
Fungo da “Maldição de Tutancâmon” pode ser útil contra o câncer
Após a morte de arqueólogos pouco após abrirem a tumba de Tutancâmon na década de 1920, surgiram rumores sobre uma “Maldição de Tutancâmon”. No entanto, cinquenta anos depois, cientistas descobriram que as mortes podem ter ocorrido pelo fungo Aspergillus flavus.
Agora, uma pesquisa revelou que o fungo, capaz de causar infecções pulmonares, produz uma classe de moléculas que têm potencial para combater a leucemia. Então, apesar de não terem sido testados em organismos vivos, eles podem ser úteis como futuros medicamentos contra o câncer.
Segundo o estudo publicado na Nature Chemical Biology, bactérias e fungos têm duas maneiras de produzir peptídeos. São elas: por meio de estruturas celulares ribossomos ou sintetases peptídicas não ribossomais. Dentro da célula, o processamento posterior converte parte do primeiro tipo em peptídeos sintetizados ribossomalmente e modificados pós-traducionalmente (RiPPs).
Os pesquisadores investigaram milhares desses RiPPs produzidos por bactérias como remédios. Porém, eles identificaram apenas alguns produzidos por fungos.
Além da purifição desses produtos químicos ser difícil, a classificação incorreta de muitos deles atrasou seus estudos. No entanto, os RiPPs fúngicos encontrados apresentam efeitos excepcionalmente fortes em células animais.
Como o fungo A. flavus pode combater o câncer?
Estudando doze cepas do fungo da “Maldição de Tutancâmon”, pesquisadores decidiram que A. flavus era a candidata mais promissora. Eles encontraram uma proteína que parece ser a fonte dos RiPPs, e a purificação de quatro deles revelou uma estrutura de anéis interligados inédita.
Moléculas com esses anéis foram chamadas de asperigimicinas, e duas das quatro mataram células leucêmicas em tubos de ensaio. Até uma asperigimicina ineficaz isoladamente tornou-se tão potente quanto dois medicamentos antileucêmicos quando combinada com um lipídio de geleia real. Embora a eficácia em tubo de ensaio não garanta o sucesso em humanos, a equipe acredita que há mais asperigimicinas a serem descobertas.
“As células cancerosas se dividem descontroladamente”, disse Gao. “Esses compostos bloqueiam a formação de microtúbulos, que são essenciais para a divisão celular.”
Além disso, sequestrar o gene SLC46A3 permite às asperigimicinas e outros peptídeos cíclicos entrar nas células em quantidades letais. Mais de 20 peptídeos cíclicos já têm aprovação como tratamentos para diversas doenças. No entanto, ainda têm dificuldade para entrar nas células.
Por outro lado, as mesmas asperigimicinas se mostraram ineficazes contra três outros tipos de câncer. Contudo, como o câncer não é uma doença única, quase tudo o que promete matá-lo em todas as suas formas é falso ou pode destruir células saudáveis. P
or fim, antes dos ensaios clínicos, ainda é preciso testar as asperigimicinas em animais.