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[Frankenreview] Moto X, o smartphone Android para todos

O Moto X já está entre nós. Digo, entre os norte-americanos. O primeiro smartphone da Motorola com a bênção do Google é um cara comum: não tem configurações de cair o queixo, mas parece bem acertado. Sites e blogs da terra do tio Sam já deram uma olhada e, agora, fazemos um apanhado dos destaque […]

O Moto X já está entre nós. Digo, entre os norte-americanos. O primeiro smartphone da Motorola com a bênção do Google é um cara comum: não tem configurações de cair o queixo, mas parece bem acertado. Sites e blogs da terra do tio Sam já deram uma olhada e, agora, fazemos um apanhado dos destaque que os jornalistas de lá encontraram no aparelho.

“Formidável para segurar e usar”

Do ponto de vista ergonômico, parece que temos uma unanimidade aqui. Joshua Topolski, do Verge, é puro entusiasmo em seu review do Moto X:

“O Moto X é formidável para segurar e usar. Ele é um dispositivo encorpado, fino o bastante para concorrer com seus contemporâneos, mas mesmo assim denso. Completo. O tamanho é perfeito para minhas mãos e consigo alcançar toda a superfície das 4,7 polegadas da tela até o canto superior esquerdo com pouca dificuldade. A tampa traseira curvada passa a sensação correta também. Os botões não são apenas sensíveis, mas botões que parecem feitos para durar. (…) Ele é um smartphone muito bonito, com a vantagem exclusiva de ter o visual altamente personalizável.”

E para quem acha que o plástico usado ali é um ponto negativo, Brent Rose, do Gizmodo US, dá a dica:

“(…) Achávamos que odiaríamos [a parte de trás em plástico], considerando o tanto que gostamos da de metal do HTC One, mas não foi o caso. Ela não parece barata da forma que os [smartphones] da série Galaxy, da Samsung, parecem. Em parte isso decorre do uso de materiais melhores, mas mais ainda porque a Motorola criou uma bateria especialmente moldada para se encaixar e preencher por completo a traseira curvada. Quando você a toca, parece haver algo sólido ali, não uma casca vazia.”

No geral, a impressão é de que o Moto X se preserva onde faz sentido (formato, ergonomia) e deixa para aspectos visuais que não interferem na experiência (cores, basicamente) toda a carga de personalização. Uma mistura muito, muito boa.

Esse hardware dá conta do recado?

A Motorola chama o coração do Moto X, o X8, de “Sistema de Computação Móvel”. Na prática, temos aqui um SoC Snapdragon S4 Pro dual-core de 1,7 GHz com uma GPU Adreno 320 quad-core, da Qualcomm, somado a dois chips com funções bem específicas e baixíssimo consumo de energia, um para processamento de linguagem natural, outro para processamento de computação contextual. (Chegaremos nesses termos mais à frente.) Complementa as especificações 2 GB de RAM e opções de 16 ou 32 GB de armazenamento interno — sem opção de expandir o espaço via cartão SD.

No papel, perto dos Snapdragon 600 do HTC One e Galaxy S 4, parece um pouco frustrante. Mas e na prática? Com a palavra, Joseph Volpe, do Engadget:

“(…) o Moto X desliza em cada ação que executa. As transições são suaves e a abertura de apps, livres de engasgos; nada relacionado a desempenho é ruim. Dou a minha palavra. Sou o que você consideraria um heavy user, com toneladas de tarefas em segundo plano o tempo todo, e ainda estou para testemunhar um engasgo no Moto X. Ele é bom assim. Ele também nunca esquenta nas suas mãos. Obrigado, Motorola.”

Vincent Nguyen, do Slashgear, ratifica essas impressões contrapondo-as aos resultados de benchmarks sintéticos:

“A maior promessa da Motorola no lançamento do Moto X é que sua personalização de software preencheria quaisquer lacunas que pudessem existir entre o hardware do seu aparelho e os dos rivais mais poderosos. O contrate entre resultados de benchmarks e desempenho no mundo real parece validar a promessa: embora, em testes, as entranhas do Moto X não consigam competir no papel com o desempenho de dispositivos como Galaxy S 4 e HTC One, quando você está usando o smartphone ele não dá qualquer amostra de lentidão que suas especificações medianas poderiam sugerir.”

Com um SoC dual-core, tela de 720p e bateria de 2200 mAh, não teria como ser ruim, certo? A Motorola promete um dia inteiro de “uso misto” do Moto X e, com leves variações, foi mais ou menos isso o que se verificou nos reviews. A duração variou de 15h (Verge) até +26h (Engadget). Mais que suficiente para atravessar um dia de uso normal e, como notou o Gizmodo, “superar com folga Galaxy S 4, HTC One e iPhone 5”.

AMOLED? 720p? Essa tela é mesmo boa?

Não é só no SoC que, no papel, o Moto X fica atrás dos concorrentes diretos. Enquanto Galaxy S 4 e HTC One trazem telas com resolução de 1080p, o aparelho da Motorola vem com uma de 720p — o padrão nos high-end do ano passado. Isso é ruim?

Este parece ser o ponto mais controverso nos reviews, mas no geral a impressão que fica é de que tal discrepância não chega a ser um motivo para desistir da compra. O Slashgear atenta para a relação resolução-tamanho da tela, o que resulta em uma boa densidade de pixels:

“Assim como a decisão de usar um dual-core em vez de um quad-core, porém, a resolução escolhida pela Motorola faz mais sentido do que você imagina. 1280×720 espalhados em 4,7 polegadas ainda resultam em uma densidade de pixels de 316 PPI, o que é mais que o suficiente para suaveizar quaisquer bordas de ícones e tornar a legibilidade de textos ótima. Em paralelo, a adoção de uma tela AMOLED pela Samsung abre espaço para a ativação seletiva da tela, onde apenas alguns pixels são ligados. Isso mantém o consumo de energia baixo ao mesmo tempo em que permite que notificações apareçam com mais frequência.”

Discurso reforçado no Engadget:

“Sim, painéis de 1080p são ótimos para colocar em slides nas apresentações de produtos e em manchetes nos sites. Mas vamos encarar os fatos: para aqueles que não fingem saber a diferença entre AMOLED e Super LCD 3, 720 é bom o bastante, especialmente em uma tela de 4,7 polegadas. A tela de AMOLED do Moto X tem uma densidade de pixels de 316 PPI, tem um visual ótimo de quase todos os ângulos e aquelas cores saturadas características desse tipo de painel. Resumindo, eu gostei e você vai gostar também.”

O Verge e o Gizmodo cismaram com a resolução, embora ambos reconheçam que as diferenças são mínimas:

“Um pouco sobre a tela: ela é boa. Bem boa, na verdade, apesar de ser 720p, e não 1080p. Ela não chega nas telas de 1080p do HTC One ou Galaxy S 4, mas verdade seja dita, você tem que olhar muito perto para notar qualquer diferença.”

Que truques legais você faz, Moto X?

Opinião unânime: temos aqui um Android (4.2.2) quase puro, e isso é bom. E, surpresa: as modificações da Motorola são… legais! Úteis, talvez o ponto alto do Moto X.

Lembra daqueles dois processadores extras do X8? É aqui que eles entram. Um serve para monitorar constantemente, mesmo com o aparelho em stand by, a frase “Ok Google Now”. O outro monitora o estado do aparelho, onde ele está, para onde está indo — o contexto em que ele se insere. Essa dupla possibilita todos os truques legais do Moto X sem que, para tanto, a bateria seja drenada.

Do Gizmodo:

“O que talvez é mais surpreendente é que onde a Motorola se diferenciou, foi para melhor. Pegue os Touchless Controls, que tira vantagem de um dos núcleos de baixo consumo do Moto X para ficar sempre de ouvidos atentos. Parece assustador, mas na verdade é bem legal. Assim que você diz ‘Ok, Google Now…’, ele liga e fica aguardando o próximo comando. Marque um lembrete para quando eu for para casa, envie uma mensagem, me dê direções até tal lugar, faça uma pesquisa por esse termo, diga-me a previsão do tempo, configure um alarme. Existe um punhado de coisas que dá para fazer sem encostar no aparelho. Compare isso ao quase inútil Air View, da Samsung, onde você fica com o dedo a um milímetro da tela sem nenhuma boa razão aparente.”

No Engadget, a função preferida de Volpe é o Active Display:

“Isso é, em essência, o que torna o Moto X mais esperto que seu smartphone convencional e um dos motivos que levaram a Motorola a criar um núcleo de computação contextual. Tire o celular do seu bolso e uma parte da tela imediatamente se ilumina com a hora, quaisquer novas notificações que tenham chegado e um ícone de desbloqueio. Você pode até ter uma pré-visualização daquela notificação tocando no ícone piscante na tela e, então, acessar o app completo arrastando seu dedo para cima.”

Outra coisa muito legal é o Assist, que parece uma versão mais esperta e automatizada do Smart Actions que vinha na linha RAZR. Basicamente, ele sabe quando você está dirigindo, em reunião ou dormindo e adapta as configurações do aparelho para essas situações. Tudo automaticamente. Do Verge:

“O Assist acrescenta uma opção quase idêntica ao ‘Não Perturbe’ [do iOS], que silencia seu smartphone para tudo exceto pessoas importantes da sua agenda em certas horas. Não é muito diferente do velho Smart Actions da Motorola, que também permitia criar macros para abrir o Rdio quando você plugava seus fones de ouvido, ou ligar o Bluetooth quando você saía de casa. O Assist faz menos coisas, só que as faz melhor. Ele permite a você colocar o smartphone no modo silencioso quando você tem alguma reunião agendada (usando sua agenda como guia), e outra opção que me pegou de surpresa — e meio que me fez perder o fôlego.

O Assist sabe quando você começa a dirigir seu carro e imediatamente alterna [o aparelho] para uma experiência de conversação e automatizada. Peguei o carro e esqueci completamente desse recurso, apenas para ser surpreendido e maravilhado quando meu smartphone me disse que eu tinha recebido uma mensagem da minha esposa. Então, o aparelho leu a mensagem para mim, como se eu estivesse conversando com uma assistente — ou, você sabe, a Siri. O mais impressionante é que, momentos depois, recebi uma ligação e o celular perguntou se eu queria atendê-la. Claro que sim, bela máquina. Tudo isso seria incrivelmente perigoso e chato se eu tivesse que pegar o smartphone, mas aqui foi tranquilo.”

Câmera

Outra mudança no software é vista no da câmera. A Motorola simplificou a interface e tornou a tela toda o botão disparador. Segure o dedo nela, e o Moto X ficará tirando fotos sequenciais até acabar o espaço no aparelho.

Para além da interface, a própria câmera tem seus chamarizes. A Motorola diz que a câmera do Moto X usa um sensor CMOS de 10 megapixels do tipo “RGBC”, em vez do tradicional “RGBG”. A troca do último “G” (de “green”) pelo “C” (de “clear”) dá o nome da câmera: “Clear Pixel”. A ideia é de que ele capture mais claridade que um sensor convencional. 75% mais, segundo a empresa. Complementa o conjunto uma lente com abertura f/2.4.

Em tese, isso deve se traduzir em menos borrões e maior definição das imagens. Na prática? Parece que é o pós-processamento que destrói as imagens. Do Verge:

“[A câmera] é ótima, mas horrível também. A câmera traseira de 10 megapixels é capaz de tirar fotos maravilhosas com bokeh fantástico. Graças ao ‘clear pixel’ (…), ela é boa em situações no escuro também. Muito boa. Ainda assim, de alguma forma o pós-processamento do Moto X é tão agressivo e presente que ele arruina fotos quase que na mesma proporção que as salva. Há artefatos e ruídos horríveis mesmo em fotos bem iluminadas — Como se você tivesse reduzido drasticamente a qualidade de um JPEG.”

E a câmera também pode ser aberta diretamente do stand by com um gesto. Muita gente reclamou da ineficiência dele (no nosso hands-on, Brent Rose disse que funcionava uma em cada três tentativas), mas um representante da Motorola parece ter esclarecido o mistério ao Engadget:

“Serei eternamente grato a um representante da Motorola que me explicou o movimento como ‘girar uma maçaneta e voltar’. Porque é exatamente esse movimento que você precisa emular para fazer a coisa dar certo. Deixei um monte de amigos e familiares testarem o recurso usando essa explicação e as reações foram unânimes: as pessoas amaram.”

Conclusões

O Moto X consegue fugir da briga ferrenha de especificações e se apresentar como uma opção viável — o que é um feito e tanto, principalmente no universo dos Androids.

Gizmodo:

“Devo comprá-lo? Para a maioria das pessoas, a resposta é sim. É um smartphone excelente que passa uma sensação boa e oferece uma experiência difícil de mensurar, mas bastante satisfatória. Apesar de não ter o hardware mais avançado, em vários momentos ele parece mais ‘futurista’ do que concorrentes mais parrudos. E para pessoas que reclamam eternamente dos seus celulares por serem muito grandes, este aqui é bem mais amigo das mãos do que os concorrentes de tela gigante.”

No Verge, Topolski começa suas conclusões dizendo que não estava muito entusiasmado com o Moto X, mas que no dia a dia ele foi surpreendido — no bom sentido. E conclui:

“O Moto X não é um smartphone perfeito, mas nenhum dos demais atualmente disponíveis no mercado é. O que ele é, entretanto, é um smarthone bom demais — e um que eu recomendo.”

No Engadget, Joseph Volpe também diz que gostou muito, mas achou o preço (US$ 199 com contrato de dois anos, mesmo preço dos concorrentes diretos — Galaxy S 4, HTC One, iPhone 5) meio alto:

“Eu gostei muito do Moto X. Gostei muito mesmo. É o aparelho inteligente mais inteligente que eu carrego e me acostumei de tal forma ao Active Display que será difícil voltar ao meu smartphone pessoal. Essa afinidade, porém, não significa necessariamente que o compraria se tivesse a chance. O preço é simplesmente muito alto para o que ele oferece.”

Mas não na conclusão, e sim na introdução, Volpe parece ter descrito melhor o Moto X:

“O Moto X não exala aquela aura tecnológica do Galaxy S 4 ou HTC One porque ele é a soma dos medianos. Eu o vejo da seguinte forma: sabe aquelas pessoas que têm iPhones, mas não sabe qual modelo e também se referem a todos os smartphones Android como Droids? Este celular é para elas.”

Leia os reviews completos, em inglês, nos links a seguir: [Gizmodo US, The Verge, Engadget, Slashgear]

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