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Série fotográfica mostra como seria a comida em uma distopia induzida pela mudança climática

Cientistas especialistas em comidas já estão olhando para algumas soluções que soam bem dramáticas, desde insetos, passando por carne feita em laboratório, até fazendas de peixes. Tudo isso para alimentar um mundo que pode chegar a dez bilhões de humanos até 2050. Esse crescimento populacional, combinado com a mudança climática, pode fazer com que a […]

Cientistas especialistas em comidas já estão olhando para algumas soluções que soam bem dramáticas, desde insetos, passando por carne feita em laboratório, até fazendas de peixes. Tudo isso para alimentar um mundo que pode chegar a dez bilhões de humanos até 2050. Esse crescimento populacional, combinado com a mudança climática, pode fazer com que a comida do futuro seja muito diferente.

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Allie Wist, artista e diretora de arte associada à Saveur Magazine, dirigiu a série de fotos Flooded junto com seu time para representar “uma visão distópica/utópica de um jantar na era da elevação do nível do mar“. As fotos descrevem um futuro severo, uma transformação de como nós talvez sejamos forçados a mudar nossos hábitos enquanto nosso sistema alimentício lida com um planeta totalmente alterado.

“A mudança climática é um fenômeno realmente abstrato para muitas pessoas”, disse Wist ao Gizmodo. “Elas não associam realmente às suas vidas cotidianas. Acho que a comida é uma das substâncias mais íntimas que encontramos. Ela pode emprestar uma intensidade emocional e uma conexão que as pessoas não têm com aqueles conceitos científicos abstratos”.

Wist fez diversas pesquisas, mergulhando em artigos e trabalhando junto com a estilista de alimentos C.C. Buckley para desenvolver receitas e ingredientes que fossem familiares e limitados às restrições do futuro inundado que talvez seja a fonte das cozinhas nas áreas de Nova York/New England. “Foi meio engraçado”, disse Wist. “Espera, a gente pode usar esse óleo? Ele estará disponível no futuro? Ah não, não podemos usar manteiga”.

Buckley sentiu que as mudanças seriam sutis – as culturas não mudam o que as pessoas comem no geral. Em vez disso, o futuro que ela e Wist imaginaram levaram a conservação ao extremo, apresentando um mundo costeiro onde todo mundo já acredita que a mudança climática é real e causada pelo homem, forçados a lidar com os efeitos mais terríveis. Entre esses efeitos estão a elevação dos níveis do oceano, o aquecimento do oceano, acidificação e desoxigenação. Para lidar com tudo isso, teríamos obrigatoriamente que adotar uma série de técnicas de conservação.

Isso significaria investir em agricultura local e colheita urbana, viver sem carne vermelha, sobremesas feitas de ágar (uma gelatina à base de algas), muita aquacultura, uma proliferação de bivalves que desempenham um papel importante na filtragem da água do oceano, e alimentos enlatados ou conservados que recorreríamos de acordo com as mudanças.

“Procurei por muitas culturas e pelas maneiras que elas preservam a comida, como a maneira utilizada por algumas culturas asiáticas para conservar gema do ovo”, disse Buckley. A comida foi apresentada num cenário com iluminação que pretende representar um ambiente inundado.

Wist queria que o projeto representasse um jantar distópico, mas que ainda fosse convidativo – a comida supostamente teria que parecer bonita. A cobertura sobre mudança climática frequentemente é sobre o que os humanos estão estragando. Em vez disso “pensamos que nosso trabalho era apresentar o que teremos que fazer e como teremos que nos adaptar”, disse ela.

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A equipe provou a comida, mas não planeja servi-la de alguma forma, embora tenham mais projetos em andamento. Wist agora que imaginar como um jantar pode se parecer num futuro totalmente seco. Além da elevação dos níveis do oceano, os cientistas esperam que a atividade humana leve a um aumento de condições secas em diversas regiões.

Se você está procurando por uma comida distópica que você possa comer de verdade, outros chefs têm trazido os efeitos assombrosos da atividade humana em seus pratos, também. O chef Alexandre Couillon premiado no Guia Michelin serve um prato inspirado no vazamento de petróleo do navio ERIKA na costa francesa em seu restaurante, o La Marine. Uma única ostra fica no centro de uma grande placa branca com uma lama de tinta de calamar jogada por cima.

Wist e Buckley esperam que o trabalho faça as pessoas pensaram um pouco mais sobre a mudança climática, como ela impacta diretamente em suas vidas e como a nossa comida está ligada ao nosso planeta.

“Quero que as pessoas não apenas olhem para a comida que comem”, disse Wist. “Mas perceba que ela está intimamente conectada ao nosso ambiente”.

[Allie Wist via NPR]

Todas as imagens: Fotografia por Heami Lee, estilização da comida por C.C. Buckely, proposta de estilo por Rebecca Bartoshesky, direção de arte por Allie Wist.

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