Fóssil de hadrossauro é encontrado em pedreira na Itália

Vila de pescadores também tinha vestígios de crustáceos, peixes, cocô e até pólen do período Cretáceo
Dinossauro italiano
Imagem: Davide Bonadonna/Reprodução

Hadrossauros, crustáceos, peixes, cocô, pólen e outros materiais foram encontrados fossilizados em uma pedreira.

Uma vila de pescadores italiana próxima à fronteira com a Eslovênia revelou uma série de criaturas do período Cretáceo, incluindo dinossauros, crustáceos e antigos crocodilos. De acordo com a equipe de paleontólogos, este tesouro fóssil é capaz de reescrever a história do antigo Mediterrâneo.

O local é uma pedreira em Villaggio del Pescatore, uma cidadezinha do nordeste da Itália. Os dinossauros foram encontrados lá pela primeira vez em 1980 e, desde então, mais e mais fósseis foram retirados das rochas.

Não é fácil trabalhar na pedreira, pois é necessário um maquinário pesado para extrair os fósseis. Por conta disso, é comum que os pesquisadores deem banhos de aço especiais nas pedras que envolvem os ossos para dissolvê-las e retirar o material.

É um grande desafio, mas pelo menos os paleontólogos podem agora analisar profundamente uma grande variedade de amostras. 

Quem são os hadrossauros

Até agora, todos os dinossauros retirados da pedreira foram classificados como Tethyshadros insularis, uma espécie de hadrossauro. Os hadrossauros eram animais herbívoros que ficaram popularmente conhecidos por “dinossauros bico de pato”.

A espécie foi descrita há 15 anos, e acreditava-se até hoje que ela havia andado pela Terra 70 milhões de anos atrás. Além disso, análises de um indivíduo anterior sugeriam que o animal era relativamente pequeno.

“Bruno” muda história

A nova pesquisa, que envolve o achado de pelo menos sete novos indivíduos, vira o jogo. O destaque da coleção de ossos é um espécime grande e bem preservado que a equipe chamou de Bruno. O fóssil recém descoberto indica que o animal viveu 10 milhões de anos antes do que se pensava e era bem maior quando comparado a Antonio, o primeiro dinossauro encontrado no local. A pesquisa foi publicada na revista Scientific Reports

“O esqueleto recém estudado, Bruno, parece ser maior e mais massivo que o primeiro, e as análises histológicas mostram que enquanto o indivíduo menor era um jovem, o maior era mais velho”, disse Alfio Alessandro Chiarenza, paleontólogo na Universidade de Vigo na Espanha e líder do estudo, em e-mail ao Gizmodo

A idade exata do enorme depósito fóssil segue desconhecida. Se a informação fosse obtida, ela mudaria as interpretações do local. No final do Cretáceo, diferentes trechos de terra do que era então o Mar de Tétis estavam emergindo, se conectando e depois submergindo. A idade do fóssil indicaria quando a terra que é agora Villaggio del Pescatore foi realmente habitável. 

Fóssil de hadrossauro italiano

Fóssil de hadrossauro bem preservado nomeado como Bruno. Imagem: P. Ferrieri, cortesia do Soprintendenza Archeologia, belle arti e paesaggio del Friuli-Venezia Giulia/Reprodução

Efeito ilha

Chiarenza explicou que antes era consenso que o T. insularis era um produto do chamado efeito ilha. Nesta concepção, os pequenos animais que viviam em ilhas teriam evoluído para tamanhos maiores enquanto os grandes seres poderiam evoluir para se tornar menores. Dragões de Komodo na Indonésia e elefantes anões de Malta que viveram durante o Pleistoceno são dois exemplos disso. A descoberta de dinossauros maiores indica que Antonio não era um pequeno hadrossauro adulto, mas sim um jovem de tamanho normal. 

Os pesquisadores também compararam o espécime com outros hadrossauros. As análises indicaram que o animal não era a ramificação em miniatura do dinossauro que se pensava anteriormente.

“Ainda há um esqueleto extra esperando no local para ser desenterrado, Zdravko, que pode ser potencialmente ainda maior que Antonio e parece incompleto”, disse Chiarenza. “Nós também temos muitos outros animais preservados no local, de pterossauros a crustáceos, crocodilos, peixes e plantas. Então, nós esperamos que algum tipo de dinossauro diferente, talvez um terópode completo, possa ser em breve revelado no local.”

Mesmo se outros dinossauros não aparecerem, a diversidade de espécimes desta pedreira está dando aos paleontólogos muito o que estudar nos próximos anos.

Carolina Fioratti

Carolina Fioratti

Repórter responsável pela cobertura de saúde e ciência, com passagem pela Revista Superinteressante. Entusiasta de temas e pautas sociais, está sempre pronta para novas discussões.

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