Fujifilm adquire a Xerox, e dez mil funcionários devem perder o emprego
A Xerox, marca que dominou o mercado de impressão por décadas ao ponto de se tornar metonímia, perdeu sua independência e agora será administrada pela Fujifilm Holdings Corp, do Japão.
Segundo a Bloomberg, a Xerox e a Fujifilm fecharam um acordo de fusão que deixará a Fujifilm em controle dos US$ 18 bilhões combinados da empresa:
A Xerox, que tem um valor de mercado de US$ 8,3 bilhões, vai primeiro se fundir com uma joint venture que a empresa opera com a Fujifilm na Ásia, segundo um comunicado na quarta-feira (31). Os atuais acionistas da Xerox vão receber um dividendo em dinheiro de US$ 9,80 por ação. A Fujifilm, com sede em Tóquio, vai, por fim, acabar como dona de 50,1% da entidade combinada, que expande a joint venture para englobar todas as operações da Xerox.
O acordo marca o fim da independência de uma empresa norte-americana cujas raízes datam do começo do século 20. A Xerox se tornou famosa por seus equipamentos — suas copiadoras eram tão onipresentes que o nome Xerox virou metonímia — e também inventou uma interface gráfica e um mouse novos agora bastante familiares nos computadores modernos. Mas passou por tempos difíceis conforme a Canon Inc. e concorrentes asiáticos acabaram com seu domínio enquanto o email e outras formas de comunicação eletrônica assumiram o controle.
Segundo a Bloomberg, o resultado final é que a joint venture da Xerox e da Fujifilm na Ásia, que existe há 55 anos, vai continuar, mas cortará dez mil empregos devido a um ambiente de mercado “cada vez mais severo”, como descreveu a Fujifilm.
A empresa estaria buscando se distanciar do mercado de copiadoras e impressoras, fazendo a transição para outros que vão sobreviver a longo prazo, como serviços de impressão gerenciada e de imagens médicas (em exames). De acordo com a Bloomberg Intelligence, isso poderia, potencialmente, incluir coisas como “equipamentos de ultrassom e endoscopia”.
De acordo com o New York Times, a Xerox caiu em algo chamado de “armadilha da competência”. Mais especificamente, ela se tornou tão boa em fazer copiadoras e impressoras que, uma hora, faltaram esforços em outras áreas.
Nos anos 1970, ela foi pioneira em um então novo tipo de mouse e de computador gráfico controlado por interface de usuário chamado de Alto, mas as coisas deram errado quando executivos assumiram o projeto e tentaram vender modelos “Xerox Star” com preços superiores a US$ 16 mil. Nos anos 1980, como aponta o NYT, suas patentes de tecnologia de copiadora começaram a expirar, e novas marcas, como Canon e Ricoh, começaram a comer fatias do mercado, inspirando uma breve e infeliz empreitada no setor de serviços financeiros.
“A Xerox é o modelo para o monopólio em negócios de tecnologia que não conseguem fazer a transição para uma nova geração de tecnologia”, disse David B. Yoffie, da Escola de Administração de Harvard, em entrevista ao jornal.
“Estou confiante de que a capacidade da Fujifilm de conduzir mudanças, assim como sua experiência de reinvenção bem-sucedida, vai dar uma vantagem competitiva à nova Fuji Xerox”, disse o presidente da Fujifilm, Shigetaka Komori, ao NYT em um comunicado, embora sua empresa tenha revisado seus projetos de receitas e os avaliado em uma baixa de 30% em uma previsão. Mas nem tudo é notícia ruim: embora as ações da Fujifilm tenham caído em 8% no Japão na quarta-feira, como escreve a Bloomberg, o New York Times aponta que as da Xerox subiram 12% “na expectativa do acordo” durante o último mês.
Imagem do topo: AP