima têm jogado o game duas vezes por semana nos últimos meses e conversando sobre tópicos que vão de política climática ao estado da criosfera (regiões da Terra cobertas de gelo). Além de Henri Drake definir os parâmetros, eles também recebem perguntas pelo Twitch. Drake disse que tem jogado Fortnite por alguns meses, mas boa parte dos novos jogadores está aprendendo o game.

“Joguei algumas vezes, mas meus filhos descrevem meu jogo como um lixo”, disse Andrew Dessler, um pesquisador do clima da Texas A&M University, ao Earther.

Dessler e seus dois filhos se juntaram a Henri Drake para o esquadrão inaugural há algumas semanas. No vídeo da vitória deles, Dessler e  Henri Drake conversam sobre as eleições para o congresso nos EUA e o que elas significam para as políticas climáticas — tudo isso enquanto coletam armas no jogo e criando barreiras. A conversa volta para o Fornite logo que rola uma tempestade, que acaba encolhendo o campo de jogo, e com os filhos de Dessler respondendo aos ataques até que eles saíssem vitoriosos. A ação é real, e a conversa, motivo pelo qual Dessler gosta de jogar o game, interessante.

“Um monte de coisas relacionadas a comunicação sobre clima não é divertida”, disse Dessler. “Não é divertido escrever artigos de opinião. Mas isso [jogar] é divertido, e você pode fazer isso mesmo que tenha um impacto pequeno.”

“Surpreendentemente, todos os cientistas têm se tornado bons jogadores”, disse Henri Drake, elogiando Dessler como o “melhor pai jogador de Fornite”. Ele disse que os jornalistas e comunicadores que passaram a fazer parte do esquadrão ainda estão melhorando.

Eu sou um dos jornalistas. Minha primeira vez jogando Fortnite foi na semana passada, e rapidamente eu descobri que sou bem ruim. Minha capacidade de ser pego na tempestade e morrer foi igualada apenas pela minha capacidade de ser rapidamente morto na única vez que eu sobrevivi tempo suficiente para me deparar com outros jogadores. Falar sobre eras glaciais — nosso tópico naquela noite — estava fora de cogitação, enquanto eu me embananava com as armas e tentava mudar de direção enquanto corria. O maior sucesso foi nosso esquadrão chegar ao round 31, algo a que eu, infelizmente, não ajudei tão ativamente quanto queria.

Apesar de não ter havido questões na sessão do Twitch quando jogava, Henri Drake disse que, anteriormente, o esquadrão recebeu perguntas de uma audiência que mostrava um profundo conhecimento de ciência. “Espero que a gente consiga impactar pessoas sem muito conhecimento, mas que estejam abertas a conhecer melhor.”

Jogar com o esquadrão de Henri Drake também ressaltou alguns desafios que ainda existem no ramo de comunicação sobre o clima. Havia três de nós, e escolhemos um quarto jogador aleatório para completar o time. Após ouvir Henri Drake falar sobre mudança climática, o jogador disse que houve um período quente em 1930 e usou isso para questionar o que está acontecendo com o clima atualmente.

Drake — que estuda modelagem de clima e circulação de oceano — e Ryley Brady, nosso terceiro jogador e doutorando que estuda biogeoquímica do oceano na Universidade do Colorado não estavam preparados para responder a esse jogador. Dito isso, convencer céticos a aceitar a ciência do clima em um jogo não é bem um objetivo final.

“Essas pessoas não querem ser convencidas”, disse Dessler. “A ideia é falar com pessoas que não têm uma opinião formada.”

Eu iria além ao dizer que Fortnite é uma forma de atingir pessoas que têm uma opinião sobre as mudanças climáticas, mas que não a expressam por aí. O Programa de Yale de Comunicação de Mudança Climática descobriu que dois terços dos americanos estão interessados em mudança climática, mas quase 70% dos americanos raramente discute o assunto com amigos e a família. E a maioria dos americanos raramente tem a chance de falar com cientistas.

Fortnite e transmissões via streaming têm grande potencial para começar a reduzir essa lacuna. Com um pouco de trabalho, Drake poderia ser tornar um Ninja (o jogador mais famoso de Fortnite) do clima. Ele provavelmente também precisa ter companheiros melhores para que as partidas também sejam divertidas.

E, ei, pode ser você. Se você tem interesse, é necessário fazer uma inscrição. Você também pode acompanhar o Climate Fortnite Squad no Twitter, vê-los no Twitch ou adicionar o Drake no Fortnite. Ele está lá no jogo como ClimateScientist, um identificador super fácil de se lembrar.

Imagem do topo: Captura de tela do YouTube

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