Frankenreview: PlayBook, o tablet sabor BlackBerry

As primeiras aparições do PlayBook, tablet da RIM, mostravam um aparelho com potencial: acabamento com DNA dos BlackBerrys e uma nova abordagem nos sistemas operacionais, usando a plataforma QNX. Apesar da velocidade da máquina nas primeiras demonstrações, várias perguntas ficaram no ar: e o sistema de e-mails e contatos? Serão sincronizados exclusivamente com smartphones da […]

As primeiras aparições do PlayBook, tablet da RIM, mostravam um aparelho com potencial: acabamento com DNA dos BlackBerrys e uma nova abordagem nos sistemas operacionais, usando a plataforma QNX. Apesar da velocidade da máquina nas primeiras demonstrações, várias perguntas ficaram no ar: e o sistema de e-mails e contatos? Serão sincronizados exclusivamente com smartphones da empresa? E os apps? E o foco corporativo. Bem, ele chega hoje às lojas americanas, já foi revisado por muitos sites especializados e as notícias não são muito boas. Confira.

Foto inicial via Wired

Hardware

Há algumas unanimidades nos primeiros reviews sobre o PlayBook. Seu design é realmente de bom gosto, parece resistente, mas comete alguns deslizes, como o botão de travar a tela no topo centralizado, ou no meio do tablet, um lugar bem incomum de se colocar os dedos — você segura um tablet pelos cantos, oras. Mesmo assim, a construção não deixa a desejar e parece seguir os passos dos tablets atuais — grandes monolitos negros em homenagem à Kubrick.

Há a facilidade da porta HDMI, uma tela de 7 polegadas com resolução de 1024 por 600 pixels, um processador dual core de 1GHz e 1GB de memória RAM. Números e funcionalidades que impressionam. Até aqui, tudo muito bem. Mas…

Software

Imagem via Engadget

A segunda constatação clara é: o sistema está longe do ideal para enfrentar a concorrência. E aí mora o crime do PlayBook. Em tempos em que os sistemas operacionais começam a ganhar uma importância cada vez maior e a busca por intuitividade e praticidade aumenta, essa é uma zona que não merece deslizes — principalmente para um sistema desenhado nos últimos dois anos. Mas os escorregões aqui são muitos, como aponta a Wired:

Um grande erro do PlayBook é a ausência completa de um cliente de e-mail nativo e de aplicativos de contatos e calendários. Quer os três apps? Entre no seu Gmail pelo browser. Os usuários de smartphones com BlackBerry podem acessar o e-mail no PlayBook após instalar o app Bridge, da RIM, que conecta o celular com o tablet via Bluetooth, mas não pudemos testar essa habilidade. Se você não tem um celular da empresa, você será um azarado pelos próximos meses, quando a RIM promete uma atualização de software com cliente de e-mail.

As ausências também irritaram Joshua Topolsky, ex-editor-chefe do Engadget, que agora escreve no This is My Next:

Primeiro de tudo, parece absurdo demais para mim imaginar alguém da RIM pensando que seria uma boa jogada tirar a maioria das funcionalidades básicas do aparelho dos usuários de outros smartphones que não sejam um BlackBerry. A incapacidade de acessar meu e-mail por meio de um cliente nativo é insano demais para mim, e nos primeiros dias com o PlayBook sem e-mail, contatos ou calendário, a sensação era de um aparelho quase inútil.

Opa, como é? O PlayBook não vem com cliente de e-mail? E isso só será solucionado em uma atualização nos próximos meses? Que coisa mais estranha. Aliás, as atualizações frenéticas do tablet assustaram os jornalistas, como o pessoal do Engadget:

Escrever este review foi como tentar acertar algo em movimento, graças a série de atualizações de software disponibilizadas quase todos os dias. O PlayBook de hoje é bem melhor que o PlayBook de ontem, que já era muito melhor ao do dia anterior, desde que começamos a mexer com ele. Isso é encorajador e assustador ao mesmo tempo — encorajador pelo fato de a RIM estar trabalhando ativamente na melhoria do sistema, mas assustador pelo fato de coisas importantes como o controle de memória só serem adicionadas aos 45 do segundo tempo.

Apps

A RIM promete fisgar todos os desenvolvedores ao abrir espaço para um milhão de linguagens de desenvolvimento para o tablet — e há inclusive a promessa de adição do Android Market ao sistema. Mas hoje, o cenário de aplicativos não é nada interessante. Pelo menos é o que diz Joshua Topolsky:

Serei o mais direto possível: a maioria dos aplicativos que eu testei no PlayBook são simplesmente horríveis. É bem claro que boa parte dos 3400 disponíveis no lançamento são versões convertidas de apps em Flash e Air, e muitos não estão nada prontos para o público comum, e outros sequer foram desenhados com o uso de uma tela sensível ao toque em mente. (…) Não vou entrar em detalhes específicos sobre quais são os piores apps, mas acho que alguns merecem ser citados. Particularmente, o GeeReader, um cliente de Google Reader, é simplesmente impossível de utilizar e o jogo JetFighter, aparentemente baseado em Java, tem controles na tela mas não tem funcionalidade multitoque. Ou seja, não dá para se mover e atirar ao mesmo tempo…

Browser

Imagem via This is my Next

Aqui, um trunfo para o PlayBook. Segundo Walt Mossberg, do All Things D, o resultado com Flash deixa muito Android no chinelo:

O browser, apesar de demorar um pouco para carregar em algumas situações, é muito capaz, mesmo em sites desenhados para um computador comum, e também funciona muito bem com vídeos em Flash e sites em Flash, de forma que nunca tinha visto antes em um tablet — muito melhor do que em qualquer aparelho com Android que eu já tenha testado. Eu não achei um vídeo em Flash que o PlayBook não conseguisse abrir, e ele até conseguiu passear em sites inteiramente desenhados em Flash, coisa que outros aparelhos móveis não conseguem. O iPad, claro, não pode usar Flash.

Bateria

Aqui mora um possível trunfo do PlayBook, mas que divergiu bastante nos testes: enquanto Joshua Topolsky marcou quase 11 horas de duração com exibição de vídeos e tela com brilho em 65%, o Engadget anotou apenas 7 horas de duração, contra 8 horas da Wired e míseras 5 horas na conta de Walt Mossberg. A sensação, no fim das contas, é que cada um testou um protótipo diferente, com diferenças de software que podem ter aumentado ou diminuído a expectativa da bateria. Resta saber se a versão de Mossberg ou de Toolsky chegarão ao mercado.

Resumo da ópera

O PlayBook chega hoje às lojas dos EUA e tem previsão de chegar ao Brasil em junho. Mas por enquanto, caso você não seja um usuário de BlackBerry e queira consumir conteúdo e desfrutar de jogos em um tablet, esqueça a criação da RIM. Aguarde uns bons meses de atualizações e veja mesmo se vale a pena comprá-lo. Caso você seja um usuário de BlackBerry, ele pode ser sim uma boa opção: o Bridge elimina as principais ausências, garante a segurança e você poderá continuar no mundinho das mensagens gratuitas entre BBs e coisas do tipo. O problema é ir além do público cativo da empresa. O que o PlayBook oferece de diferente do iPad 2 ou dos novos tablets com Android? Por enquanto, não há argumentos. Mas amanhã, após mais uma sequência de atualizações de software, isso pode mudar.

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